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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Fechado para balanço!


Praia de Carneiros-PE

Eu lembro daquelas frases nas portas das vendas, padarias, açougues de antigamente: fechado para balanço. O ano ia chegando ao fim e logo seria necessário fechar tudo, reavaliar, descansar.

Por aqui, ainda estamos de férias. Essas foram as maiores férias que tiramos desde que terminei o colégio! Passaremos as próximas semanas com a família e o blog vai ficar fechado até que 2014 seja parte do dia a dia.

Eu gostaria de agradecer imensamente a todos os visitantes.

Meu coração será sempre grato. A Ana Thomaz diz que é no antagonismo que crescemos. Eu sei que isso é verdade e este ano eu vivi isso na pele. Mas ela também diz que é no semelhante que buscamos forças para o nosso crescimento. Eu precisei muito de semelhantes este ano.

Por isso, por tudo de bom que vocês me trazem com suas visitas e, principalmente, com seus comentários e emails, recebam meu abraço carinhoso, recebam as flores que eu gostaria de ofertar a cada um de vocês.

E, com todo o amor que essas palavras podem carregar através de bites e bytes, meu carinho eterno a você Martha, que compartilhou sonhos de um futuro melhor e as desavenças do horário comercial; a você Natalie, que escreve tudo o que eu penso! Quase me sinto vc! Betty Melo, minha querida, obrigada por todo o carinho, pelos presentes para as crianças e por mais um convite para o curso de histórias sapecas...será que um dia eu consigo terminar? Dani Garbelini, minha amiga virtual que virou real neste ano! Coisa boa contar sempre com seus pensamentos! Anne Rami e Ana Thomaz, minhas musas! Eu me sinto muito mais a vontade comigo mesma desde que conheci vcs! Dani Rabelo, obrigada pelos emails, pelos comentários, pelo compartilhamento de vida! Mauricio Curi, obrigada pelo maravilhoso "Diálogos" e a série sobre educação livre! Feminista Cansada e Blogueiras Negras, obrigada por me fazer entender sentimentos e por traduzirem meus pensamentos e me auxiliarem a compreender o diferente.

A gente se vê em 2014! E que esse ano nos traga muito mais do que a Copa do Mundo de Futebol!



Extremo oriental das Américas e eu ganho uma frase para terminar o ano



terça-feira, 10 de dezembro de 2013

2013: o ano em que eu parei!

Havia rumores de que o mundo acabaria em 2012, mas ele não acabou. E como a Terra continuou girando feito bola lá no céu, eu escrevi um texto de resoluções, sabem?

O interessante em textos e listas de resoluções é que a gente pode visitar as ideias que teve um dia, quando o hoje era ainda o futuro inesperado. E quantas surpresas os desejos revelados podem nos trazer!

Em 27 de dezembro de 2012 eu estava em clima de encerramento de ano com muita esperança pelo 2013 que já se anunciava. Muitas vontades! A maioria eu consegui realizar, vejam só que coisa boa! Outras ainda estão em processo, mas já estão seguindo o rumo certo, o caminho estreito dos sonhos que se tornam realidade! Querem ver?

No final de 2012 eu queria me REENCONTRAR! Quando escrevi isso não sabia bem o que significava. Era um desejo forte, difícil de traduzir em palavras. E em 2013 eu me reencontrei! Creio que somente o período puerperal das minhas duas gravidezes foi tão intenso no encontro comigo mesma, com minhas sombras e luzes! 2013 foi mágico, foi difícil, foi longo, foi solitário, dolorido. Foi verde, cinza e termina multicor!

Eu andei mais, consumi muito menos, mas não consegui manter minha horta no apartamento. A horta vai ficar para 2014!

Continuo ótima em bolos, mas, apesar de fazer algumas receitas de pão, apenas um pão de centeio ficou bom. Os outros ficaram passáveis...Ainda há muito que aprender! Biscoitos ficaram horríveis, devo dizer, e eu descobri que não tenho saco para moldá-los. Ano que vem comprarei forminhas, vamos ver se ajuda!

Eu deixei de consumir refrigerantes, suco de caixinha, vegetais enlatados. Aumentei o consumo de frutas e vegetais orgânicos. Ainda tenho potes de plástico na cozinha, mas eles são poucos e servem para levar o lanche frio nos passeios. Potes de vidro de geleia e molho de tomate são meu novo vício. Só para eu morder mais uma vez a minha língua! (Eu costumava reclamar que a minha mãe guardava esses potes sem nunca usá-los. A diferença é que eu os uso em casa e para presentear! A vida é um eterno retorno com melhorias.)

Aprendi a fazer geleia, requeijão, ricota. Voltei a fazer maionese caseira. Abolimos o leite de vaca de caixinha, mas consumimos iogurte, manteiga e queijo.

Orgulhosamente diminuímos a quantidade de carne consumida e a maioria dos dias da semana já são vegetarianos! Consumimos muito menos industrializados e eu virei expert em refeições completas em 30 minutos! Se cuida Jamie Oliver!

Abri mão da empregada e desisti da babá depois de algumas tentativas frustradas. Mantive o Pedro fora da escola e a Ísis em meio período. Ano que vem, a Ísis sairá da escola (eles querem alfabetizá-la com 5 anos!) e o Pedro se manterá fora dela por mais um ano.

Eu não mudei muito o blog. Descobri que gosto mais de tatuagens na pele do que de brincos na orelha. Descobri também que gosto mais de piercing no nariz do que de colar no pescoço. Preciso recolocar o meu, que caiu quando o Pedro ainda era recém nascido.

Faz 1 mês que voltei a fazer atividade física regular! E que bem ela me fez! Melhorou a dor nas costas, a disposição!

Não revi a família tanto quanto gostaria, mas reencontrei amigas queridas.

2013 foi o ao de sair da teoria e de dar o primeiro passo rumo à mudança de realidade. Foi o ano de dar valor ao menos, ao silêncio. Dar valor ao hoje. Hoje é o que eu tenho, o resto, ou é passado, ou ainda não chegou, é ilusão!

E em 2014? O que será que ele me reserva?

Eu só tenho 1 desejo para 2014: a cada dia, em cada ato, em cada palavra, fazer com que o meu tempo aqui valha à pena!

E vocês? Já pensaram qual a realidade que vocês querem para o próximo ano?




segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

1 ano e 9 meses e o ano que entra na reta final


Dezembro começou e as férias chegaram para nós! Viva! Não voltaremos à rotina antes do natal e a internet vai ficar meio de lado nesses dias, blog inclusive, mas não posso deixar de registrar pequenas gostosuras do Pedro, do alto de seus 1 ano e 9 meses!

Palavrinhas, para não esquecer de lembrar...

- cucute: cocuruto (nuca)
- papai ioiéu: papai noel
- atal: natal
- palalisso!: para com isso!
- pafalá: para de falar!
- num picisa: não precisa, que significa "não quero"
- papato: sapato
 -ivo: livro
- inhá: desenhar
- apitá: apertar
- putinha: frutinha, que é melão, uma de suas frutas preferidas
- puta: fruta
- fijão: feijão
- vavoi: por favor
- bigada: obrigada
- culate: chocolate
- dilícia: delícia
- capelo: cabelo
- siguiu: conseguiu
- cola: escola (da mana)
- tabalá: trabalhar
- audá: ajudar
- aua: água


Comportamentos diários e a rotina doce:

Querendo mamar:
Ele pede "mamá" e faz um barulhinho com a boca que lembra um beijo, mas é imitando o movimento da boca enquanto está mamando. Antes ele apontava com o dedo, agora ele aponta com a boca fazendo bico.

Querendo muito alguma coisa:
Ele estende as mãos para a frente e sacode para cima e para baixo, pedindo mesmo, e dizendo "vavoi". Se a gente não ouve, ele não hesita em gritar "vavoooooiiiiiii".

Comendo bem:
Ele bate fácil pratos maiores que o da irmã e pratos mais diversificados. Como muito bem e hoje pesa 11,4 quilos. Demorou um ano para engordar 1,4 quilos. Mesmo comendo super bem e mamando. Adora beterraba, banana, melão, feijão, ovo, biscoito de cacau e de nata, bolo caseiro da mamãe, pipoca, pão com manteiga, queijo, mamão, tomate, ervilha e milho, azeitona, castanhas em geral, macarrão alho e óleo, sopa de ervilha, risoto, chocolate, bala de canela (qualquer bala na verdade), farofa.

Não come:
Abacate, folhas cruas em geral, pizza, carnes em geral, peixe, repolho cru.

Sono:
Ele nunca dormiu uma noite inteira mas agora costuma acordar apenas uma vez na madrugada (por volta das 03:00 horas. Dorme tarde, é bem difícil dormir antes das 22:00 horas. Faz apenas uma soneca a tarde, entre 1,5 e 2 horas.

Bicota:
Faz quase uma semana que perdemos a bicota numa padaria e como ele só usava para dormir, deixamos sem. Pediu um dia e não pediu mais. Não alterou o padrão de mamadas, mas o pai sofre para acalmá-lo de madrugada, ou seja, sobrou para mim!

Atividades:
Adora desenhar sol e caracol. Fica imaginando formas na pipoca. Quando está vendo um livro de que goste quer entrar nele e fazer parte das imagens. É difícil fazê-lo entender que aquilo é só um desenho. Ele chega a fazer o movimento correto, como se de fato estivesse lá dentro. Adora brincar com carrinhos e aviões. Adora qualquer coisa que tenha rodas e brinca mais com o carrinho de bonecas da irmã do que ela própria. Adora bola e cabelo de bonecas. Gosta de pular e dançar.

Fofurices:
Adora deitar na minha cama e quando faz isso exclama "que dilícia". Quando estamos deitados ele sempre fica grudado e se estamos longe dele pede para chegarmos mais perto com um lindinho "chega mais". É beijoqueiro ao extremo! Adora receber e dar beijinhos. Adora o cabelo das pessoas e a cosquinha que ele faz!

Comunicação:
Fala pelos cotovelos, ainda que seja levemente na dele. Forma frases muito bem e sabe expressar o que quer e o que não quer. Quando contrariado, chora, se joga para atrás, se joga no chão e arremessa longe o que estiver na sua mão. E ainda diz "zogô lonze", jogou longe!

Ferinha:
Gosta de provocar a irmã e está sempre tentando chamar a sua atenção, seja chamando, beijando, alisando ou puxando o cabelo, dando tapas, beliscando. Se pedimos que não faça algo, ele faz (ou tenta fazer mesmo assim) com a cara mais malandra e safada desse mundo.





terça-feira, 26 de novembro de 2013

O meu machismo


Hoje pela manhã eu estava passando um creme hidratante no rosto (que é também anti rugas e filtro solar, porque os 35 anos estão ali virando a esquina) quando o Pedro me pediu para passar o "quême". Olhei para ele e coloquei um pouco do hidratante infantil que as crianças usam após o banho na sua mão. Ele passou no rosto, como eu, depois olhou para mim e disse "cheôso".

Ontem a Ísis estava brincando com suas presilhas de cabelo, suas piranhas e tic-tacs. O Pedro chega na sala com um tic tac na mão e pede "mamãe, qué butá titac a cabelo". No cabelo dele. Não no meu, nem do da irmã. Eu coloquei nos quatro fiapos que ele tem sobre a testa. Ele disse "olá a espêlo" e saiu em direção ao espelho que tem no nosso corredor, onde ficou alguns minutos admirando a própria imagem com o tic tac no cabelo.

Semana passada eu estava fazendo o almoço e os dois estavam num silêncio...eu estava prevendo alguma picaretagem daqueles dois, porque silêncio de criança é lambança na certa, quando eles aparecem na cozinha completamente maquiados! A Ísis já alcança nas minhas maquiagens e ela maquiou-se e ao irmão. Eu disse que estavam lindos, claro, mas pedi que ela não usasse as minhas maquiagens, que eram de adulto. Eu compraria uma de criança para eles. Para ELES, não para ela somente.

Quando eu me ouvi dizendo que compraria uma maquiagem para eles, assim, naturalmente, eu me dei conta que havia vencido uma etapa importante no meu machismo. Eu havia ultrapassado a linha imaginária que separa as brincadeiras em brincadeiras de meninos e de meninas. Eu havia vencido em mim mesma esse preconceito.

Porque a minha filha, ao ver o irmão com um tic-tac no cabelo, logo dizia que ele não poderia usar, pois não era coisa de menina. Juro que ela não ouviu isso aqui em casa, mas ela sempre diz algo assim quando o irmão quer brincar com as coisas dela. Eu sempre digo que não existe isso, de coisa de menina e de menino, que brincadeiras são para os dois, que ele está curioso e quer experimentar e tals. Que assim como ela gostava de jogar futebol e brincar com os carrinhos, ele também poderia querer brincar com as bonecas e os apetrechos de cabelo. No fundo eu me esforçava para agir assim, mas sentia uma ponta de desconforto com a cena. Eu precisava me livrar desse preconceito e amar, de fato, a liberdade que eu queria para mim e para meus filhos.

Houve um tempo em que o meu machismo exacerbado me dizia que homem não usa produtos cosméticos, não usa brinco, não se veste assim ou assado. Não usa cabelo comprido. Sério. Essa era eu, machistazinha do carai do alto dos meus vinte e poucos anos. Ainda bem que passou!

Ter um casal de filhos em casa me faz rever muitos conceitos na prática. Eu sempre tive o discurso de que a minha filha poderia fazer o que quisesse. Se ela quisesse jogar futebol, brincar de carrinho, cursar artes marciais, usar cabelo curto e se vestir como um menino, ela poderia. Sem problemas. Ela seria criada livre para poder escolher o que quisesse. Sem estereótipos.

Mas o meu discurso de liberdade logo teve que ser testado quando meu filho nasceu e alguns meses depois nos deparamos com diversas situações como as que descrevi acima. E eu resolvi deixar a hipocrisia de lado, vencer meu machismo enraizado e discursar igualmente em prol de liberdade para o meu filho: ele pode usar as presilhas da irmã, usar hidratantes, brincar de bonecas e panelinhas, usar maquiagem, fazer aulas de artesanato e balé. Sem estereótipos.

Tem sido difícil e ao mesmo tempo libertador. Tem gerado algumas discussões em casa sobre machismo, alguns ensinamentos para minha filha, que já vem trazendo o discurso "de menino", "de menina" da escola e da convivência com outras pessoas, com a família ou filhos de amigos e vizinhos.

De lá para cá eu aprendi que não posso exigir liberdade para eu ser quem eu quiser ser, usar o que eu quiser usar, ser dona do meu corpo, e ao mesmo tempo não conseguir usar esse discurso com meu filho.

Eu penso que o fato dele ter liberdade para fazer e experimentar as cores, as brincadeiras, as fantasias infantis, fará com que ele tenha mais respeito pelo universo feminino. Esse universo fará parte dele, será integrador de sua personalidade. Assim como usufruir das brincadeiras do irmão fará parte da personalidade da minha filha e ela poderá, realmente, se sentir em equidade com ele. Afinal, ambos vivenciarão brincadeiras e fantasias semelhantes.

Saber que você pode ser quem quiser sem se preocupar com o julgamento do outro é libertador. É um encontro íntimo consigo mesmo. Ao mesmo tempo, quando através das vivências, que são as brincadeiras da infância, conseguimos nos colocar no lugar do outro, experimentar, criar, isso nos fará adultos com maior empatia, maior capacidade de aceitar aquilo que difere de nós, até porque esse diferir será apenas uma questão de escolha e personalidade. Será aquilo que nos faz únicos no mundo.

Quando permitimos que as crianças vivenciem a infância sem esterótipos estamos permitindo que esse encontro consigo mesmo ocorra desde sempre, facilitando o processo de autoconhecimento, que é o grande propulsor das mudanças que queremos para nós, para eles e para o mundo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Des-desmamar

Parque Ramiro H., Blumenau-SC


Desmamar dá a ideia de que a criança é ser passivo no processo lento e gradual de abandono da via de alimentação materna para as vias alheias ao leite materno. Um processo que corre lento e gradual desde o momento em que o bebê coloca a primeira comida na boca.

Por aqui estamos nos aproximando dos 24 meses de amamentação. E o processo de desmame já está bem visível, bem paupável. Mas eu não tenho nada a ver com isso. O Pedro, penso, vai se autodesmamar. Vai cumprir o seu tempo - assim como o fez para nascer - ao seio e vai deixá-lo quando estiver pronto.

De minha parte fico mega feliz por estar ultrapassando em muito a marca da irmã mais velha, que não chegou nem aos 12 meses de amamentação, meta modesta que eu tinha lá nos idos de 2009. Durante alguma tempo eu acreditei que o demérito pela marca da Ísis era todo meu. Hoje eu sei que não é bem assim. O mérito de eu ter conservado a ilusão de que a amamentação dela foi no tempo dela, quando ela não quis mais, é dela, afinal, ela ainda não falava, já usava chupeta, tinha colo e mantinha para o aconchego e leite de vaca na mamadeira. Ela se adaptou muito rápido e isso fez com que eu vivesse na ilusão de que era o tempo dela. E a linha de pensamento sobre amamentação nos tempos da mamadeira que corre hoje também é merecedor de medalha na minha doce ilusão.

Hoje, liberta desse véu, eu sei que não foi. Mas não posso mudar o que já passou, só melhorar o que está por vir. Neste sentido, tive que trabalhar em mim a minha própria visão do aleitamento artificial dela. E vou te dizer: sou dependente da mamadeira dela. Tenho num processo muito enraizado na minha mente que só conseguirei desmamá-la da mamadeira quando desmamar o Pedro. Não faz sentido, eu sei, já que os dois tem 2a9m de diferença. O normal seria que ela desmamasse primeiro.

Mas eu já dei um passo. Mudamos o leite de vaca para leite vegetal, e como dá trabalho e é caro, ela agora só toma pela manhã. À noite é suco. Mas, na mamadeira. Tenho planos mais recentes de tentar desmamar da mamadeira - já não tanto do leite - ano que vem. Veremos. Preciso trabalhar melhor esta questão em mim.

Pode ser que o fato de eu ter amado amamentá-la, mas não ter tido forças, coragem, informação, empoderamento suficientes para bancar essa amamentação pelo tempo mínimo desejado na época - 1 ano - tenha feito com que eu me sinta muito mal por tirar dela aquilo que eu mesma lhe impus em detrimento do meu próprio peito: a mamadeira. Muito mais que o leite em si. A minha mente sacana pode estar me mandando a mensagem de que eu recusei o meu peito a ela quando ela ainda não tinha voz para dizer o que queria, então, agora que ela me diz que quer o tétinho, não posso simplesmente não dar. Difícil, né?

Claro que eu sei que a culpa não é minha somente. Eu sei e entendo todo o poder da indústria, do capitalismo selvagem, da mecanização da vida, do esquecimento de vivências de processos tão antigos e naturais como amamentar os próprios filhos. Eu sei. 

Nas minhas sessões de autoterapia - ou maternoterapia, hoho - eu estou melhorando, um dia de cada vez. Chegarei lá com ela, eu sei.

Voltando ao Pedro, bem, ele já iniciou seu processo de desmame, lá atrás, quando começou a ter curiosidade sobre os alimentos sólidos. Porque o desmame começa assim: quando a criança-bebê começa a se alimentar com outras fontes de alimento que não mais somente o leite materno.

O leite materno continua como fonte principal da alimentação por muitos meses ainda, depois passa a ser complementar - fase em que estamos agora - para somente depois, bem depois, deixar de ser necessário.

E quem diz quando não é mais necessário o aleitamento? A OMS diz que por 2 anos OU MAIS a criança poderá ser amamentada. Todos os dias são descobertos novos fatores nutricionais no leite que são excelentes para a criança mais velha - e que uma empresa já artificializou em lata! Então, se o leite continua ótimo mesmo muito depois dos 2 anos, ao contrário do que reza o senso comum, quando seria a época certa para desmamar a criança?

Para MIM a resposta foi óbvia: é a criança quem decide o momento em que está pronta para desmamar totalmente. É ela quem ultrapassa a linha da maturidade necessária, seja emocional, seja fisiológica,  para dar adeus, obrigada pela força aê, a gente se vê numa outra vida irmão, ao seio materno.

Eu passei a acreditar depois de muito ler e meditar que, obviamente para MIM, assim como é o bebê quem deve decidir o momento certo para o seu nascimento, é a criança quem decidirá o momento certo para o seu desaleitamento. É ela, pequeno serzinho criador de realidade, quem decide. Não sou eu nem ninguém, ainda que eu possa dar umas incentivadas aqui e ali, como no desfralde.

Hoje o Pedro quase não solicita o peito. Creio que em dias normais - entenda-se na rotina de casa e sem doenças paralelas - ele peça para mamar umas 2 vezes no dia. Eu ofereço o dobro disso, e ele recusa educadamente, ainda incorretamente do ponto de vista da língua portuguesa: "não, bigada". Sinal de que não há o famoso vício de peito, afinal quem é viciado em alguma coisa, não a recusa tantas e tantas vezes seguidas.

Eu seguirei oferecendo, mesmo sem ele pedir. Já pensei nisso também. Oferecer, ou não? Daí um dia eu me dei conta de que ofereço várias vezes várias coisas, mesmo que ele recuse. Água, por exemplo. Eu ofereço, ele recusa, mas sigo oferecendo porque sei que é importante para ele. E estabeleci um prazo para meu oferecimento: os dois anos. Ou mais.

De qualquer maneira, a certeza que eu tenho é que não importa muito o que eu vou fazer. A escolha sobre o desmame completo será do ator principal desta história de amamentação e que atende pelo nome e alcunha de Pedro, o Infante.

"Pedro, o Infante: nascendo e mamando a seu tempo."

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Escolha, consciente, vida, ativa.

 Crepúsculo, Praia do Forte, Floripa-SC


Eu já acompanhei muitos blogs desde 2009, quando a Ísis nasceu e eu entrei, sem querer, no blog da Mari, do Pequeno Guia. De lá para cá, é clichê e real dizer que muitas coisas mudaram. Em mim e na blogosfera materna.

A grande maioria dos blogs maternos da época em que eu comecei já não estão mais ativos. Ou estão fechados, ou estão em stand by.

A grande maioria das mães que eu acompanho (ava) desde 2009, já tem filhos da idade da Ísis, algumas tem filhos um pouco mais velhos, muitas tiveram um segundo filho. Raras tiveram mais de 2 filhos. E eu percebi nelas o que vem acontecendo em mim: os textos rareiam na proporção em que os filhos crescem.

Há muitas explicações para isso, eu tenho as minhas próprias justificativas para escrever bem menos por aqui. Não há um único motivo, mas hoje eu sinto na pele o que já era discutido nos posts das mães dos pequenos lá em 2009: a privacidade.

Eu descobri que uma coisa é você compartilhar textos fofos, que falam sobre o desenvolvimento dos filhos enquanto estes são bem pequenos. Por mais complexo que isso fosse para mim quando eu era mãe apenas da Ísis, nem se compara às questões de hoje em dia, quando tenho uma meninota de 4 anos e um menininho que já já faz 2 anos.

Falar abertamente sobre as noites em claro, sobre a chupeta, a mamadeira, a amamentação, o parto, a alimentação, as gracinhas, as escatologias, enfim, tudo que se refere ao dia a dia com bebês é muito mais fácil e leve do que falar abertamente sobre a maternidade depois dos 2 anos de vida dos filhos. Falar da maternidade com foco apenas na criança é muito mais leve que falar com foco na mãe, no pai, na vida profissional, na sociedade.

Quando os filhos são ainda bem pequenos e quase sempre seguem um rito meio linear de passagem dos meses rumo aos 2, 3 anos, é tudo muito similar na minha, na sua casa e na de tantos outros.

E depois...bem, e depois você descobre que existe um mundo lá fora que precisa urgentemente de pessoas mais generosas vivendo nele. Para falar apenas uma palavra. E pior...você descobre que as teorias todas, das melhores às piores, são só isso mesmo: teorias. Funcionam hoje e podem (e provavelmente não vão) funcionar amanhã. E finalmente, a junção de palavras como: escolha, consciente, maternidade, ativa, finalmente faz sentido. E você precisa atravessar a linha que separa a linda teoria da prática. Das duas uma: ou você se mantém no campo das teorias, que é ótimo e eu adoro porque não exige muito esforço; ou você atravessa a linha imaginária rumo à prática. É aí que o gigante adormecido (hoho) acorda em você.

Não é que haja uma teorização lá atrás e uma prática aqui na frente. Não. Mas o exato momento em que eu decidi bancar minhas escolhas fez com que uma avalanche de acontecimentos, sentimentos, vivências, eclodisse na minha vidinha pacata de mulher, mãe, esposa, profissional.

Não é fácil bancar escolhas. A gente sai do lugar comum, sai da zona de conforto e, sem querer, confronta muitas pessoas, muitas organizações sociais, relações de trabalho. Sem querer. Apenas porque agora a escolha é consciente, e nem sempre vai ao encontro - na maioria das vezes vai de encontro - ao que reza o senso comum.

E se aqui na blogosfera é fácil encontrar listas de famílias que se pautam pelos mesmos conceitos que eu trago comigo, na vida real é bem difícil. Ainda mais quando a forma como você vê o mundo vai de encontro ao mundo que você habita.

O que fazer então? Mudar de mundo?

Tudo isso para dizer que eu sumi por razões bem pessoais. Sumi pela necessidade de privacidade, já que, infelizmente, muito do que eu escrevo não atinge apenas positivamente as pessoas. Quando essas pessoas estão distantes, é uma coisa, mas quando elas estão ali do lado, bem, fica muito difícil escrever livremente.

O que me faz lembrar do hábito que algumas pessoas adquiriram de escrever um texto e colocar logo abaixo a interpretação do texto, no melhor estilo "aqui neste texto você leu que:"; "aqui neste texto não está escrito que:". Pode ser uma alternativa, mas ficaria muito cansativo e menos poético. Tenho uma leve tendência a poetizar boa parte dos meus textos.

O que me faz lembrar do motivo pelo qual eu desisti de jornalismo no vestibular de 1996 e encarei a nutrição: eu gosto de me sentir livre, não tolero subordinação e servilismo. Não me considero melhor do que ninguém. De verdade. Mas, importante lembrar, que também não me considero pior. Não toleraria ter que escrever sobre coisas que nada significam para mim, ou escrever sem alma. Ou escrever com medo.

"A minha alma tá armada e apontada para a cara do sossego, pois paz sem voz, não é paz, é medo".

Aqui também há rosa para meninas e azul para meninos. Mas isso não é uma regra.




sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Das coincidências e dos sinais. E do medo.

Existe uma coincidência no nascimento dos meus dois filhos. Ambos nasceram sob o número 503.

503 era o número do quarto do Centro Obstétrico do Hospital da Unimed em Joinville, onde eu e a Ísis ficamos por duas noites após seu nascimento.


503 era o número do apartamento que nós alugamos em Porto Alegre, para torná-lo nosso lar temporário, aquele onde o Pedro nasceria.


E neste hiato, entre o 503 de 28/04/2009 e o 503 de 09/02/2012, muita coisa aconteceu em mim.

Por vezes eu me descobri perdida da minha essência, como se estivesse vivendo uma vida que não era a minha. Creio que quando se foge de si mesmo, não há como não se sentir longe de casa. E longe de casa é um lugar estranho demais para se ficar por muito tempo.

Agora é tempo de retornar, e como o viajante mochileiro, eu retorno muito cansada, muito saudosa e trago na bagagem muitas experiências vividas, muitas pessoas conhecidas, muitos calos nos pés. 

Este ano de 2013 começou com alguns desejos, ainda lá na fronteira com o Uruguai. Alguns deles eu consegui realizar. Mas o que este ano de 2013 me trouxe de presente foi a capacidade de dar valor ao tempo presente. A esperteza infantil de ser capaz de viver o dia de hoje, da maneira mais plena possível, entre o despertar e o adormecer.

O ano de 2013 ainda não acabou, mas eu sinto como se eu fosse entrar novamente num hiato. Eu não sei como sairei dele, mas levo comigo a certeza de que meu tempo neste mundo é muito raro, e por isso mesmo, é muito caro.

Pensando sobre o tempo que tive e o que ainda hei de ter, descobri uma coisa importante: eu sou uma péssima investidora do meu tempo, porque eu uso a maior parte das minhas horas de vida para fazer coisas que não fazem sentido para mim, para conviver com pessoas que não me conhecem, para defender causas que não são as minhas.

Esta simples descoberta explodiu dentro do meu peito e eu chorei. Chorei cada minuto sem sentido que eu já vivi. Chorei cada momento perdido devido a minha incapacidade de viver no tempo presente. Chorei a ausência dos que me são caros. Chorei o medo dos que estão diante da necessidade de escolher.

E o meu pranto não diminuiu, mas alcançou outras descobertas, outras não vivências, outras ausências, outras desconexões.

E foi preciso nascer de novo. Foi necessário reviver em poucos dias toda a minha infância para buscar novamente a minha essência. Foi necessário rever decisões e descobrir, dolorosamente, que eu vivo de ilusões. Eu estou na Matrix.

Eu quase me senti como uma pessoa com dupla identidade: a verdadeira e a fachada. E doeu muito descobrir que a minha vida se transformou numa incoerência segura.

E o medo se transformou em coragem e da coragem surgiram as ideias e as ideias esbarraram no medo. Medo. Eu me sinto a própria Chapeuzinho Amarelo, com medo do medo do medo do medo...nem eu mesma sei nomear o medo do medo que eu tenho.

E à noite, no silêncio da casa, minha alma se liberta do medo e eu sonho. E pela manhã eu me inundo da coragem que me abandona à noite.

Em algum momento eu deixei de me ouvir, eu me desconectei de mim mesma porque tive medo. Ainda tenho. E somente eu poderei vencê-lo.

O chineses acreditam na força do número 8. Eu acredito nos sinais da vida. Os dois juntos apareceram para mim no dia 28/04/2009 e no dia 09/02/2012.

É hora.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mais, menos, melhor, pior, culpa, não culpa



Estou gostando muito dos textos que estou lendo esta semana. O que eu acho uma pena é que não possamos sentar num boteco animado, pedir umas biritas (quem bebe), uns sucos naturais (quem não bebe), umas guloseimas de boteco e colocar tudo no diálogo, sem os meandros e mal entendidos da palavra escrita. Porque ao vivo, se a pessoa não te entendeu, você tem a chance de explicar logo.

O problema de textos sobre maneiras de se cuidar dos filhos é que tendemos a polarizar tudo que está escrito e a ver quem escreve como um juiz de nossos próprios atos, ainda mais se o que a pessoa descreve como melhor, mais, não é bem o que fazemos em casa. Problema maior é se esse texto vem de outra mãe. Desastre na certa se temos uma culpinha ali, um assunto mal resolvido acolá.

Quando comecei a ler os blogs sobre maternidade eu era bem mãezinha, tadinha de mim! Na minha ingenuidade eu achava que tinha que ser cuidada na gravidez, que os outros decidissem por mim porque eu já estava ocupada demais em gerar o meu bebê. Eu entraria fácil fácil para o esquema cesárea agendada, leite artificial, chorar até dormir, colo não, embalo não (tá, esses eu ainda fiz um pouquinho), esquema militar de rotina para um bebê recém nascido (esse eu entrei de cabeça).

Daí eu comecei a ler sobre partos, não partos. Nossa! Que ridículo! As pessoas brigam por isso? Cada um na sua, vai. Amamentar, leite artificial? Nossa, nunca mamei e tô aqui, viva e saudável. Sobrevivi! :) E assim por diante.

Mas os textos borbulhavam em mim, linkavam, mostravam artigos, livros, depoimentos. E a informação abriu o véu sobre meus olhos. E um maravilhoso mundo novo, apesar de solitário, ao menos na vida real, se abriu para mim. E eu cresci, e mudei, e aprendi e tenho a chance de trabalhar culpas, sombras e aspectos da minha vida pessoal que teriam ficado largados enquanto eu sorriria para o mundo que me chamava de mãezinha!

E a filha nasceu, mamou, cresceu e vieram outros aspectos para se trabalhar. O cuidado, a alimentação, a atenção, o apego, a disciplina. Mas agora eu já estava sem o véu. E tudo ficou mais DIFÍCIL. E eu concluí no início da minha maternidade de dois que ser mãe é a coisa mais difícil da vida toda, de toda vida (já disse isso antes, eu sei)!

Não raras vezes eu quis bater a porta da responsabilidade às minhas costas e sair correndo, de preferência com marido, para uma praia deserta e que alguém, por favor, me desse aquela pílula que faz a gente esquecer tudo! Porque ir para uma praia deserta só com marido mas lembrando que os filhos ficaram em algum lugar, não é divertimento, né? Não nessa minha fase atual. Um dia será, mas não hoje.

Ter sob sua responsabilidade seres em formação é de uma carga tamanha que com certeza faz fraquejar qualquer um. Eu fraquejo todo dia! E é aí, nessa fraqueza, que mora o perigo, o perigo de delegar a outros uma responsabilidade que é minha (e do pai).

(Só a frase acima já me faz pensar muito e há pouco tempo ela vem ganhando variações. A responsabilidade da criação dos filhos é sim, em primeira instância, dos pais, mas também existe, ou deveria existir, uma responsabilidade que é da coletividade, tenha essa coletividade filhos ou não, queira-os essa coletividade, ou não. Mas isso fica para depois, outro momento, se um dia conseguir tempo para escrever.)

Obviamente não estou falando que não podemos aliviar a carga com a ajuda de outras pessoas, mas não podemos nos iludir: a responsabilidade de toda e qualquer coisa que aconteça com seu filho, é sua, é da mãe E do pai dos bacuri. Ainda mais se o resultado esperado não for satisfatório. Todos perguntarão: e onde estava a mãe desse menino/menina? Quase ninguém pergunta pelo pai, avó, tio, pediatra, professora, aiai.

Então, arregacemos as mangas, respiremos fundo e sigamos juntas, ainda que por caminhos diferentes!





quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Como deixar momentos vividos, ou Carta aos Avós



Hoje eu quero falar de presentes. Não daqueles comprados nas lojas, alguns muito modernos e que prometem mil e um resultados, outros mais simples, prometendo a volta do lúdico à infância. Eu os considero importantes, mas não mais importantes que o melhor dos presentes: histórias para contar.

Eu acho muito legal quando vejo meu caçula brincando com a moto que monta e desmonta que ganhou dos avós. Acho lindo e o considero o bebezico mais inteligente da face da terra, como só toda mãe e todo pai são capazes de pensar.

Eu também acho fofo quando minha primogênita brinca alucinada com o jogo de canetinhas que saem na água (obrigada tecnologia!) ou com as bonecas que ganhou, também, dos avós. Acho lindas as garatujas que brotam coloridas no papel branco e quero emoldurar cada uma delas para decorar meu hall de entrada.

Os meus filhos ganham muitos presentes, muitos mais do que eu costumava ganhar quando era criança e, com certeza, muito, muito mais do que os meus pais e os pais do marido costumavam ganhar na infância.

Lembrando do contexto de cada vivência não é difícil compreender o motivo pelo qual @s av@s e ti@s adoram presentear nossos filhos. Mesmo quando pedimos encarecidamente a eles que não o façam, pois não temos mais onde guardar tantos brinquedos. Eles estão dando aos nossos filhos aquilo que não puderam dar aos seus próprios filhos e, muito mais, aquilo que não puderam ter. É uma realização no outro. E todas as propagandas estão aí para nos dizerem que o presente é uma demonstração de amor. E ainda deixa as crianças mais inteligentes.

E hoje, comprar um carrinho ou uma boneca, uma bola ou um jogo está tão mais barato! E as crianças ficam tão felizes quando ganham presentes! Como não dar? Como resistir?

Bem, eu vou contar uma historinha...

Era uma vez o Seu Maneca, pai de muitos filhos, avô de tantos netos. Acordava cedo, antes do sol raiar. Saía a trabalhar. Na saída já avisava aos netos que estavam passando férias em casa que os levaria à praia, para dar um mergulho. A promessa era sempre cumprida. 

Seu maneca ensinava a nadar, a pular ondas, a caçar tatuíra e marisco na areia. Ensinava também a assoviar e a colher bergamota e goiaba. Ah! E sempre avisava que não era bom comer o umbigo da laranja. Era amargo!

Seu maneca buscava xis salada na beira da praia para a janta. Mas não sempre, porque fazia mal. Comprava milho verde quentinho, com manteiga e sal.

Depois de um dia de trabalho, brincava de baralho. E valendo dinheiro! Ah...esse seu Maneca. Tinha uma lata de biscoito cheio de moedas dos tantos planos cruzeiro, cruzado, cruzado novo...nem ele sabia mais. E dizia que eram moedas de "mi réis".

E a VÓ? Ah...a VÓ. Era ela quem fazia a melhor canja de galinha, os melhores sanduíches de presunto e queijo do café da manhã. E seu beijo tinha gosto de café.

No fundo do armário ela escondia bombom, que distribuía assim: um só. Porque doçura demais faz mal.

Tinha bolinho de chuva, tinha rosquinha de polvilho. Tinha conversa fora no sofá da sala, entre uma reclamada e outra para que o pé ficasse no chão.

E ela fazia piadas. Tirava uma com a cara da gente. E quando ria, ria. Chorava de tanto rir, os olhos pequenos, brilhando.

Tinha banho para tirar o encardido. Banho rápido, que não se pode gastar muita luz!

Eu não lembro de nenhum presente que eu tenha recebido dos meus avós. Nenhum. Eu sei que eles existiram. Mas eu não lembro. Não foram importantes para mim.

Importantes foram os momentos construídos. Esses sim ficaram bem guardadinhos e vez ou outra esses momentos viram histórias para contar.

Brinquedos não viram histórias para contar.

Momentos vividos, sim.






terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Menino e o Balão

Imagem: O Balão Vermelho (1956)


Sou água, que corre

Sou vento, que estremece

Sou fogo, que agita

Sou terra, que anoitece.

Assim, devagarinho, eu vou me redescobrindo, vou me reencontrando e me reconhecendo. 

Onde estive este tempo todo?

As palavras vão ressurgindo e a mente vai percorrendo o céu de nuvens branquinhas que eu costumava imaginar e contemplar quando criança.

Eu, balão. Daquele que está cheio de gás hélio, sempre querendo alçar voos mais altos.

Lá embaixo, o menino, que ao mesmo tempo em que contempla minha subida destemida, segura a cordinha, e por vezes me puxa para perto de si, para que eu não me perca, para que eu não viaje solitária a contemplar estrelas e sóis universais. E para que ele possa ver um pouco do que seus olhos não conseguem alcançar.

A cada subida, eu busco a essência. Respiro o ar fresco da descoberta.

A cada descida, eu levo um pouco do que vi para o menino que me espera. 

Ele não pode ir comigo. Eu não sou balão longe do céu.

Ele contempla, um mundo que não vê, através dos meus olhos.

Eu esvazio um pouco, para que o ato de me segurar não lhe seja tão difícil.

Ele, pés no chão.

Eu, balão.


Para Daniel, 17/09/2013.




terça-feira, 10 de setembro de 2013

Pequeno Degustador de Feijões

O certo foi desistir.

Eu consigo me manter limpa e minimamente arrumada apenas numa parte do meu dia de trabalho. Pela manhã. Depois disso, eu faço quase correndo o trajeto de 15 minutos até a minha casa para iniciar a honrosa atividade de cozinheira da família. Tenho cerca de 40 minutos para preparar e colocar na mesa uma refeição apetitosa e saudável para três adultos e duas crianças com fome  monstro.

Eu não digo isso para que se compadeçam dessa minha jornada dupla. Não. Longe disso. Eu adoro cozinhar a comida que a minha família come e faz algum tempo que decidi que queria que meus filhos tivessem uma memória afetiva, em relação à comida caseira, muito além da papinha pronta, dos congelados do supermercado, do restaurante a quilo e da pizza de sábado à noite. Desde então eu redescobri a minha paixão pelos alimentos e pela deliciosa - mesmo! - alquimia da cozinha.

Obviamente, nem tudo são flores. Há pouco tempo para exercer de fato essa paixão no dia a dia. É preciso cozinhar com a roupa que eu uso para trabalhar. Quem me conhece sabe que eu não tenho mãos, mas tentáculos desajustados que, sem muito esforço, transformam a cozinha num campo de guerra. E nessa, a roupa pode sair prejudicada para o turno da tarde.

Depois de meses de prática, já consigo sair incólume da cozinha para a mesa do almoço. E é ali, sentadinha diante do meu prato bem servido, que ocorre a sucumbência da roupa imaculada.

Quando meu caçula demonstrou interesse por comida, cerca de um mês antes de completar seis meses de vida, eu comecei a pesquisar formas alternativas de fazer a introdução de alimentos, já que a minha experiência com a irmã havia sido um pouco ruim, ou inexistente, por conta da ida dela para a creche em tempo integral naquela época. Logo no início, numa troca de emails com a Dani, ela me falou de uma técnica, com um nome que não me lembro, que consistia em deixar o bebê comer com as próprias mãos aquilo que ele quisesse. Uau! E bebê pode comer aquilo que quer? Achei revolucionário o negócio, para pouco tempo depois descobrir que é natural comer assim. Não é técnica, é só...sobrevivência.

Eu já não era muito adepta de método e limpeza na hora das refeições, sempre deixei a Ísis fazer a bagunça que quisesse com os alimentos, inclusive comê-lo, então logo me identifiquei com o tal método de deixar comer com as mãos. E ainda por cima havia um vídeo do maravilhoso pediatra espanhol - salve, salve! - Carlos Gonzalez para me fazer crer que nada mais óbvio do que deixar o bebê comer aquilo que quisesse com as próprias mãos.

E assim foi. Não todas as vezes, claro, mas na grande maioria das vezes, os dedinhos gorduchos do Pedro estavam atolados dentro do prato de comida. Dele ou meu. Muitas vezes ele acertava o local correto para colocá-la - a boca -, mas muitas foram as vezes em que o destino era a cabeça, o chão, o meu cabelo.

Com o tempo eu fui percebendo que o fato dele usar as próprias mãos para comer o que quisesse liberava as minhas mãos, olha que legal, para eu comer o que quisesse! Não é lindo isso? Eu achei! E seguimos nesse ritmo até hoje. Claro que há evolução, e mais recentemente ele tomou gosto por comer de garfo ou colher, mas enquanto uma mão segura o garfo e cavoca o prato de comida em busca de alguma coisa, a outra fuça os grãos de feijão, as beterrabas cozidas, os brócolis, os grãos de arroz, o macarrão. E assim ele vai comendo cada coisa na sua vez, o que mais gosta primeiro e o que sobrou depois. Se sobrar espaço, claro. Não raras vezes ele come só a beterraba do prato, ou o brócolis, ou faz uma coisa muito engraçadinha que é catar os grãos de feijão e passá-los da farofa antes de levá-los à boca! Um especialista na arte de degustar alimentos, com certeza, alguém duvida?

Eu contei que nem tudo são flores, né? Tem o efeito colateral. O primeiro é que o Infante Degustador de Feijões parece conhecer aquele hábito centenário de dar um pouco para o santo, de maneira que sempre rolam uns bons punhados de comida lançados ao chão. E o outro é que eu, a mãe, que sento ali do ladinho, sempre sou alimentada por aquelas mãozinhas gorduchas, que nem sempre acertam apenas a minha boca. Um dedinho no molho de tomate e outro no meu ombro, uma palma de mão no caldo de feijão e eia que surge aquela pintura natural na minha manga de camisa, de dar inveja a muita professora de educação infantil. Todo dia. E foi aí que eu desisti.

Desisti de tentar me manter limpa e arrumada durante todo o dia. No começo até tentei trocar a camisa para o turno da tarde, mas percebi que não seria viável. Eu teria que aumentar o número de camisas no meu guarda roupa (e eu ando repensando a necessidade de se ter 12354869 camisas penduradas no cabide) ou eu teria que lavar máquinas e mais máquinas de roupas sujas que não possuem espaço suficiente para secarem na minha lavanderia. 

Então eu desisti.  E descobri que deparar-me com a marca perfeita de um dedinho gorducho pintado em molho de tomate da macarronada do almoço no punho da camisa branca me alimenta o dia.

Como sozinho, faço pintura com as mãos e ainda escovo os dentes!


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Descoberta


Eu sonho para sobreviver!

Foi o que ela respondeu ao me ouvir dizer que ela sonhava demais.

Havia mais de uma década que nós éramos companheiros, amigos, amantes, e eu ainda parecia perdido ao lado dela, como se a tivesse conhecido ontem. Parecia que havia uma eterna insatisfação naquela mulher, uma insatisfação que a deixava sempre inquieta, desassossegada, apesar de desejar sempre a calmaria e o sossego. Enquanto eu vivia cada dia com seus acontecimentos triviais, nada muito além da rotina do dia a dia das cidades, ela estava sempre conectada, lendo artigos, participando de grupos de discussão, conversando sobre permacultura, nascimento, amamentação, ecologia, consumismo, feminismo. Eu só queria estar ali.

E então, como que para encerrar uma conversa que eu sabia que reiniciaria mais tarde, disse que ela sonhava demais. E ela havia me respondido aquilo, assim, sem pensar muito: eu sonho para sobreviver. Que diabos ela estava tentando me dizer agora? Eu pensei em perguntar exatamente isso: que diabos?, mas alguma coisa na sua voz, nos seus olhos, que baixaram em direção à areia, me calou. E creio que ela se surpreendeu com a própria frase porque a repetiu, ainda olhando para a areia, parecendo estar surpresa por ter descoberto algo sobre si mesma:

Eu sonho para sobreviver.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

filha 1, filho 2

Eu costumava pensar, quando estava de licença maternidade, que era como viajar a um lugar muito especial para mim. Da primeira vez foi uma euforia, um apaixonamento, um deslumbramento por tudo que era novo. Da segunda vez foi um desfrutar de detalhes, um usufruir pausadamente de paisagens já visitadas e descobrir curiosamente e gostosamente outras tantas ainda não vistas, sentir o gosto delicioso de um prato já conhecido, mas nem por isso menos surpreendente.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Bernard Shaw

"Quando os jovens forem tão livres para saírem de uma aula entediante quanto um adulto é livre para sair de uma peça de teatro ruim, as escolas serão muito mais frequentadas que os teatros, e os professores bem mais populares que os atores. Até lá continuaremos sendo os bárbaros que somos agora. " Bernard Shaw (1856-1950).

E aí? Tudo certinho?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Violência obstétrica: uma realidade vil

Estamos vivendo dias felizes, dias de esperança, dias de construção de uma realidade obstétrica brasileira mais afinada com as necessidades do ser humano; das mulheres, que gestam, que parem; dos bebês que nascem.

Quando eu leio textos de ativistas pela causa do nascimento humanizado, natural, com o mínimo de intervenções e com a devolução do protagonismo à mulher, protagonismo esse roubado pela tecnocracia, pela falácia e pelo machismo, eu fico radiante! Meus olhos brilham e eu não deixo de pensar que os netos que um dia eu espero ter possam nascer de maneira mais respeitosa e que minha filha e minha nora possam ter, de fato, o atendimento digno e respeitoso que merecem todas as mulheres em vias de trazer um filho ao mundo.

E então, numa tarde de terça, um vídeo assombroso chega para mim. E eu choro. E percebo que a dor que sinto naquele momento é a dor que mata, é a dor do desamparo, do desrespeito, da indignidade à que são submetidas mulheres mães de todos os cantos do país.

Se mulheres detentoras das maiores rendas deste país, do maior nível de escolaridade, são friamente submetidas a mentiras e a cirurgias que são, sim, responsáveis pelo aumento do número de mortes maternas e neonatais, responsáveis pelo aumento de internações de bebês em UTIs devido à prematuridade; as mulheres simples, as desprovidas de renda e informação são submetidas à violência nua, crua, sem o ambiente esterilizado das salas de cirurgia das maternidades e hospitais particulares dos grandes centros. A essas mulheres mães não há sequer portas abertas.

O vídeo que me chocou trazia uma jovem parturiente de um Estado brasileiro que, sentindo as dores do parto, correu em busca de atendimento em duas maternidades públicas da cidade onde morava. Na primeira não recebeu atendimento devido à superlotação e foi encaminhada para a segunda. Nesta, não abriram sequer o portão para que ela tivesse o direito ao atendimento garantido pela nossa lei maior, direito esse replicado em estatutos renomados, cartilhas bem elaboradas, material ovacionado mundo afora por legisladores, que muito se orgulham da modernidade de nossa legislação.

A irmã da parturiente resolveu filmar e o que se vê é o retrato do descaso, da indignidade, da violência e do despreparo das nossas instituições de "saúde". É o retrato de um sistema obstétrico falido, que trabalha para o bolso dos médicos e das corporações médicas, e não para aquelas e aqueles a quem deveria atender: mães e bebês.

O grito que se ouve não é o grito retumbante da mulher que pari com respeito, com dignidade, não é o grito da fêmea, que sentindo o filho que nasce, solta sua voz, libera suas entranhas da tensão da contração para que aquele ser tão amado e esperado venha para o novo mundo. O grito que se ouve é o grito do medo, é o grito do desamparo, da desinformação, do desrespeito, da indignidade.

Eu pari duas vezes. Dois partos vaginais distintos. Dois momentos vividos com intensidade e amor. Um parto com intervenções desnecessárias, algumas delas solicitadas por mim. Um parto natural, sem intervenções, vivido no ambiente seguro do lar que construí por 40 dias.

E no meu segundo parto eu gritei. Quando a onda da expulsão tomou conta do meu corpo o bicho humano falou mais alto e meu grito ressoou naquele apartamento. O meu grito não era o mesmo grito da mãe que pariu o filho numa escadaria, grudada às grades do portão que davam acesso à maternidade pública onde ela foi buscar auxílio.

Quando meus filhos escorregaram para fora do meu corpo, o grito transformou-se em gemido de prazer, de felicidade e eu estiquei meus braços para segurar aquele serzinho tão amado e esperado.

Quando o filho daquela mãe que pariu na escadaria escorregou para fora dela, ela silenciou. E no silêncio do choque do momento indigno que havia vivido, as mãos, que deveriam segurar o filho que nascia, continuaram grudadas às grades do portão da maternidade. O rosto não se moveu. As pernas penderam. O bebê foi retirado e a jovem mãe ficou ali, deitada no chão com o cordão umbilical ainda visível entre as pernas.

A irmã, que filmou tudo, reclamava que ela não era um cachorro para parir assim, no meio da rua. Que eles poderiam ter aberto o portão, peloamordedeus.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

As meias da Impetratriz

Eu já contei aqui em algum texto que a Ísis não gosta de usar meias e que quando aprendeu a tirá-las sozinha foi o caos! E já contei também que quando ela tinha pouco mais de 1a6m chorou por quase 1 hora até que eu finalmente cedesse e a deixasse sem meias.

Esse desgosto pelo uso de meias não passou. Ela até usa meias com tênis, mas assim que tira os sapatos, quer tirar as meias também. Se não deixamos porque está frio, ela dá um jeito de esconder os pés e tirá-las mesmo assim. Muitas vezes finjo que não vi, outras dou bronca.


Será que sou peralta? Sim ou com certeza?

Há algum tempo ela conheceu a história da roupa do Imperador. Tentei conversar sobre a moral da história, mas o que ficou mesmo registrado foi que a roupa do Imperador era mágica e não aparecia.

Pois bem.

Ontem, depois do banho, coloquei o pijama e estava procurando as meias para colocar nos pés dela, quando escutei isso:

- Mamãe, eu já estou de meias!

Olho para os pés dela e não vejo nada, digo que não, que ela não está de meias, e continuo procurando o par de meias azuis que descobri debaixo da minha cama.

- Estou sim, estou com as meias do Impera!

Eu, que sou leeenta para entender as coisas assim de pronto e sempre perco a piada, pergunto:

- Meias do Impera? Que é isso, filha?

- As meias do Impera, mamãe, do Imperador, elas não aparecem!

Cataploft!

:)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Urgente! Apenas hoje! Consulta Pública ANS: nossa possibilidade de exigir alterações e inclusões de procedimentos!


Texto totalmente copiado e colado do maravilhoso blog da Gisele Leal, Mulheres Empoderadas, com a devida autorização dela. Vamos participar! Passeatas nas ruas são legais, são necessárias e são legítimas como voz do povo, mas é nas leis que as nossas reivindicações viram realidade.
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img_logoANS
A cada 2 anos, a ANS (a agência reguladora dos planos de saúde) abre uma consulta pública para que a sociedade dê sugestões sobre o que os planos de saúde devem cobrir. Foi assim que conseguimos em 2011 inserir explicitamente a cobertura das despesas do acompanhante, a paramentação (a roupa para o acompanhante entrar e acompanhar o parto até mesmo dentro do centro cirúrgico), a alimentação e a acomodação do acompanhante.
Este ano de 2013 tem Consulta Pública… que termina hoje, terça-feira (dia 6 de agosto).
Podemos juntar nossas demandas e fazermos uma participação em massa… e torcer para que mulheres possam ter garantias de uma boa assistência a gestação, parto, nascimento e à amamentação também através dos planos de saúde. Vamos fazer chover demandas das mulheres em busca de uma assistência adequada para o parto!!
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Consulta Pública nº 53 da ANS
Atualização do Rol de Procedimentos de Cobertura Obrigatória dos Planos de Saúde
Clique em:
Tipo de Usuário: CONSUMIDOR
* deixe o ENTIDADE/RAZÃO SOCIAL em branco
Preencha seu nome
e seu CPF
Escolha as contribuições e siga as instruções:
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Tema: AUTONOMIA PARA EOs E OBSTETRIZES NA ASSISTÊNCIA AO PARTO
clique em:
ALTERAÇÃO DE ARTIGO DA RN/NOTA TÉCNICA PAC/ANEXO III – DIRETRIZ CLÍNICA/ANEXO IV – PROUT
digite o código que aparece ao lado
em “Selecione o Artigo / Nota Técnica PAC…”, clique em: Art. 4º
e em “Insira sua alteração do Artigo selecionado”, copie e cole:
Art. 4º Os procedimentos e eventos listados nesta Resolução Normativa e nos seus Anexos poderão ser executados por qualquer profissional de saúde habilitado para a sua realização, conforme legislação específica sobre as profissões de saúde e regulamentação de seus respectivos conselhos profissionais, respeitados os critérios de credenciamento, referenciamento, reembolso ou qualquer outro tipo de relação entre a operadora de planos privados de assistência à saúde e prestadores de serviço de saúde.
Parágrafo único. Os procedimentos listados nesta Resolução Normativa e nos seus Anexos serão de cobertura obrigatória quando solicitados pelo médico assistente, conforme disposto no artigo 12 da Lei nº 9.656 de 1998, com exceção: a) dos procedimentos odontológicos e dos procedimentos vinculados aos de natureza odontológica – aqueles executados por cirurgião-dentista ou os recursos, exames e técnicas auxiliares necessários ao diagnóstico, tratamento e prognóstico odontológicos – que poderão ser solicitados ou executados diretamente pelo cirurgião dentista; b) dos procedimentos obstétricos e de vinculados aos atos de natureza obstétrica – que poderão ser executados ou solicitados diretamente por obstetrizes ou enfermeiras obstetras nos termos da respectiva regulamentação profissional.
em “Justificativa”, copie e cole o texto abaixo, ou escreva o que desejar:
De acordo com a Resolução COFEN – 223/1999, que regulamenta a atuação de enfermeiros na assistência à mulher no ciclo gravídico-puerperal, garantindo competência ao enfermeiro obstetra e à obstetriz para assistência à parturiente e ao parto normal, bem como acompanhamento da gestação, do trabalho de parto e do puerpério, incluindo emissão de laudo para autorização de internação hospitalar.
clique em ENVIAR
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Tema: ACOMPANHANTE e OBSTETRIZ
clique em:
ALTERAÇÃO DE ARTIGO DA RN/NOTA TÉCNICA PAC/ANEXO III – DIRETRIZ CLÍNICA/ANEXO IV – PROUT
digite o código que aparece ao lado
em “Selecione o Artigo / Nota Técnica PAC…”, clique em: Art. 22º
e em “Insira sua alteração”, copie e cole:
“Art. 22. O Plano Hospitalar com Obstetrícia compreende toda a cobertura definida no artigo 18 desta Resolução, acrescida dos procedimentos relativos ao pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, observadas as seguintes exigências: I – cobertura das despesas, incluindo paramentação, acomodação e alimentação, relativas ao acompanhante indicado pela mulher durante: a) pré-parto; b) parto; e c) pós-parto imediato por até 10 dias, de acordo com a Portaria 2.418 de 2005, ou outra que venha substituí-la; II – cobertura assistencial ao recém-nascido, filho natural ou adotivo do beneficiário, ou de seu dependente, durante os primeiros 30 (trinta) dias após o parto; e III – opção de inscrição assegurada ao recém-nascido, filho natural ou adotivo do beneficiário, como dependente, isento do cumprimento dos períodos de carência, desde que a inscrição ocorra no prazo máximo de 30 (trinta) dias do nascimento ou adoção. Parágrafo único. Para fins de cobertura do parto normal listado nos Anexos, este procedimento, incluindo as consultas, poderá ser realizado por enfermeiro obstétrico habilitado ou obstetriz habilitada, conforme legislação vigente, de acordo com o artigo 4º desta Resolução. ”
em “Justificativa”, copie e cole o texto abaixo, ou escreva o que desejar
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.418 de 2005 que regulamenta a Lei do Acompanhante (Lei Federal nº 11.108 de 2005) o “pós-parto imediato” é definido como os primeiros 10 dias após o parto. Mulheres asseguradas por plano de saúde devem ter seu direito assegurado de acordo com a legislação vigente.
clique em ENVIAR
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Tema: PLANTÃO PRESENCIAL DE ANESTESISTA PARA PARTO
clique em: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
na janela que se abrir, selecione: ROL DE PROCEDIMENTOS
clique em: CONTINUAR
digite o código que aparece ao lado
e em ”Nome do procedimento a ser incluído:”, copie e cole:
cobertura de plantão presencial de anestesista para parto vaginal
em “Justificativa:”, copie e cole, ou escreva o que desejar:
Os hospitais e maternidades de atenção obstétrica rotineiramente mantêm plantão de sobreaviso de anestesistas, o que atrasa uma intervenção cirúrgica em alguma emergência durante o parto ou impede o acesso a analgesia durante o trabalho de parto. Os serviços de atenção obstétrica devem manter plantão com os anestesistas dentro das instituições.
clique em ENVIAR
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Tema: PLANTÃO OBSTÉTRICO
clique em: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
na janela que se abrir, selecione: ROL DE PROCEDIMENTOS
clique em: CONTINUAR
digite o código que aparece ao lado
e em ”Nome do procedimento a ser incluído:”, copie e cole:
Plantão Obstétrico Multiprofissional
em “Justificativa”, copie e cole:
Para que haja cobertura do procedimento “parto” no setor suplementar, que é uma urgência sem previsão de início ou duração exatos, faz-se necessário que as mulheres possam ter acesso a plantões obstétricos de referência. Esses plantões devem ter equipe multidisciplinar alinhados às diretrizes do Ministério da Saúde para a assistência adequada e qualificada ao parto e nascimento.
clique em ENVIAR
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Tema: CURSO DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO E AMAMENTAÇÃO
clique em: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
selecione: ROL DE PROCEDIMENTOS
clique em: CONTINUAR
digite o código ao lado
em ”Nome do procedimento a ser incluído:”, copie e cole:
Cobertura de atendimento educativo de preparação para o parto e amamentação
em “Justificativa”
O Ministério da Saúde estimula a realização de atividades educativas como forma reconhecidamente eficiente para incentivar o parto vaginal espontâneo e aleitamento materno. Além disso, ações como estas são eficazes para proporcionar respostas às indagações da mulher ou da família e as informações necessárias, a fim de atender ao princípio constitucional da equidade.
clique em ENVIAR
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Tema: CESARIANA ELETIVA
clique em: TIPO DE CONTRIBUIÇÃO
selecione: INCLUSÂO DE DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO
clique em: LISTA DE PROCEDIMENTOS
na janela que se abrir, clique em: ROL de PROCEDIMENTOS
depois clique em PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS
depois clique em: SISTEMA GENITAL E REPRODUTOR FEMININO
depois clique em: PARTOS E OUTROS PROCEDIMENTOS OBSTÉTRICOS
depois selecione: PARTO CESARIANO
clique em CONTINUAR
Digite o código que aparece ao lado
e em “Insira a Diretriz de Utilização para o Procedimento Selecionado”, copie e cole, ou escreva o que desejar:
1. Cobertura obrigatória em caso de risco à vida da mulher ou do concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos e quando preenchidos os seguintes critérios:
a) seja apresentado documento escrito e firmado, com a expressa manifestação da concordância da pessoa, após receber informações a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais da cirurgia e medicamentos, problemas na recuperação e dificuldades para as próximas gestações; b) todo nascimento cirúrgico será objeto de notificação compulsória à direção do Sistema Único de Saúde.
2. É vedada a realização de parto Cesáreo quando preenchidos pelo menos um dos critérios: a) fora de trabalho de parto, exceto em casos de comprovada necessidade clínica; b) a pedido da gestante ou qualquer outra indicação não clínica
em JUSTIFICATIVA
Cesáreas eletivas apresentam mais riscos e complicações do que o parto vaginal, tanto para a mulher, quanto para o bebê e até para as gestações futuras. Vale lembrar que, de acordo com o Código de Ética Médica é vedado ao médico praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no País.
clique em ENVIAR
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Tema: INTERVENÇÕES NA ASSISTÊNCIA AO PARTO
clique em: TIPO DE CONTRIBUIÇÃO
selecione: INCLUSÃO DE DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO
clique em: LISTA DE PROCEDIMENTOS
na janela que se abrir, clique em ROL DE PROCEDIMENTOS
depois clique em PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS
depois clique em: SISTEMA GENITAL E REPRODUTOR FEMININO
depois clique em: PARTOS E OUTROS PROCEDIMENTOS OBSTÉTRICOS
depois clique em: ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO
clique em CONTINUAR
Digite o código que aparece ao lado
em “INSIRA A DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO PARA O PROCEDIMENTO SELECIONADO”
copie e cole, ou escreva o que desejar
1. Cobertura obrigatória.
2. É vedada a realização de qualquer intervenção, salvo em caso de risco de vida da mulher e do concepto, sem antes haver a apresentação de documento escrito e firmado, com a expressa manifestação da concordância da parturiente e após receber informações a respeito de todos os procedimentos a serem adotados e seus respectivos riscos, possíveis efeitos colaterais e problemas para recuperação.
em JUSTIFICATIVA
O atendimento humanizado é diretriz do Ministério da Saúde e é uma política considerada fundamental para promoção de saúde. Além disso, todo cidadão tem o direito de ser informado sobre os procedimentos que serão adotados nos cuidados com sua saúde, bem como o direito ao consentimento livre e esclarecido ou a recusa, sem que qualquer destes posicionamentos lhe represente quaisquer tipo de ônus.
clique em ENVIAR
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Tema: DOULA
clique em: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
selecione: ROL DE PROCEDIMENTOS
clique em: CONTINUAR
digite o código ao lado
em Nome do Procedimento a ser incluído
cobertura de acompanhamento de doula no pré-parto, parto e pós-parto
em JUSTIFICATIVA, copie e cole:
A revisão sistemática da Cochrane comprovou que a presença de uma doula no trabalho de parto e parto está associada a maior chance de um parto vaginal, menor necessidade de analgesia de parto, menor duração do trabalho de parto, menor risco de cesárea, menor risco de parto instrumental, menor necessidade de analgesia e menor risco de nascimento de bebês com baixos escores de Apgar no 5o. minuto.
clique em ENVIAR
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Tema: PARTO DOMICILIAR
clique em: TIPO DE CONTRIBUIÇÂO
selecione: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
selecione: ROL DE PROCEDIMENTOS
clique em: CONTINUAR
digite o código ao lado
e em Nome do Procedimento a ser incluído copie e cole:
Assistência ao parto domiciliar por enfermeira obstetra, obstetriz ou médico e assistência domiciliar e/ou hospitalar ao recém-nascido
e em: Justificativa:, copie e cole ou escreva o que desejar:
As mulheres têm o direito de escolher o seu local de parto.
clique em ENVIAR
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Tema: ATENDIMENTO DOMICILIAR EM CONSULTORIA DE AMAMENTAÇÃO
clique em: TIPO DE CONTRIBUIÇÃO
selecione: INCLUSÃO DE PROCEDIMENTO
clique em: Lista de Procedimentos
na janela que abrir, clique em:
ROL DE PROCEDIMENTOS
e clique em: CONTINUAR
digite o código ao lado
e em “Nome do Procedimento a ser incluido”, copie e cole:
ATENDIMENTO DOMICILIAR EM CONSULTORIA DE AMAMENTAÇÃO
em “Justificativa:” copie e cole, ou escrea o que desejar
Considerando que o Leite Materno é o melhor alimento para um bebê e que a amamentação não é instintiva, mas uma habilidade que deve ser aprendida, mulheres em período lactacional precoce ou tardio, que possuem desejam amamentar seus filhos devem ter acesso à assistência adequada e qualificada para a amamentação.
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Divulgue, é só copiar colar. Vamos fazer nossa parte!!
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