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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Das coincidências e dos sinais. E do medo.

Existe uma coincidência no nascimento dos meus dois filhos. Ambos nasceram sob o número 503.

503 era o número do quarto do Centro Obstétrico do Hospital da Unimed em Joinville, onde eu e a Ísis ficamos por duas noites após seu nascimento.


503 era o número do apartamento que nós alugamos em Porto Alegre, para torná-lo nosso lar temporário, aquele onde o Pedro nasceria.


E neste hiato, entre o 503 de 28/04/2009 e o 503 de 09/02/2012, muita coisa aconteceu em mim.

Por vezes eu me descobri perdida da minha essência, como se estivesse vivendo uma vida que não era a minha. Creio que quando se foge de si mesmo, não há como não se sentir longe de casa. E longe de casa é um lugar estranho demais para se ficar por muito tempo.

Agora é tempo de retornar, e como o viajante mochileiro, eu retorno muito cansada, muito saudosa e trago na bagagem muitas experiências vividas, muitas pessoas conhecidas, muitos calos nos pés. 

Este ano de 2013 começou com alguns desejos, ainda lá na fronteira com o Uruguai. Alguns deles eu consegui realizar. Mas o que este ano de 2013 me trouxe de presente foi a capacidade de dar valor ao tempo presente. A esperteza infantil de ser capaz de viver o dia de hoje, da maneira mais plena possível, entre o despertar e o adormecer.

O ano de 2013 ainda não acabou, mas eu sinto como se eu fosse entrar novamente num hiato. Eu não sei como sairei dele, mas levo comigo a certeza de que meu tempo neste mundo é muito raro, e por isso mesmo, é muito caro.

Pensando sobre o tempo que tive e o que ainda hei de ter, descobri uma coisa importante: eu sou uma péssima investidora do meu tempo, porque eu uso a maior parte das minhas horas de vida para fazer coisas que não fazem sentido para mim, para conviver com pessoas que não me conhecem, para defender causas que não são as minhas.

Esta simples descoberta explodiu dentro do meu peito e eu chorei. Chorei cada minuto sem sentido que eu já vivi. Chorei cada momento perdido devido a minha incapacidade de viver no tempo presente. Chorei a ausência dos que me são caros. Chorei o medo dos que estão diante da necessidade de escolher.

E o meu pranto não diminuiu, mas alcançou outras descobertas, outras não vivências, outras ausências, outras desconexões.

E foi preciso nascer de novo. Foi necessário reviver em poucos dias toda a minha infância para buscar novamente a minha essência. Foi necessário rever decisões e descobrir, dolorosamente, que eu vivo de ilusões. Eu estou na Matrix.

Eu quase me senti como uma pessoa com dupla identidade: a verdadeira e a fachada. E doeu muito descobrir que a minha vida se transformou numa incoerência segura.

E o medo se transformou em coragem e da coragem surgiram as ideias e as ideias esbarraram no medo. Medo. Eu me sinto a própria Chapeuzinho Amarelo, com medo do medo do medo do medo...nem eu mesma sei nomear o medo do medo que eu tenho.

E à noite, no silêncio da casa, minha alma se liberta do medo e eu sonho. E pela manhã eu me inundo da coragem que me abandona à noite.

Em algum momento eu deixei de me ouvir, eu me desconectei de mim mesma porque tive medo. Ainda tenho. E somente eu poderei vencê-lo.

O chineses acreditam na força do número 8. Eu acredito nos sinais da vida. Os dois juntos apareceram para mim no dia 28/04/2009 e no dia 09/02/2012.

É hora.
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