Era sábado. Eu estava muito cansada depois de uma semana sem conseguir dormir bem. Naquele dia, eu acordei com uma dor de cabeça chata, estava com uma azia que não passava, dores lombares e no púbis, sempre que me levantava. A minha única vontade era deitar na penumbra e só acordar no ano seguinte.
Mas ela estava elétrica, como sempre, acordou cheia de disposição para brincar e me queria ao lado dela e com ela a todo momento. Consequência de uma semana corrida e cheia de indisposições de minha parte. Para chamar minha atenção fazia tudo o que eu sempre peço para não fazer, fazia coisas que normalmente não me irritam, mas que naquele dia estavam me tirando do sério...pulou em mim, pulou na barriga, subiu nas minhas costas, puxou meus cabelos, agarrou minhas bochechas, mordeu-as. Derrubou suco no chão, cuspiu cascas de uva no sofá, molhou-se toda com água do regador de plantas. E a cada troca de fraldas, o caos!
Claro que entre uma coisa e outra houve momentos de brincadeiras, DVD...
Lá pelas tantas, durante uma troca de fraldas, eu surtei! Gritei, dedo em riste, ela gritou de volta e me apontou o dedo, eu gritei mais, falei que estava triste, que estava cansada, que ela parasse com aquilo, ela gritou de volta repetindo as minhas palavras. Numa fração de segundos eu pensei em bater na mão dela e no tempo que durou esse pensamento ela lavantou a mão para mim e me bateu.
O que dizer? O que fazer? Tantas cenas me passaram pela cabeça, tanta fúria, tanto desespero desembocaram na certeza de que eu não poderia seguir com aquilo. Então eu chorei, a peguei no colo, ela ainda gritando, esperneando, tentando me bater. Eu a beijei, pedi desculpas pelos meus gritos e ficamos as duas, ela quietinha aconchegada no meu colo, eu chorando a minha incapacidade de lidar com aquela situação. E a minha fraqueza.
Ainda hoje eu choro quando me lembro daquele dia. Porque é muito difícil romper com comportamentos enraizados na nossa memória, é muito difícil se manter calma e paciente a todo instante, é muito difícil escolher enxergar a sua filha de 2 anos como alguém que é exatamente como você, cheia de bons e maus momentos, com suas necessidades, sua incapacidade de expressar sentimentos, sua carência, enfim, escolher olhá-la como alguém complexo e não um bichinho (apesar de eu carionhosamente a chamar assim) que precisa de adestramento.
É difícil romper com a idéia de educar com o tapa na bunda, o beliscão, o castigo, e passar a ensinar com base no diálogo, no exemplo. É uma luta constante contra você mesma, que carrega a força do que viveu na infância e até mesmo contra as pessoas a seu redor, que pensam que você não está educando, não está dando limites.
Eu continuo firme, tenho meus maus momentos, que me envergonham sempre, mas eu retomo de onde parei, reforço em mim mesma as minhas convicções e conto com pessoas que pensam como eu e que, felizmente, escrevem sobre o assunto.
E sempre que eu caio, me levanto. E sempre que erro, eu peço deculpas.
entendo perfeitamente este sentimento, COMO É DIFÍCIL !!!
ResponderExcluirfacil não é, mas vamos conseguir !!!
BEIJOS E BOM FINAL DE SEMANA !!
Quanto mais leio seus posts mais te admiro! Sei bem o quanto não é fácil manter a calma com os pequenos, ainda mais estando grávida do segundinho! Beijinhos, com carinho!
ResponderExcluirMinha linda sei como é complicado, tenho 3, então são 3 personalidades em conflito, a gente tem de educar sim , e por limites tb, mais descobri nessa minha jornada de quase 6 anos que o exemplo é o senhor da educação, quem dá exemplo educa e ensina , melhor do que aquele que só fala, então se bater eles vão bater tb, não dá né, eu tenho uma paciência de Jó, meu marido diz que é sangue de barata, não digo que nunca surtei e sai gritando pela casa e ameaçando um castigo, nem que nunca dei um castigo, mais temos de procurar fazer o melhor né, um beijo e bom fim de semana.
ResponderExcluirNine querida,
ResponderExcluirvamos falar primeiro do teu post...
nossa, a gente cansa, e como, e o bom da vida é que quando erramos, nos damos conta e temos humildade em pedir desculpas!Não é fácil, mas somos as melhores mães que podemos ser.
Ah, e o meu post de hoje não é especial para ninguém, muito menos para a Mari. Acho também que muitas empresas tratam a blogueira mal, e posso garantir que se faço parceria, ela está dentro dos meus valores e está sendo bom para mim, uma vez que não trabalho fora e meu marido é biólogo. Foi escolha que fiz de educar o Antônio em casa no início, e tem sido uma mão na roda.
Falei num geral, de gente que não sabe da missa a metade, e quer falar...e claro que entendo que tem gente que não curte sorteio...eu amo, já ganhei uns 8, inclusive dvd da palavra cantada e amei...
Beijos e ótimo final de semana!
Angi
Nine querida, que post lindo, tão sincero, tão verdadeiro...e somos humanas, vamos e voltamos porque não somos perfeitas e são momentos como esse, em que explodir, seja de que forma for, é necessário, que nos faz repensar tantas outras escolhas que nos rondam. O que quero dizer que às vezes é preciso acontecer certas coisas pra que a gente possa entrar no eixo.
ResponderExcluirFique bem!!! Isso é maternar!!
Bjos e bom final de semana!
Pra mim, o mais dificil é se conter e não fazer como meus pais faziam (não tinha castigo, era chinelo ou cinto).
ResponderExcluirÉ dificil parar e respirar nessa hora, ô se é. E já me peguei chorando com a Gabi no colo, enquanto ela me fazia carinho.
Aqui em casa tem a cadeirinha do pensamento e o castigo de ficar sem alguma coisa que gosta. Tudo muito explicado, mesmo que tenha que repetir 50 vezes, hehehe
Força aí com essa menina esperta!!
Nine, um dia eu preciso escrever sobre isso. Aliás, tenho tanto para escrever, que daria um livro.
ResponderExcluirMas o mais importante é que finalmente consegui mudar. Estou muito mais equilibrada e meu espelhinho, o Arthur, também. Eu estou tão melhor nos últimos meses, que é muito difícil colocar em palavras.
Como? Terapia, força de vontade e encarar de frente minha sombra. É minha transformação começou com a Laura Gutman.
Talvez meu comentário pareça não trazer contribuição alguma, mas acho que saber que acontece e que dá para mudar, não apenas segurando a própria mão, o próprio grito, mas sim com eles deixando de surgirem como opção.
Beijos!
Nine, como te entendo! Hoje eu estava justamente pensando sobre isso. Clara está tão difícil esses dias, pra tudo chora, dá birra. E eu, que ando lendo um livro sobre o assunto, tenho feito tudo errado, ao contrário do que acabei de ler. É como vc disse, são nossas raízes, é tão difícil mudar!
ResponderExcluirBeijos e um bom final de semana.
Não é fácil, mas quem disse que seria?! Educar as vezes é doloroso, não é mar de rosas, nós mães reais, sabemos disso, como vc mostra no post. Muita calma e siga em frente!
ResponderExcluirBjkas!
Oi Nine,
ResponderExcluirAdorei seu post! Vc disse tudo. Na verdade, nós também estamos sendo educados por eles. Estamos aprendendo mil coisas, tais como controlar nossos sentimentos e emoções, controle etc. Como toda relação, é uma troca constante!
Um excelente sábado para vc!
Beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
o dia perfeito para eu ler isso :( infelizmente :( pode chorá? ah, eu já chorei...
ResponderExcluirEntendo seus sentimentos muito bem aqui neste post...por vezes e dificil mesmo, mas eles tanbem nao tem muita forma de se expressar nem falar o que querem com dois aninhos ne...
ResponderExcluirBeijinho
Passe em meu blog e nao deixe de comentar, se gostar torne-se minha seguidora...
Futura mama *.*
Nine,
ResponderExcluirTenho muito medo disso, de não dar conta de segurar a menina que cresceu levando tapa em troca de mal comportamento.
Minha força de vontade é grande, pois eu sei bem o quão desesperador é apanhar de alguém contra quem tu não podes nada! Apanhar de alguém que devia te proteger!
É um assunto que mexe comigo! Espero de coração conseguir vencer a ancestral e passar pra próxima geração uma educação sem violência!
Beijos, parabéns pelo post e pela vitória!
hj eu errei, abracei ele e pedi perdao, expliquei que nunca fui mae antes, que estou aprendendo com ele, mas as vezes erro, ele me abraçou de volta e fez carinho, era como se dissesse, tbm nunca fui filho antes mamae, também estou aprendendo contigo.
ResponderExcluirforte abraço nine!
Nem sempre é fácil né!
ResponderExcluirEstamos cansadas, as vezes nos que precisamos de colo!
Parabéns por ter mantido a calma!
Beijos
inverti a ordem e agora entendi todo o contexto... é muito difícil mesmo! vc não está sozinha de jeito nenhum. parabéns pelo controle e pela ruptura de padrão, é o mais importante na educação.
ResponderExcluirbeijoca
Nine, estou mesmo escrevendo um post sobre isso, devido ao tal livro que foi lançado defendendo o tapa na bunda como medida educativa. Amei o teu texto. Fiquei emocionada com a tua capacidade de abraçar a tua filha, pedir desculpas, não revidar o tapa. Eu peço todo dia para ter sempre muita paciência com meu pequeno Benjamin, pra não reproduzir com ele o modus operandi por meio do qual fui "educada": tapas, surras, puxões de orelha... Não é isso que quero para meu filhote. Obrigada por compartilhar isso aqui!
ResponderExcluirMuitos beijos em ti, na filhota e na barriga,
Aline