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terça-feira, 30 de julho de 2013

Frases com endereço certo. Ou não.

E aí chegamos, mais uma vez, àquela palavrinha bonita, que esconde por trás de si um conceito mais bonito ainda: respeito. A base de tudo. Respeite as escolhas do outro e não rotule. Ele está vivendo a vida dele, e não a sua.

Achei que seria próprio falar sobre o “bullying” na seqüência do meu artigo sobre o tato que se iniciou com: “O tato é o sentido que marca, no corpo, a divisa entre os deuses Eros, do amor, e Tânatos, da morte. É por meio do tato que o amor se realiza. É no lugar do tato que a tortura acontece”. O “bullying” é a forma escolar da tortura.

(Ouso acrescentar que o bullying não é praticado apenas na escola, mas neste ambiente traz consequências mais graves, pois afeta crianças e adolescentes, que são mais frágeis para lidar com as hostilidades da vida. No trabalho o bullying ganha o nome de assédio moral...)


- Como o obstetra pode ajudar a mulher no processo de empoderamento para o parto?

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Adonai

Nos dias de hoje, em que eu me questiono sobre o meu papel no mundo, sobre aquilo que eu quero querer, sobre o que vai me fazer alguém mais completo, mais potente, mais em harmonia com o ambiente onde vivo, com aqueles que me cercam, eu chorei com Adonai, um pequeno agricultor.

Ele reinventa o mundo a sua maneira. Tudo o que lhe apresentam como uma VERDADE, Adonai QUESTIONA.

Porque as maiores atrocidades da humanidade foram praticadas por pessoas certinhas, caxias, que SEGUIAM REGRAS, OBEDECIAM ORDENS.

O documentário abaixo é sobre agricultura, mas questionar regras e reinventar o mundo questionando verdades absolutas serve para todas as áreas da vida.

Caxias para mim é ofensa. Eu não quero ser certinha. Eu quero querer ser Adonai.




segunda-feira, 22 de julho de 2013

Da morte e das batatinhas

Dia desses a primogênita me surpreende. Eu já sabia da sua paixão por batatinhas fritas e crocantes. Em casa nunca pede, porque sabe que não faço, mas é sairmos para ir a um restaurante que ela já pede as batatinhas. Fritas. Crocantes. Se tiver um molhinho de maionese, ela pira. Na batatinha.

Pois bem, mesmo sabendo da sua paixão pelo tubérculo embebido em óleo mega oxidado, nunca pensei que ela fosse desejar em seu momento póstumo tais iguarias. Os filhos nos fazem rir, bem mais do que nos fazem chorar. Ainda bem!

- Quando eu morrer, compre batatinha! Quando eu morrer, compre batatinha! Quando eu morrer, compre batatinha!

Ficou repetindo isso por uns cinco minutos. Parecia uma canção, mas não reconheci. Eu já intrigada, repensando tudo que ela havia visto e ouvido nos últimos dias (como se isso fosse possível), não encontrei nada que relacionasse com aquilo. 

- Filha, que é isso que você está dizendo?

E ela repete a mesma frase, assim com carinha de sapeca que ela tem. Eu continuei sem entender e perguntei mais. Por fim ela me disse que se tratava de uma música do "Toquinho de adulto, mamãe! Aquela: quando eu morrer, compre batatinha!"

Eu? Reconheci na hora a música do Toquinho de adulto que nós volta e meia escutamos em casa, naquela ideia de apresentar minhas músicas a ela. E MORRI mesmo foi de tanto rir. Sem batatinhas.

Com vocês, a música (ela aparece com mais ou menos 1 minuto e 40 segundos):


"Quando eu morrer, ME ENTERREM NA LAPINHA"

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Eu vejo flores em você


Uma das imagens mais lindas na minha cabeça é a de um pessegueiro passando pelas quatro estações. Depois do inverno, quando os galhos ficam secos e esbranquiçados, surgem as primeiras flores, tão delicadas, tão inapropriadas naqueles galhos estéreis que é como se elas não devessem estar ali. Mas elas estão. 

Cada um age conforme suas vontades, mais ou menos controladas pelas vontades do outro.

Quando me casei, o primeiro ano, ainda muito antes de assinar a papelada, foi incrivelmente difícil. As discussões eram quase diárias. Os mal entendidos eram comuns. Os namorados de outrora agoram tinham que aprender a ser marido e mulher, companheiros no mais alto grau de intimidade. A parte que não aparece nas comédias românticas. E aparece esculachado nas comédias de costumes, que eu adoro.

Quase pensamos em desistir. Não daria certo! Nem um ano morando juntos e já estávamos nos desentendendo feio. Mas o amor estava ali. Muitas conversas, regras, ideias...fomos nos entendendo, respeitando, nos apagando um pouco como indivíduos para florescer o casal.

Quando me tornei mãe, foi muito mais difícil, porque, ainda que como esposa eu já houvesse mudado um pouco, revisto algumas coisas, exigido e cedido, como mãe a alteração na maneira de viver, conviver e até pensar seria ainda maior. E foi. Mas poderia não ter sido.

Quando falamos sobre maneiras de maternar é discussão na certa. Gosto da teoria da maternidade ativa e consciente, da criação com apego. Meu coração me diz que é o melhor para meus filhos. Melhor para mim? Nem sempre. Melhor para meu marido ou para nossa relação conjugal? Não, nem sempre. E é aí, nesse nem sempre, que pode virar quase nunca, que mora a fatídica escolha com consciência. É onde mora o sacrifício.

Convenhamos: ser mãe e pai é difícil. Na boa, é a coisa mais difícil que eu já fiz na vida. E a recompensa não é imediata, a espera pelo resultado é longa. Nem sempre virá como esperamos.

Quando minha filha era bebezica (e isso na minha mente foi ontem :)) ela sempre esteve no topo da minha lista. Ela estava acima de tudo, de todos. Entre ela e qualquer outra coisa, pessoa, situação, era ela com certeza. É óbvio que ela precisava de mim. Ainda precisa, não tenho dúvidas.

Então eu parei com tudo e estabeleci regras. Trabalharia minhas 8 horas diárias, viria em casa para almoçar na metade do dia, ainda que isso significasse não raras vezes engolir rapidamente a comida fria depois de brincar com ela a maior parte do tempo. Depois do trabalho e aos finais de semana, sair só com ela. Babá era usada somente quando eu estava trabalhando.

Marido reclamou algumas vezes, é verdade. Por que não deixar com a babá uma noite por semana? Não, eu respondia, ainda não. Ainda não é hora. Um passeio em que ela não poderia ir, não íamos. Um evento estressante demais para ela, não íamos.

Agora, é forçoso dizer que era assim, esse grude todo, porque vivemos longe da família. Com certeza seria mais tranquilo se vivêssemos perto dos tios e avós. Ela conviveria com eles e deixá-la na casa da avó algumas horas na semana, não seria má ideia. Seria muito bom para mim e meu marido. Mas não dava. Com avó, tia, sim. Com babá, não. Minha casa, minha regra.

Enfim, o tempo passou e quando as coisas começaram a dar uma acalmada encomendamos o Pedro. Tudo novo novamente. Todas aquelas situações de mega doação vividas novamente. E eu e marido sabíamos que com o segundo filho seriam pelo menos mais 2 anos dessa dedicação exclusivérrima a ele e à irmã. Foi uma decisão bem pensada com a vantagem de que na segunda vez sabíamos onde estávamos nos metendo (ao contrário da primeira vez). 

E agora eu não tenho mais só a Ísis no topo da minha lista. Eu tenho Ísis e Pedro. O casal continua firme e forte, e porque há muito amor e companheirismo sabemos que estamos no caminho certo para nossa família. Ainda que haja dias em que nós dois desejamos que os filhotes durmam mega cedo, ainda que haja dias em que pensamos como seria bom despachá-los por uma semana para a casa dos avós, ainda que haja dias em que nos peguemos imaginando nossa vida sem os filhos. É normal, é natural. São momentos de fuga que vem associados ao cansaço da rotina automática do dia a dia. Mas são só isso: momentos de fuga. Porque a nossa vida mesmo, aquela que queremos viver todos os dias, aquela que nos faz acordar empolgados mesmo num dia de chuva, é a vida a quatro vidas. É a vida com filhos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

U-A-U: a história das coisas

Um dia desses eu estava reparando nas etiquetas das roupas que eu uso para trabalhar. Veja bem, eu não reparo em etiquetas, nunca reparei, e isso até pouco tempo atrás foi considerado por mim como algo bom, algo que me fazia não ligar para marcas, algo que me fazia consumir as coisas com maior liberdade e pagando aquilo que eu podia ou queria pagar, com qualidade ou não.

Só que olhando pela primeira vem para as etiquetas das minhas roupas de trabalho - sim, eu tenho roupas de trabalho, roupas de lazer, roupas de ficar em casa e roupas de ginástica, sendo que essas últimas não saem da gaveta desde que me mudei para Blumenau - pois bem, olhando as etiquetas eu percebi que as calças, casacos e camisas estilo alfaiataria foram quase todas produzidas na China! E não, eu não paguei mais barato por elas. Daí bateu a louca da etiqueta em mim e eu fui verificar todas as minhas roupas. Poucas são de produção local - não que isso signifique uma grande coisa, apenas usaria mão de obra local e haveria menos dispêndio de energia no transporte e distribuição das peças -, a maioria das que eu uso no dia a dia, seja para trabalhar, seja para dar aquela passeada no final de semana, são de produção made in Taiwan, made in China e tals.

Aí fui nos brinquedos das crianças: piorou. Salvo alguns de produção reciclada (valeu Mammy!) e outros de madeira e pano, a grande maioria dos brinquedos dos meus filhos - carrinhos, bonecas, jogos, bichos de pano e de borracha, bola, etc - são produzidos fora do Brasil. Onde? Made in Taiwan, made in China, made in onde Judas perdeu as botas. E vejam, não estou falando somente daqueles brinquedinhos mega descartáveis não, muitos são bons e custaram uma fortuna (não paga por mim ou marido que não somos desses, mas principalmente pelos amigos, avós, tios...) e outros são bem bicheirinhos e custaram igualmente caro só porque aparecem em comerciais de televisão. Os baratos são descartáveis mesmo. Nenhum sobrevive por mais de um dia.

As roupas das crianças, felizmente (ou não) são de fabricação nacional e eu que sempre busco preços nada exorbitantes já me vi fula da vida por comprar em feiras ou garagens das lojas e as roupas rasgarem ou descosturarem na primeira usada...fico muito brava com isso. Não que apenas as roupas compradas assim sofram desse mal, pois quando morava em SVP era sabido que as roupas vendidas nas lojas do Chuí eram de linhas inferiores ao padrão das marcas, só assim para eles venderem a um preço um pouco mais barato aos turistas desavisados que passavam por lá, ou a nós, moradores sem opção nas redondezas. Ficava muito brava mesmo e cansei de pegar roupas com costura torta, tamanhos desproporcionais e - pasmem! - um par de tênis com os velcros invertidos (e a vendedora jurava que era assim com a famosa frase ah, agora eles estão vindo assim mesmo!). Eu já pensei que, bem, as crianças usam tão pouco tempo as roupas, não vou pagar caro por uma peça que elas vão usar 3 meses (Pedro) ou 1 ano (Ísis). Só que no preço mais barato das roupas existem custos não contabilizados e que, obviamente, não são pagos por mim, mas por todos os que participaram ativamente, ou não, da cadeia de produção. E quando mais baixo na cadeia, mais caro essa pessoa pagou para que eu consumisse uma peça de roupa que eu, tolinha, achei que fosse uma "achado" no estilo bom e barato. Não. Não existe isso. E, obviamente, caro não significa igualmente ser bom. 

Já faz tempo eu me questiono sobre o meu consumo e da minha família e, aos poucos, vou tentando mudar o padrão aqui de casa. Os alimentos são a bola da vez, mas depois dessa olhada nas etiquetas teremos que rever outros tipos de compra. Depois do vídeo que eu assisti esta semana, ó céus, não dá para fingir que não sei. Porque, né, quando a gente está com preguiça de mudar alguma coisa a gente dá mil desculpas, até aquela esfarrapada de que não sei de nada. Ou a pior, aquela que culpa a vida corrida,  vida moderna - a vida do consumo. Certo, eu posso não saber tudo, mas, poxa, eu sei o suficiente para provocar uma alteração de comportamento. Ou não sei?

Na Eco 92 eu tinha 13 anos! Mal sabia do que se tratava. De lá para cá pouca coisa mudou e muitas outras pioraram. A vantagem é que hoje não podemos alegar desinformação para nada! Não podemos mais culpabilizar os outros, temos noção da nossa parcela de interferênca na vida dos outros desde que aprendemos aquela da diferença que fazemos na vidinha da estrela do mar que tiramos da areia e lançamos de volta às águas.

Só que ver tudo assim, junto, concatenado, desenhado e legendado, putz, dá vontade de chorar. Como eu quero companhia, vou deixar o link do vídeo aqui. São poucos minutos que valem muito a pena!








quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um dia eles crescem

Faz algum tempo que eu venho analisando o comportamento da minha mais velha e me identificando - muito! - com sua maneira de falar, de andar, de se comportar, de desafiar, de reagir. E isso tem sido um exercício de auto conhecimento sem precedentes.

Quando eu era pequena, criança ainda, lembro de ouvir muito que eu era teimosa feito uma mula. Empacada. Também lembro de me dizerem que meu humor mudava muito rápido, estava feliz agora, triste 2 segundos depois, brava 3 segundos depois, feliz novamente. Era verdade, era assim mesmo. Também me lembro de ser tachada de pessoa não muito polida na hora de falar. Recebi muitas críticas na infância, na adolescência e na vida adulta. Isso também é bem verdadeiro. Só o tempo trouxe um pouco de polidez a minha maneira de me comunicar. Mas pouca, bem pouca.

E hoje eu revisito todas essas características na minha mais velha. E luto diariamente para ajudá-la na polidez sem violentá-la. Sem ofensas. É difícil. Na teimosia, confesso que quando tentei de tudo e nada a demove de algo inapropriado para o momento, eu uso de minha autoridade maternal, ao que ela sai brava e bicuda e resmungando. Aos 4 anos de idade. Fico pensando quando tiver 15...

A mudança de humor e a necessidade de mostrar quem é que manda na própria vida são características latentes. Minha e dela. E ao mesmo tempo em que acho um barato uma pessoinha se achar auto suficiente aos 4 anos, como eu mesma me achava desde sempre, a convivência com alguém assim é bem cansativa. E é mais cansativa quando se está cansada.

Certa vez a Ana Thomaz disse que a gente cresce no antagonismo. E é verdade. Eu cresço muito enquanto pessoa lidando no dia a dia com a minha filha. Ela me desafia. Literalmente. É como se estivesse o tempo todo tentando provar a mim e ao mundo que ela pode, ela faz, ela sabe. E eu compreendo, porque também fui e sou assim.

Pensando nisso tudo e lendo mais um bocado eu cheguei à conclusão de que esses comportamentos mais difíceis hoje serão características importantes da personalidade dela na vida adulta. Cabe a mim e ao pai não podá-la para que se adeque ao socialmente aceito, mas sim orientá-la nos desvios e exageros típicos da idade. 

O bom de tudo é que, com os outros, ela aplica (quase) tudo que aprende em casa. É lindo vê-la se relacionando e saber que ela realmente repete comportamentos, frases, orientações. Por vezes cheguei a reclamar com o marido do tanto que ela nos exigia em casa, e com outras pessoas ela fazia e falava tudo "certinho". Por quê?

O tempo só me permite concluir que em casa é onde ela se sente segura para arriscar, para testar e para ser livre. Entendi ainda mais o meu papel de mãe e a importância da orientação sem violência. Um dia ela crescerá e se hoje sua teimosia me cansa, amanhã morrerei de orgulho da filha que toma decisões e segue em frente em busca do que quer. Hoje teimosia, amanhã persistência.




segunda-feira, 8 de julho de 2013

Amamentação em tempos de mamadeira

Esse não é um texto para falar mal da mamadeira e bem da amamentação. É um texto para falar de causas e consequências, de escolhas e resultados.

Não é segredo para muitos que com a Ísis eu tomei o caminho mais fácil quando deixei de amamentá-la exclusivamente. Preferi introduzir a mamadeira 1 vez ao dia, com LA, a ordenhar meu leite e oferecê-lo numa mamadeira ou copinho. Naquela época eu achava que um bebê de seis meses dava muito trabalho e eu me sentia exaurida. Não me sentia com forças para ter mais esta atividade obrigatória no meu dia a dia. Ainda mais às vésperas de retornar ao trabalho. O resultado? Três meses depois ela perdeu o interesse pelo peito e eu atribuí, inocentemente, essa perda de interesse a um desmame natural e gradual, sem traumas. Fiquei bem feliz, apesar da nostalgia que deu origem a esse blog em seu primeiro texto! Tolinha...

Pouco tempo depois de adotarmos o LA como única fonte de leite na vidinha dela, as crises alérgicas que culminaram em bronquite asmática - problema com o qual lutamos/convivemos ainda hoje - iniciaram e eu tive que sair da minha zona de conforto e admitir para mim mesma que havia feito uma escolha equivocada, não por desconhecimento, pois eu sabia que isso poderia acontecer, mas por conveniência (minha) e oportunidade (a ida dela para a creche).

Não é segredo tampouco que eu me arrependi dessa escolha, não porque eu tivesse sonhos com amamentação prolongada e tals, mas porque eu sabia que aquela minha escolha infuenciara a qualidade de vida da minha filha a partir de então. Já era de meu conhecimento que o leite da vaca não foi feito para os humanos - foi feito para o bezerro, olha que legal! -, mas por convenção, costume e preguiça eu preferi deixar para lá. E arrisquei a saúde dela.

Eu sei que ela não é alérgica só por causa do leite de vaca. Há muito mais em crises de alergia do que a mera alimentação, mas eu sei que o leite de vaca é fator que facilita muitíssimo a reação alérgica (porque ele é mais que alergênico) e a formação de muco, que por sua vez pode levar a um processo infeccioso. Que ela teve e tem até hoje.

Fato é que ela toma o tétinho dela 2 vezes ao dia, 400ml diários de nada, ou melhor, de alergia e carinho. Porque para ela o tétinho é um carinho, meu para ela. E eu não consigo retirar isso dela, mesmo sabendo o mal que faz. Como pode?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Defeitos e qualidades: uma questão de ponto de vista

A professora não se cansa de elogiar a capacidade de comunicação dela. Enaltece sua fala, sua participação, sua iniciativa, sua liderança, sua afetuosidade, sua curiosidade. Afirma que ela se relaciona com todos os colegas, de acordo com sua vontade.

Enquanto a professora falava eu sorria por fora, mas por dentro uma preocupação começou a aparecer. Será apenas uma questão de tempo para que essas hoje qualidades sejam consideradas defeitos?

Se ela hoje é comunicativa amanhã será conversadeira
Se ela hoje é participativa amanhã será arroz de festa
Se ela hoje possui iniciativa amanhã será metida
Se ela hoje é curiosa amanhã será perturbadora da ordem em sala de aula
Se ela hoje se relaciona bem com todos os colegas e realiza as atividades de acordo com sua vontade e aptidão, amanhã será adestrada a permanecer sentada, calada, reprimida porque sua curiosidade não faz parte daquela grade de horário.

Não é de hoje que o tema educação é objeto de minhas leituras, mas quanto mais o tempo passa, mais o ensino tradicional vai perdendo espaço em mim, mais vontade de mudar me dá, mais eu vejo que este sistema de educação não me representa.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Feminismo de cada dia

Quando eu ainda não estudava o feminismo eu era capaz de identificar atitudes machistas daquelas bem esculachadas mesmo, que quase soavam como piada, tamanho absurdo do dito ou feito perto de mim. Mas um dia, eu mulher, esposa e mãe fui sendo levada a estudar feminismo e agora F-E-R-R-O-U! 

Só que tem um machismo brutal, totalmente internalizado por anos e anos de formatação no sistema patriarcal em que vivemos, anos e anos de religiões vomitando verdades absurdas sobre nós mulheres e homens, anos e anos de artigos de revistas ditas femininas - ou masculinas - que chegam a ser uma piada de mal gosto, tamanha a quantidade de besteira estereotipante e desempoderante que é vendida mês a mês a um número bem significativo de pessoas.

Quando eu cheguei no meu atual nível de entendimento sobre feminismo, e ele é bem baixo, fica cada vez mais difícil ver um filme, ler um livro que não seja de época, entrar numa roda de conversa. Fica claro que estamos longe, mega longe da igualdade, mega longe do respeito às diferenças, mega longe do mundo solidário que, talvez, imaginamos um dia construir na juventude.

Confesso que estar dentro da forma era bem mais confortável. Era só seguir a manada, não pular fora da linha, não esbarrar no outro e diante de algo diferente daquilo que estava formatado para o meio onde eu estivesse vivendo era só me indignar - afinal, alguém que resolve voltar, ou sair para o lado causa uma grande comoção nos que ficaram - despejar minhas verdades e, claro, terminar com a frase enterra defunto "...eu sou muito certinha...". E se eu sou a certinha, quem é @ erradinh@? 

  Ainda bem que estou saindo da forma, valeu Ana Thomaz!






quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mamãe Goonie, Filha Fada Madrinha

Eu me lembro perfeitamente do dia em que minha madrinha me levou para assistir ao filme Goonies no cinema. Amei, gamei e tive uma quedinha pelo menino asmático do filme (mal sabia eu que anos mais tarde teria uma filha que usaria bombinha diariamente).

Fui apresentada à Cyndi Lauper e seus penteados no disco de vinil que minha mãe tinha da trilha sonora deste filme. Passava horas olhando a capa de papelão com os "goonies" enfileirados e pendurados enquanto cantava e dançava pela sala. Infância nos anos 80... 

Hoje, enquanto lavava a louça, a Ísis brincava comigo que era minha fada madrinha e que iria transformar o meu pijama em um lindo vestido de baile. Dizia isso e gesticulava sua micro vassoura como se fosse uma varinha de condão. Cantarolava a música tema da tal fada madrinha de Cinderela (pluft plaft pluft plaft zum) enquanto fingia que uma almofada em forma de flor na cintura era seu tutu de balé.

Entrando no clima da brincadeira eu avisei à fada madrinha que estaria pronta para o baile após terminar de lavar a louça - afinal, Cinderela que se preze tem que terminar os afazeres antes do baile. Vestido plasmado pela minha fada madrinha mirim, hora de pensar no baile. 

Faz tempo eu comprei um CD de coletâneas da Cyndi Lauper e nunca havia ouvido. Mantendo o projeto de mostrar minhas músicas a ela, vi que era hora de apresentá-la para aquela moça de cabelo espetado. Mas ela queria ouvir um CD seu. Concordamos que ela ouviria o meu primeiro, se não gostasse, colocaríamos o dela.

Música na vitrola e o baile da Cinderela correndo solto. Ouvir e dançar com minha filha na sala, com a mesma desenvoltura sem vergonha e desengonçada da infância enquanto cantava no meu inglês de araque o "girls just a wanna have fun", "she bop", "sisters of avalon", "the goonies" e as lentas (para mamãe recuperar o fôlego) "time after time" e "true colors". Cantamos e dançamos todas as músicas e ela nem lembrou de pedir o seu CD depois.

O que me fez acionar uma das lembranças que guardo com carinho na memória: uma noite em que eu e minha mãe cantamos e dançamos o meu disco de vinil do Balão Mágico no chão da sala.

Dançar, dançar, pular, pular, cantar, cantar. Sorrir. Sorrir novamente.

E esse vídeos...meninos e meninas...


E vocês, tudo certinho?
:)
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