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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Duas dicas para salvar a sua vida!

Essa semana, durante meus estudos, eu assisti uma mulher brasileira que mora na Austrália falar um pouco sobre a história de vida dela, sua caminhada até o momento pleno que vive hoje.

Tínhamos várias coisas em comum.

Ela disse dias coisas que me balançaram, porque esse é o momento que eu estou vivendo agora. Buscando novos rumos, vivendo cada dia de uma vez. Estar presente no tempo presente. Só a ponta do dedo lá no futuro.

Essa brasileira me disse duas coisas:

- não perca tempo! a vida é hoje, é agora! não adie seus sonhos, comece a realizá-los. não viva uma vida pela metade, uma vida menor do que aquela que você merece. comece agora o futuro que você deseja.

- pare de assistir televisão! a televisão de massa não vai te fazer realizar seus sonhos. invista em conhecimento de qualidade. desligue a televisão! muitas vezes ela vai te fazer acreditar que você tem uma vida melhor que a dos outros, outras vezes ela vai te fazer acreditar que você tem uma vida pior do que a dos outros, mas a questão é: você está tendo a vida que quer?

Eu estou mergulhada no empreendedorismo e empreendedorismo associado com missão de vida é revolucionário!

Eu já achei o meu porquê, aquilo que me move. E você?


Eu sei que o começo da mudança pode ser difícil. Eu já vivi e estou vivendo isso. Por isso eu também conheço a importância de estar unida com outras pessoas da minha tribo. Mesmo que essa ribo fique a quilômetros de distância.

A internet tem essa magia: se você souber como usar, ela pode ser um agente unificador!

O tempo passa tão rápido!

O bebê que deu origem a esse blog acaba de completar cinco anos! E quantas mudanças nesse espaço de tempo!

Não espere!

E...desligue a televisão!

Tá?

:)



sábado, 26 de abril de 2014

Onde houver poluição, que eu enxergue nuvens de algodão

O Lírio do Pântano

Ela olhou pela janela do carro e sorriu para mim, enquanto falava empolgada:

- Mamãe, olha ali! Olha! São aquelas máquinas que fazem as nuvens! Descobri!

Eu olhei, mas vi outra coisa. Fechei os olhos. Abri novamente. E nos segundos seguintes eu pude ver onde nascem as nuvens.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

O médico e a síndrome do dentista mergulhador

Vocês já assistiram ao desenho Procurando Nemo?

Eu já assisti algumas vezes. A primeira vem em que o vi ainda nem sonhava em ser mãe. Meu marido havia viajado por alguns dias e eu passei na locadora para ver todos os filmes que eu gostaria de assistir, mas que ele não tinha vontade de ver comigo. Desenhos animados eram alguns deles.

Cabe ressaltar que hoje, pelos filhos, ele assiste a vários desenhos animados. Re-pe-ti-da-men-te! Não posso deixar de sentir uma certa satisfação sarcástica com isso. :)

Mas voltando ao Procurando Nemo...

Semana passada minha filha pediu para vermos esse desenho novamente e uma cena me chamou a atenção: a cena em que o dentista mergulhador retira o Nemo das redondezas do coral e o leva num saco plástico para seu aquário particular.

Ao falar sobre o peixinho a um paciente ele explica algo como isso: o pobrezinho estava morrendo no coral e eu o salvei.



No mesmo instante eu me lembrei dos médicos com quem tive a oportunidade de conversar sobre o nascimento do Pedro - o atual pediatra dele é um deles - e alguns médicos que se manifestam em entrevistas sobre parto natural, principalmente o domiciliar.

Em todas as oportunidades eu ouvi diversas falas sobre os muitos problemas relacionados com o parto normal, desde risco de morte até traumatismos e problemas psicomotores. O médico e a medicina estão ali para salvar aquela mulher e aquele bebê desses males.

Eu, como uma pessoa apaixonada pelo assunto e estudiosa do parto desde o nascimento da minha primogênita, entendo perfeitamente essa postura médica, principalmente em obstetras e pediatras. Durante sua formação médica eles passam anos da vida aprendendo sobre as anomalias, sobre tudo o que pode dar errado -  e dá algumas vezes - durante o evento parto.

Em todas as vezes, a fala que mais me chama a atenção é o medo que eles sentem de não poder controlar o parto. O parto é um evento imprevisível, ainda que possa gozar de alguma previsibilidade. O parto é algo que acontece no corpo da mulher, interno, silêncio, penumbra.

Então, diante de toda essa incerteza, ainda que se saiba através das evidências científicas que cerca de 85% das mulheres são gestantes de baixo risco e teriam seus filhos saudavelmente sem intervenções, o médico não consegue simplesmente observar, acolher, assistir. Ele tem que agir. E na sua ação, tal qual o dentista mergulhador do desenho do Nemo, acaba piorando uma situação que estava sob controle e que terminaria bem, sem a necessidade de intervenções.



Caso o dentista mergulhador fosse um bom observador e tivesse a paciência de contemplar algo que ele desconhecia -  a vida marinha no coral - muito provavelmente ele teria visto o pequeno Nemo, após sua crise de afirmação de independência, retornar para perto do pai, no coral. São e salvo. O pai lhe daria uma bronca por ter se afastando e fim da história.

O que vimos no desenho, porém, foi a ação do dentista. Uma intervenção no curso natural dos acontecimentos, uma péssima observação sobre o que estava a sua frente. Ele não fez por mal, acreditava com todas as suas forças que estava salvando aquele peixinho da morte!

O dentista, tal qual  médico intervencionista, acredita que está agindo em prol do bem estar. Mas, na maioria das vezes, está salvando alguém que não precisa ser salvo. Os médicos acreditam piamente que salvam as mulheres e seus bebês quando agem de forma intervencionista, sem a menor necessidade.

No caso do pequeno Nemo, a intervenção do dentista deu origem a uma jornada perigosa de seu pai para encontrá-lo. Felizmente, tudo acabou bem.

No caso das mulheres que sofrem intervenções desnecessárias, a jornada é igualmente perigosa e pode terminar com a morte da mãe, do bebê, ou de ambos. Felizmente, em muitos casos, tudo termina bem.

Mas e quando não termina?

O obstetra humanizado Ricardo Jones, em seu livro Memórias de um Homem de Vidro, narra uma cena de parto que acontece no Centro Obstétrico e que, segundo ele, é um divisor de águas na sua atuação médica de assistência ao parto.

No fim, quando ele se encontra sozinho na sala onde uma mulher pariu sem perceber sua presença, como se ele fosse feito de vidro, uma enfermeira lhe pergunta: Já pensou o que aconteceria se o senhor não estivesse por perto?

E ele responde para si mesmo que provavelmente aquela mulher teria seu filho com maior tranquilidade.

Nesses dias em que todas as pessoas intimamente ligadas à causa da humanização dos nascimentos no Brasil estiveram mobilizadas devido à intervenção da justiça durante o trabalho de parto de Adelir, na cidade de Torres-RS, esse capítulo do livro do Dr. Ric Jones não me saía da cabeça.

E se não tivesse acontecido essa intervenção judicial?

Muito provavelmente Adelir teria parido com mais tranquilidade. Talvez a cesariana estivesse mesmo em seu caminho, já que a maioria dos obstetras hoje não sabe assistir um parto, apenas realizar cirurgias.

Mas assim como a intervenção do dentista mergulhador deu origem a uma jornada de auto conhecimento, de superação de medos e de fortalecimento de vínculo, quem sabe as intervenções desnecessárias pelas quais passam diversas mulheres durante o trabalho de parto Brasil afora, com Adelir representando o ápice da violência obstétrica no Brasil, não saiamos todas mais fortalecidas em nosso vínculo com nosso corpo, que inclui a escolha da via de parto.

Eu vivi a minha jornada em busca de um parto digno, respeitoso, seguro, íntimo. Tive duas oportunidades de parir nessa vida. Trilhei meu caminho e durante esse percurso tive muita ajuda. Felizmente me cerquei de pessoas que pensavam como eu, afastei aquelas que não entendiam minhas escolhas. Para minha sorte, a vida me levou para longe de Torres-RS, minha cidade da infância. Mas eu poderia ter sido Adelir.

Como você deseja parir quando for a sua vez?

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Percebendo o parto como marco de transformação


Eu sei que falar de parto é um assunto delicado. Eu, no começo da minha vida na blogosfera, li muitos artigos sobre parto. Alguns considerei bem agressivos (hoje já não penso mais assim), mas a verdade é que todos eles foram importantes na desconstrução da imagem que eu tinha sobre gestar e parir no Brasil, gestar e parir no nosso sistema obstétrico.

O que eu não sabia naquela época era que o processo de busca pelo direito de parir com respeito e dignidade também seria um processo de auto conhecimento. Mais ainda: seria um processo de quebra de paradigmas, de desconstrução de teorias apreendidas pela minha vida afora.

Se você, como eu, está na casa dos trinta anos, há uma grande possibilidade do seu nascimento ter sido por via vaginal, dentro de um ambiente hospitalar e repleto de intervenções.

Se você tem menos de trinta anos, então é muito provável que você tenha chegado ao lado de cá da vida através de uma cirurgia de extração fetal: a cesariana. Hoje, mais da metade dos nascimentos brasileiros são feitos através de uma cirurgia. Planos de saúde potencializam esse número para quase a totalidade dos nascimentos.

Neste ponto do texto vamos esquecer um pouco as vantagens e desvantagens, os prós e contras. Não é disso que quero falar hoje.

Hoje eu quero te propor uma conversa sobre como o parto, esse evento fisiológico e da sexualidade feminina, pode ser um marco de transformação na sua vida, um agente potencializador da sua humanidade, da sua evolução como ser humano e, também, da sua própria visão do feminino, da sua feminilidade.


Eu sou uma mulher comum. Nasci de um parto vaginal hospitalar cheio de intervenções. Venho de uma família de mulheres que, em teoria, não conseguem ou não podem parir. Ou ganham seus filhos com muito sofrimento.

Em determinado momento eu quis romper com esse estigma. A partir dessa decisão, minha maneira de enxergar o mundo nunca mais foi a mesma. Então, a partir desse ponto, eu só posso te dizer uma coisa: se você está satisfeita com a maneira como você vê o mundo, se você acha que tudo está onde deveria estar, ou se você acha que você, uma mulher, uma simples mulher, não pode fazer nada para mudar a sua vida, abandone esta reflexão agora. Paramos aqui e seguimos juntas em outras esferas.

Mas se você seguir, tenho certeza que você será capaz de enxergar o parto, não como um flagelo feminino, um flagelo impingido por ninguém menos que Deus, veja bem; tenho certeza que você enxergará o parto para além do evento fisiológico que ele é. Um véu cairá e você entenderá alguns dos motivos pelos quais o parto é um agente potencializador da vida, para além da possibilidade de trazer um filho à luz!

Todos nós queremos buscar o melhor para nós, certo? E para além de nós mesmos, queremos sempre o melhor para aqueles que amamos. Para conseguirmos esse melhor fomos dotados da capacidade de raciocínio e, porque não, do instinto.

Então quando eu estava gestando minha primeira filha, meu instinto me dizia que parir por via vaginal era o melhor. O raciocínio fez com que eu fosse em busca de informações. Achei muitas na internet. Tive convicção de que faria todo o meu possível para ter um parto normal, caso não houvesse riscos.

E como eu estava dentro da estatística que preconiza que cerca de 85% das mulheres são gestantes de baixo risco, eu tive um parto normal hospitalar, com todas as intervenções de praxe, inclusive uma episiotomia indesejada, um parto talvez melhor do que o da minha mãe, porque tive analgesia sem complicações.

E depois do parto, uma constatação: parir assim é uma guerra. Uma inquietação surgiu, mas eu ainda não havia retirado totalmente o véu.

Assim como no parto, minha maternidade nos primeiros meses após o nascimento da minha filha foi cerceado por informações desencontradas, teorias sem fundamento e foco no desapego, na independência daquele bebê que nasceu para ser apegado, acalentado, cuidado e protegido.

Aquela inquietação inicial se transformou em desejo de fazer diferente. E numa segunda oportunidade eu não me deixei enganar ou esmorecer. Eu busquei o melhor para mim e para o meu bebê.

Após o parto, impossível não me embriagar no coquetel do amor, que nos inunda as veias e nos faz sentir capazes de transformar o mundo. O amor e sua química são mesmo agentes de mudança poderosos! Eu me senti uma guerreira, eu havia lutado e vencido, eu havia vivido o melhor e nada menos que isso me contentaria depois.

Por desejar o melhor eu fiz escolhas diferenciadas, não nego. Escolhas apoiadas. Sem apoio, nada se consegue.

Após o parto eu nunca mais me conformaria com o senso comum, com a vida seguindo seu curso sem que eu percebesse os dias passando, com os dias e noites surgindo e sumindo sem que eu estivesse realizando um propósito. O tempo fluindo, sem que eu estivesse plenamente consciente da sua importância.

Com o processo de escolha do parto humanizado e domiciliar, veio também o pacote bônus: amamentação em livre demanda, prolongada, visando ao desmame natural; criação com apego e o desejo forte de educar sem castigos, sem gritos (ainda falho aqui, como vocês sabem) e educar com foco na legitimidade infantil, legitimidade de seus anseios, necessidades, desejos, incapacidades.

E para além dos filhos, o processo de parir também me empoderou de maneira tal que eu passei a ser importante em todo o processo. Eu passei a legitimar minhas vontades, minhas não vontades. Passei a ser agente da minha transformação, passei a viver com consciência de mim mesma.

E é sempre importante lembrar: não quero dizer como você deve viver a sua vida. Eu não tolero que façam isso comigo. Eu quero que você saiba que, se algo te incomoda, se você sente que algo está fora do lugar na sua vida, é porque está. E você sempre pode mudar isso.

E, também é sempre bom dizer: eu não quero que você faça as minhas escolhas. Eu quero que você faça as suas escolhas! E eu e você estaremos trilhando o nosso caminho, seguindo a nossa jornada, vivendo a nossa verdade. E não a verdade que nos dizem para viver.



segunda-feira, 31 de março de 2014

Ser só mãe: existe isso?

Um dos textos mais lidos aqui do blog é o "Escolinha X Babá", escrito no ano de 2011. Nele eu contava um pouco das minhas experiências com uma creche, onde minha filha ficou dos 6 aos 15 meses, e com uma babá, dos 18 meses até nossa saída de SVP-RS, quando ela já estava com quase 4 anos.

A quantidade de pessoas que chega a esse texto através da busca pelo termo "escola X babá", "creche X babá" demonstra a realidade de boa parcela das mulheres brasileiras: o retorno ao trabalho após o término da licença maternidade.



Eu vivi essa realidade por duas vezes e ainda me lembro como doíam os momentos de separação dos meus bebês. Eu ainda me lembro daquele sentimento de inconformidade com a necessidade de ter que me separar dos meus filhos para trabalhar.

Eu venho de uma família de mulheres que trabalham. Eu nunca fui educada para casar e ter filhos, mas sim para estudar, trabalhar, ser independente. Casamento e filhos era algo desejado, mas nunca foram um objetivo. Aconteceria, se fosse para ser assim.

Já estudo e trabalho não. Eram um objetivo. Terminar a escola, entrar para a universidade, formar-se, trabalhar. Não depender do marido. Nunca depender.

E então chega a maternidade. A fusão que acontece com o bebê que acaba de chegar é algo que nos tira o pé do chão. Nos arranca de nós mesmas. Muitas dizem até que perdem sua identidade.

Para mim também aconteceu essa perda de identidade. O meu objetivo era garantir que aquele pequeno ser teria tudo o que precisasse, quando precisasse. Garantir o bem estar da minha filha (e depois do meu filho) era tudo que o meu ser conseguia fazer.

Mas...existe um final para a licença maternidade, muitas nem mesmo possuem esse período. E muitas de nós mulheres abandonamos nossos empregos nesse momento. Outras tantas o abandonam já na gestação. Outras, como eu, não querem deixar seu trabalho, mas também não querem deixar seus filhos - surge aí um dilema que acompanha boa parte das mães que trabalham fora de casa. E algumas estão onde desejam estar. Sentem-se ajustadas.

O mundo surge com a solução para as mães que, como eu, não querem deixar seus filhos, mas querem voltar ao trabalho: terceirizar. Seja numa creche, seja com uma babá, a ordem que recebemos é deixar nossos filhos com terceiros. A regra é clara: se você quer trabalhar, terceirize. Se não quer terceirizar, abandone seu trabalho. Afinal, o que mais pode ser feito, não é mesmo? Você não tem o direito de trabalhar E maternar nos dias de hoje.

Se antigamente não se ouvia falar em creches e as poucas que existiam eram muito mal vistas, atualmente as creches ou escolinhas são altamente recomendáveis como solução para nossa ausência. Das mais amplas e modernas às mais alternativas, ou que tentam imitar o ambiente familiar, passando por pedagogias e filosofias diferentes, o que todas querem é que deixemos nossos filhos ali e saiamos tranquilas para ganhar o mundo cão que nos aguarda. Afinal, precisamos pagar nossas contas, precisamos garantir, mais uma vez, que nossos filhos terão tudo que quiserem, tudo que precisarem. Precisamos garantir nossa independência. Será mesmo?

E se você vai deixar seu filho num ambiente hostil com pessoas estranhas, para que eles passem de 8 a 12 horas por dia longe do ambiente familiar e dos pais, lembre-se: sinta-se segura! Afinal, se o seu filho sofre na escola, não é porque é totalmente antinatural ele estar longe da família e do ambiente familiar, é porque a sua insegurança de mãe passa para ele! Mas não se preocupe! Ele chora só enquanto você está lá, depois que você sai ele chora mais uns cinco minutos e para! Fique tranquila!

Quem sabe você tenha escolhido deixar seu filho com uma babá. Eu já deixei. A maior parte do tempo, foi uma ótima experiência, muito melhor que a creche. Mas ainda assim há contras. Se a babá possibilita um cuidado mais afetuoso, presencial, constante e no ambiente familiar, ela também pode ser um problema, simplesmente porque não é o pai ou a mãe. A relação que se estabelece com uma babá e uma criança geralmente não visa ao crescimento e ao aprendizado dessa criança, mas sim, apenas ao carinho e à aceitação. Pode ser uma boa ideia nos primeiros meses, ou nos primeiros 2 anos. Mas e depois?

 E sempre haverá o risco de não dar certo. A última babá que eu tive chegou e foi embora em 30 dias. A partir dali eu jurei que nunca mais iria deixar para terceiros aquilo que me era mais precioso. Nem que fosse necessário recomeçar, ou revolucionar meu micro mundo.

Mas, antes disso, cansada dessa discussão e dessa falsa competição que o mundo jura que existe entre mulheres que trabalham em casa e mulheres que trabalham fora de casa (eu sei, essa rixa pode ser bem real muitas vezes, mas não caia nessa armadilha de ver outra mulher como sua concorrente, como sua rival), eu escrevi outro texto, ressaltando que nós mulheres não deveríamos ter que escolher entre nossos sustento e nossa maternidade. Que deveríamos poder exercer com qualidade as duas coisas, as duas facetas de nossa existência. Afinal, ninguém quer uma vida pela metade - ou nem isso - todos nós desejamos uma vida integral. Ninguém é só (e esse só, notem que sempre vem de forma pejorativa) mãe. Ninguém é só profissional. Ou esposa. Ou só qualquer coisa. Somos seres multifacetados. E devemos querer viver bem todas as nossas facetas. Não deveríamos nos contentar em viver menos. Afinal nossa vida deve valer alguma coisa para além do nosso cartão de crédito e do nosso financiamento da casa própria. Sim ou não?



E hoje eu estou numa fase nova. Estou numa fase que muitos creem ser a de só mãe. Só que eu nunca serei só mãe, apenas mãe. Serei mãe. Sempre, desde 2009. Mas eu quero ser outras tantas coisas. Não me contento em ser menos. Quero ser tudo que eu tenho o direito de ser.

Olhe para seus filhos e filhas: vocês não acham que eles podem ser tudo o que quiserem ser?

Eu estou trilhando. E, como tenho aprendido em minhas aulas sobre empreendedorismo -  área que sempre amei, desde a época em que trabalhei numa empresa júnior de nutrição - o sucesso não é o final da jornada. O sucesso é a jornada! O caminho, a trilha, o prosseguir. Por isso, ninguém será pleno sendo só isso ou só aquilo. Não há caminho percorrido, mas sim caminho a percorrer e aquele que já ficou para trás.

Escola, babá, creche, família. Onde deixar nossos filhos? Não há resposta certa aqui, há aquela resposta que vai te satisfazer por muito ou pouco tempo. Não se iluda: os filhos precisam dos pais. Tenha isso em mente ao fazer escolhas. Nenhum caminho "está escrito". Somos todos protagonistas de nossas vidas.

E, no lugar de pensar que existe apenas uma solução, pense que somos nós quem exigimos ou não soluções para nossos dilemas. Se não o fizermos, a vida seguirá, e trilharemos caminhos que não são nossos.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O início do querer: uma nova abordagem para os meus dilemas antigos

Céu azul com poucas nuvens na SVP de fevereiro de 2011.

Hoje eu vou reblogar um texto publicado em fevereiro de 2011 - Os diferentes momentos do querer. Lá atrás, nesta época, a Ísis ainda não havia completado 2 anos, o Pedro ainda não era um desejo real, nós estávamos morando no sul do sul, eu havia começado a experiência com a babá há pouco mais de 2 meses e ensaiava mudar mais concretamente minha maneira de enxergar muitos atos e pensamentos meus, como mãe.

Do questionamento surgiram as dualidades, duas forças e formas de encarar situações da vida pós filhos. Aquilo que eu achava que seria o meu caminho, e por isso o certo para mim, e aquilo que o meu coração começava a gritar.

A necessidade de mudança começava a dar seus sinais confusos, sinais esses que ficariam ainda mais intensos meses depois, quando eu finalmente carregaria o Pedro no ventre.

Eu tenho carinho por este texto. Nele é fácil retratar a mãe que eu havia sido até então e ele marca o começo da minha rebeldia com o caminho pré fabricado.

Engraçado que eu falei do desejo de pedir uma licença remunerada. Um desejo bem tímido ainda, mas que hoje se tornou realidade.

Interessante ler que eu chamei a Ísis de minha pequena infante! Não lembrava de tê-la chamado assim, achei que era um jeito carinhoso e exclusivo de chamar o irmão.

E eu falo da cama compartilhada! Nossa, como as coisas mudaram neste ponto! No final daquele ano eu estaria comprando uma cama maior para justamente poder fazer cama compartilhada com meus filhos. Fiz muito com a Ísis logo que o Pedro nasceu. Fiz muito com o Pedro (na verdade, ele mal dormiu no berço) e ainda faço hoje. A diferença hoje é que eles aparecem na minha cama no meio da noite! É o famoso motim da madrugada! :)

O dilema creche-babá dava seus sinais mais uma vez. Dois anos depois eu passaria por uma situação muito difícil no meu ambiente de trabalho que teria como tema central essa dupla. No final, nenhuma das duas opções me satisfazia. Cansada de não escolher, resolvi fazer a escolha de não ter nenhuma dessas duas opções e assim será!

A solidez com que eu fui galgando os degraus dessas mudanças de paradigma só foi possível graças à blogosfera materna. Hoje eu percebo que há muitos brios, muitas reclamações, muitos dedos em riste. Mas de verdade, eu não acredito nisso. Eu acredito na construção de conhecimento coletivo. O que você vai fazer com esse conhecimento é problema seu. Mas ele está aí. E ainda é gratuito!

Então, se tiverem um tempinho, leiam esse texto e depois me contem sobre as mudanças que vocês sentiram em vocês após a entrada na blogosfera materna: afinal, vocês se sentem ajudadas por esse círculo de mulheres ou não?

PS: Saudades de muitos blogs antigos e extintos, como o Mamãe Antenada! Como esse blog não existe mais, você não conseguirá ler o maravilhoso texto da Adriana, que me inspirou a escrever o texto abaixo. :(

***

Os diferentes momentos do querer

Um tempo atrás eu li este texto da Adriana Guimarães no blog da Pérola e fiquei cativada pela maneira como ela descreve uma experiência que eu, antes radicalmente contra, obviamente antes de ser mãe, hoje admiro e apoio quem consegue, ainda que tenha plena consciência de que esta prática não se encaixaria no meu dia a dia como rotina.

Acho que vivemos essas dualidades durante a maternagem desde que nos descobrimos grávidas. Aliada à emoção do teste positivo, vem a insegurança e o medo do novo (ser) que está por vir. São dois sentimentos antagonistas e complementares, como todos, ou quase todos, os outros sentimentos que teremos dali para frente.

Eu costumava me achar bem resolvida antes da minha primeira filha (digo primeira porque sei que há ainda mais um ou dois filhos me esperando em algum lugar, mas não estou grávida) nascer. Decidia algo e realizava, simples e aritmética como uma boa planilha de excel consegue (?) ser.

Depois da maternidade eu vivo em conflito, como no começo do aleitamento, quando eu não podia me ausentar de casa por mais de 2 horas, passando a me sentir enjaulada, solitária; mas em contrapartida não podia ouvir falar em dar mamadeira para a Ísis que virava onça e saía de dedo em riste do marido primeiro que me sugeria tal coisa! Ou, ainda sobre aleitamento, quando ia dormir implorando para que a pequena dormisse a noite toda porque estava cansada, acabada mesmo de tanto levantar nas madrugadas para dar de mamar de 2h em 2h, mas ao mesmo tempo sempre sorria quando minha filha mamava com vontade, de fazer barulhinho de gut-gut e me pegava pensando que seria muito bom se eu conseguisse manter a amamentação até meus peitos baterem no pé.

Da série conflitos ainda posso falar do trabalho x dedicação exclusiva! Na época da licença maternidade me pegava pensando que seria bom voltar a trabalhar, colocar a cria na escolinha, ter mais tempo para mim, falar de outras coisas que não filhopumcocoxiximamadagolfadapapinhadurante todo o dia; mas, OH!, eis que crio um blog para falar justamente disso nos meus intervalos do trabalho e ainda me pego cogitando seriamente em pegar licença não remunerada por anos a fim de grudar na filhota durante todo o dia!

A dualidade escolinha X babá também rondou, ronda e rondará a minha mente durante o período antes da escola pré-primária. Desejo de que ela se socialize, que me dê um tempo, que aprenda a falar gato em inglês só para eu dizer "ai que lindo!", ainda que ela fique mais doente, que fique fora de seu habitat, que tenha que aguentar 10 professoras em trocas de turno e colegas mil birrentos e de nariz escorrendo como ela; em contrapartida ao medo de que ela fique com uma louca sádica, ou uma gente boníssima que fala errado e vai ensiná-la a dançar Rebolation e falar mortandela, mas que vai pegar no colo, colocar para dormir na sua caminha, dar a comidinha fresca que eu compro toda semana...

Terminando, copio e colo o final do meu comentário lá no Mamãe Antenada (porque apesar de eu ser totalmente contra chupinzar/copiar/repetir/falta de criatividade, também sou super a favor do reaproveitamento/citação/enaltecimento/reescrita com melhor abordagem:

"Essa história de "tem dias que quero isso" e "tem dias que quero exatamente o contrário" acho que faz parte da maternidade, porque ao mesmo tempo em que sentimos saudades do nosso EU, da nossa vida mais privada, também sabemos que essa fase em que somos os eternos companheiros e heróis de nossos filhos passa rápido, e então desejamos fervorosamente que dure, dure, dure!

  
Inspiração: http://mamaeantenada.blogspot.com/2011/01/cama-compartilhada-um-olhar-uma.html

terça-feira, 25 de março de 2014

Atividades com as crianças: como passar o dia todo com elas sem surtar (muito!)

Uma vez, num vídeo da Ana Thomaz (eu sei, sempre falo dela, mas é que admiro demais os conceitos dessa mulher), ela contava que algumas amigas não entendiam como ela conseguia passar o dia todo com as filhas pequenas, sem ao menos um meio período de escola para dar aquela folga.

Ela explicava que não era fácil mesmo, mas que ia ficando cada vez mais fácil com o tempo. E também dizia algo como: se não socializamos com nossos próprios filhos, nossa própria família, como fazer isso com os demais?

Na época eu não entendi toda a dimensão do ela dizia, muito menos o que diziam as amigas: como assim não conseguir ficar o dia todo com os filhos em casa?

Eu, que ficava fora de casa cinco dias da semana no horário comercial, sabia que queria muito ter mais tempo com os meus filhos e nunca, nunquinha mesmo seria capaz de desejar não estar com eles. Na minha experiência de então, a escola ou era uma necessidade dos pais ou era obrigatória. Nunca havia pensado na escola como uma maneira de fugir do convívio familiar.

E a gente deseja tanto uma coisa que ela acaba acontecendo, ou a gente acaba indo em busca do que deseja, sendo protagonista da própria vida, como diria a Ana (ó ela).

E cá estou eu com meus filhos o dia todo, todo dia, sem terceiros envolvidos nessa relação. Sem babá e sem escola. Sem empregada também! E como eu ando me virando com isso?

Com criatividade, desapego e senso de oportunidade!

Facilidades não há. O dia é árduo e se antes eu já achava que descansava no trabalho e trabalhava em casa, bem, hoje tenho certeza de que meu marido passa férias no trabalho e trabalha em casa. Já eu, estou sem férias por tempo indeterminado. :)

Há inúmeras vantagens no processo, mas é preciso estar de mente e coração abertos para a conexão, porque o mundo a nossa volta nos chama à distração. De nós mesmos, da realidade a nossa volta e muito constantemente dos nossos filhos.

Mas como conciliar tudo sem ceder à televisão sempre, sem ficar apático diante da vida, e ainda promover auto conhecimento e conhecimento dos filhos? Ah..., continue lendo.

O primeiro passo é exercitar o desapego. Desapega da casa arrumada, da louça lavada e do tão falado 5S. Em casa com crianças não há um lugar para cada coisa e muito menos cada coisa tem o seu lugar. O mundo infantil é muito dinâmico e não raras vezes eu canso só de acompanhar com os olhos tanta euforia pela vida (e pelos brinquedos espalhados em todos os cantos).

Você pode não desapegar, mas a chance de você estressar com muita frequência, como naquele dia em que meu Grilo Falante me visitou, será enorme. E em casa onde há muita exigência, muita briga e pouca brincadeira, pouca leveza, não há vínculo, pois não há um bom convívio.

A criatividade deve ser seu lema. Ela aliada ao senso de oportunidade fazem a dupla que vai te salvar o dia, e ainda promover momentos legais para você e os filhotes, quer ver? (Lembrando que eu tenho filhos com 4 e 2 anos).

Fazendo o almoço:

Essa é a hora mais crítica do dia na minha casa. Preciso de pelo menos 40 minutos com as crianças longe de mim porque não cozinho com eles ao meu redor por segurança. A brincadeira preferida no verão foi lavar os brinquedos no tanque! Nos apartamentos a lavanderia costuma ficar ao lado da cozinha. Colocar os pequenos para brincar de lavar os brinquedos no tanque disponibilizando detergente neutro e esponja garantem muitos e muitos minutos de sossego para você cozinhar sem precisar recorrer à televisão.

Mas já sabe: desapega, porque vai molhar, vai ensaboar tudo, eles vão ficar molhados. Sim, você terá trabalho depois, mas ao menos os brinquedos sairão limpos -  e a comida feita em 40 minutos!

Hora da ginástica com a mamãe!

Vamos malhar com as crianças? Essa brincadeira é altamente recomendada para quando eles estão bem irritados, com tédio mesmo, sem brincarem com nada direito.

Eu deito na cama e faço piruetas e cambalhotas com eles. Também brinco de "cair no buraco" colocando cada um na sua vez sobre minhas pernas levantadas (como num abdominal com pernas levantadas) e aí pergunto "você vai cair aonde?", quando eles respondem eu abro as pernas e eles caem sobre a cama. Risadas garantidas, pernas e abdômen malhados também!

Os campeões da "Buraco Airlines" são "princesa do gelo" e "país das maravilhas". :)

Outra brincadeira aprendi com minha irmã que fazia aulas de pilates. Coloco cada um na sua vez grudados nas minhas pernas dobradas e levanto, de maneira que eles fiquem de cabeça para baixo. Eles adoram! Agora já evoluímos e eles viram uma cambalhota no ar. A Ísis adora, o Pedro nem sempre. Radical!

O outro exercício aprendi com maridón. Coloco meus pés nos peitos deles e levanto segurando-os pelas mãos, jogando as pernas (e eles) de um lado para o outro como um avião.

E a última e mais pedida é pular na cama! Eles adoram. Variamos comigo ajudando com as mãos para eles pularem mais alto e comigo girando o corpo deles enquanto pulam, com as mãos.

Desapega da cama arrumada, desapega das molas...são pelo menos 60 minutos de diversão e atividade física!

Circuito na sala:

Essa é divertida e foi proposta pela Ísis. É basicamente fazer tudo o que as crianças gostam mas mamãe e papai não deixam!

- Pular do braço do sofá para o sofá (certifique-se de proteger a queda com almofadas, travesseiros)
- Pular do sofá para o chão
- Subir e descer de mesas e cadeiras
- Engatinhar debaixo da mesa

A hora do baile

Esta atividade é ótima para dias de chuva e tédio. Consiste em colocar uma música qualquer e dançar, dançar e dançar! Mas ó, nada de danças certinhas e coreografadas: dançar desengonçadamente rende muitas risadas! E o tédio vai embora!

Se os filhotes tiverem fantasias, é a hora de colocá-las. E você também pode caprichar no visual para entrar no clima. Só a arrumação já rende muitos momentos divertidos!

Gostaram das dicas?

E vocês, quais brincadeiras vocês costumam fazer com os filhotes em casa para fugir da televisão? Compartilha aí, que estou coletando ideias!

s!

quarta-feira, 19 de março de 2014

O tamanho do apoio faz diferença: como uma simples troca de rodinhas de apoio fez a felicidade de uma garotinha!

Neste domingo levamos você para andar de bicicleta na rua XV. Seu pai havia trocado as rodinhas de apoio por um modelo maior, que desse mais equilíbrio a você.

Faz quase um ano que você ganhou a sua primeira bicicleta, mas nunca conseguiu andar bem nela. Caía muito, desequilibrava, derrapava, mesmo com rodinhas de apoio. Frustrada, acabou desistindo de pedalar ainda no ano passado.

Este ano você quis voltar a usar a bicicleta. No primeiro domingo, mesma coisa: você caiu, desequilibrou, derrapou e desanimou. Pediu uma bicicleta menor. Eu e seu pai cogitamos a ideia, porque por nossa culpa e teimosia acabamos comprando um modelo com aro maior do que deveria, naquela ideia que nós por vezes temos de que as crianças "crescem rápido". E nessa rapidez com que imaginamos que o amanhã chega, deixamos de viver o hoje com a plenitude almejada. O resultado: nada de você andar de bicicleta! 

No outro domingo, fomos andar novamente. Você é obstinada! Queria aprender! E foi bem melhor, mas ainda não era o ideal. Percebemos uma garotinha andando num modelo de bicicleta igual ao seu e com idade aproximada da sua. E ela andava bem com as rodinhas de apoio. As rodinhas dela eram maiores!

Filha, não há como descrever a sua emoção ao conseguir pedalar sua bicicleta por longos metros sem cair, sem derrapar, sem desequilibrar! Por toda a rua XV, neste domingo, todos os passantes podiam ouvir você gritar a cada 10 metros:

"UHUUU! EU APRENDI A ANDAR DE BICICLETAAAA! VIVAAA! EU TÔ ANDANDO DE BICICLETAAA! VOCÊ TÁ VENDO, MAMÃE?"

Sim, filha querida, eu estava vendo. Um pouco mais atrás eu seguia andando, sorrindo de felicidade e, claro, chorando emocionada com mais essa sua conquista.

E perdoa filha, perdoa a pressa dos seus pais. 

Hoje, no meu aniversário de 35 anos eu só te peço que continues a nos ensinar a viver bem o agora, a sentir essa alegria contagiante diante da vida, diante das conquistas vividas! Nos ensina a não desejar que o amanhã chegue tão depressa para que não deixemos de viver bem o hoje, tá?

Te amo, meu Bicho querido!

Minha Pequena Grande Ísis!


segunda-feira, 17 de março de 2014

O Grito e o Grilo

Eu estava com pressa para sairmos, não lembro bem o motivo, se é que havia algum. O mais provável era que era apenas aquela pressa típica dos adultos, idêntica ao do coelho branco do País das Maravilhas. Estamos sempre atrasados!

Minha filha resolveu abrir e fechar uma porta sanfonada que temos entre a sala e o corredor dos quartos. A porta é de madeira com vidro, bem pesada. Eu pedi que ela parasse, pois poderia trancar o dedo dela ou o do irmão, que já estava ali rondando a irmã.

Óbvio que ela não fez o que eu pedi. Continuou a mexer na porta como se o assunto não fosse com ela. Eu pedi que ela parasse. O irmão começou a reclamar, pois agora ele me remenda: se eu chamo a atenção da irmã ele vem na cola reclamando com ela também! Com isso instalou-se o caos, porque ela não aceitou as reclamadas do irmão. Brigou com ele. Ele bateu nela.

E eu?

Eu surtei assim:

CHEGAAAA! ÍSIS EU JÁ NÃO PEDI UM MILHÃO DE VEZES PRÁ VOCÊ PARAR DE MEXER NESSA PORTA? MAS QUE DROGA, MINHA FILHA! VAI JÁ SE SENTAR NO SOFÁ E FICA QUIETA ATÉ A GENTE SAIR!

Quando ela tentou revidar a bronca eu dei mais um grito: SENTAAAA! AGORA!

O caçula sentou no sofá rapidinho, o esperto. Ela foi sentar com os olhos cheios de água. Foi um susto me ouvir gritar daquele jeito. Felizmente, isso é raro, mas acontece ainda.

Claro que eu me odiei no exato segundo em que parei de gritar. Mas aí, as palavras já haviam sido urradas. Lembrei mais uma vez da Ana Thomaz: sentir, não antagonizar de volta, deixar fluir o sentimento. Mas não consegui, não.

Saí de cena por uns cinco minutos (ué, eu não estava atrasada até bem pouco tempo atrás?) e comecei a conversar comigo mesma.

"Ok. Chutei o pau da barraca. Ferrou. Deixa eu me acalmar. Mas que droga, porque ela não pode fazer o que eu peço só uma vez na vida? Não, tinha que mexer na porta sem parar! Mas como está desobediente, pelamor! Até parece que eu não educo! E o outro? Agora deu para remendar o que eu digo, o danado! E bate, ainda por cima!

Tá, calma. Eu errei. Sou a adulta aqui. Eu não precisava ter gritado. Eu poderia ter falado com firmeza, mas sem gritar daquele jeito. Que droga! Odeio gritar! Me sinto horrível e ridícula! Mas agora já foi."

E então, depois disso, eu saí do banheiro onde fui me esconder depois do ataque e pensei em sairmos como se nada houvesse acontecido. Talvez fazer uma cara de brava, para que eles entendessem que haviam me chateado. Sim, é isso, sou a mãe, eles tem que me obedecer, me respeitar, fazer o que eu mando!

Só que...eu tenho um grilo falante sobre os meus ombros. Já contei? Não? Pois é. Pelo jeito, depois de ter emendado o tal do Pinóquio, ele resolveu emendar a mim. Ai, ele me cansa! No mesmo instante em que eu pensei em sair de fininho pela porta fazendo ares de ofendida, sem nem dirigir o olhar àqueles pequenos meliantes mirins que atendem pela alcunha de meus filhos, o grilo, o chato do grilo começou a falar no meu ouvido assim:

"Mas em? Não é você que vive dizendo aos seus filhos que não se deve gritar com as pessoas? Que não se deve falar desse jeito com os outros, porque é desrrespeitoso? E não é você que vive dizendo a eles que devem pedir desculpas quando machucam alguém? Não é você que vive repetindo que a educação se faz pelo exemplo? Belo exemplo, em? Gritar daquele jeito com duas crianças e nem pedir desculpas? Qual é a frase que você mais odeia mesmo? Faça o que eu digo, não faça o que eu faço?"

Eita grilo chato!

Respirei fundo mais uma vez e desci do auto do meu autoritarismo. Ajoelhei na frente dos dois. Olhei dentro daqueles olhos que eu amo tanto, e que estavam tão assustados comigo!

Eita grilo!

"Ísis, Pedro, a mamãe gostaria de pedir desculpas por ter gritado com vocês antes. A mamãe não acha certo ficar gritando e não gosta de gritar com vocês. É que eu estava com pressa e vocês estavam mexendo naquela porta, que pode machucar, enfim, perdi a paciência. A mamãe não gosta de gritar, muito menos com vocês. Vocês me desculpam?"

Sim, eles me desculparam. E a Ísis pediu desculpas por ter mexido na porta. E o Pedro pediu desculpas por ter batido na irmã.

Eita grilo bão!


Eles são aqueles que jurei amar e respeitar, proteger e orientar. Com exemplos. Não com blá blá blá.





quarta-feira, 12 de março de 2014

2 anos! É tempo de festa!

É tempo de celebrar!

Eu sei, já escrevi isso nesta semana. Mas é que quem tem dois ou mais filhos, celebra mais! Ou ao menos celebra duplamente as mesmas coisas, ainda que de maneiras diferentes!

Fevereiro é o mês de celebrar o nascimento do Pedro!

Eu sei, fevereiro já foi, mas sou dessas que não consegue deixar prá lá, sabem? Ficou martelando na minha cabeça que vai ficar faltando essa postagem de aniversário se eu não escrever nada! E não é que eu tenha que me obrigar a escrever sobre o aniversário dele, nada disso, mas é que o tempo, esse danado, está escasso por aqui.

Mas para o meu já nem tão pequeno infante assim, fica aqui registrado o seu segundo aniversário!

E você, meu bebê misterioso
Deixou o mistério de lado e se fez dengoso
Do dengo e do chamego, nasceu o Infante
Que de tão galante, sorri manhoso
Revira os olhos, mostra o dentinho
Dança na sala, pula na cama, voa como um avião
Fala ezonta, coquega, quenhoca, popóta
Tem olhos de jaboticaba e cabelos de trigo
Ganhou novo apelido: agora és o alemão!

Te amo! Te quero sempre "no lado meu"!




segunda-feira, 10 de março de 2014

Fadas carregadoras de mamadeiras usadas existem!

É tempo de celebrar conquistas!

O quinto ano da minha eterna pequena Ísis começou com um amadurecimento importante: o téti, sempre amado téti, salve, salve, ficou para a história. E foi tão simples, tão simples mesmo! Sem dor, nem sofrimento, nem choradeira. 

A entrega das mamadeiras foi tão singela e ao mesmo tempo tão recheada da magia que ela tanto gosta! Não pude deixar de pensar que, de fato, quando deixamos a criança segura e quando respeitamos o seu tempo (e, porque não, o nosso tempo) tudo acontece de forma mais tranquila. 

Vou contar como foi:

Relembrando: ela tomava de duas a três mamadeiras de leite de vaca com achocolatado desde que terminou minha licença maternidade. No começo era leite em lata, de marca conhecida, sem achocolatado, depois leite de caixinha de procedência desconhecida e com achocolatado. Foi sendo carinhosamente chamado de tétinho. E ela amava! E eu amava o fato dela amá-lo e isso compensava meu desgosto por ter acreditado que ela havia se auto desmamado tão cedo (8-9 meses). Essa história já foi contada diversas vezes em vários textos por aqui, com a tag "amamentação".

Ano passado trocamos o leite de vaca por leite vegetal, e diminuímos as três mamadeiras para uma mamadeira apenas devido às inúmeras crises de bronquite que ela teve desde que chegamos em Blumenau.

Então saímos de férias em dezembro e combinamos com ela que não levaríamos a mamadeira de téti nas primeiras duas semanas, pois estaríamos fora de casa e seria inviável fazer o leite vegetal. Ela aceitou bem e não pediu.

Quando chegamos na casa dos avós, ela pediu o téti, mas como não havíamos comprado coco ou castanha para preparar o leite vegetal, ficou sem a mamadeira alguns dias, que foi substituída por suco natural.

Em janeiro, logo nos primeiros dias, resolvi conversar com ela. Falei que, quando as crianças estavam perto de completar cinco anos, como ela, normalmente já se sentiam seguras e preparadas para deixarem de tomar o tétinho na mamadeira. Já tinham a habilidade necessária para usar o copo ou a xícara.

Ela ouviu atentamente, mas respondeu categoricamente que não estava preparada para deixar de tomar o tétinho. Depois de alguns minutos ela me disse que poderia deixar de tomar o téti da noite, que na verdade era suco natural na mamadeira, mas não o da manhã, que era o leite vegetal com achocolatado.

Certo. Ela não estava preparada. Vamos adiar.

Até que...ela viu um dia no supermercado um copo rosa com tampa e bico, tipo esses de treinamento, mas mais para criança maior, e quis um. Nesse momento, eu aproveitei o gancho e disse que aquele copo era apenas para crianças que já estavam preparadas para deixarem de tomar tétinho na mamadeira. Quando ela estivesse preparada, ela ganharia um. Disse isso e segui com o carrinho no supermercado. Ela veio correndo e me disse que já estava preparada, que eu podia levar o copo.

Vejam, eu já havia tentado essa tática de comprar um copo ultra mega blaster legal para que ela deixasse de tomar leite na mamadeira, pelo menos umas 3 vezes, sem sucesso. Mas eu senti que dessa vez seria diferente. Sabem por quê? Porque pela primeira vez a proposta de trocar a mamadeira pelo copo havia partido DELA.

Levamos o copo para casa e o primeiro dia foi um sucesso. Preparamos uma caixa bem bonita para ela entregar as mamadeiras dela e do irmão (o Pedro entrou de gaiato na história e aproveitamos para dar fim às mamadeiras de água e suco que ele ainda usava) para as fadas (ela AMA fadas), mas esqueci de fazer o ritual de colocar as mamadeiras na caixa e dar sumiço durante a noite. O resultado? No dia seguinte as mamadeiras ainda estavam sobre o meu forno, fora da caixa enfeitada. Ela viu e pediu tétinho na mamadeira. "O último, mamãe, para eu me despedir dele!".

Certo. Dei. Ela tomou, batemos fotos e foi realmente o ÚLTIMO. A caixa das mamadeiras para as fadas ainda ficou muitos dias sobre o meu forno, mas ela nunca mais pediu para tomar leite na mamadeira. E não foi apenas isso que mudou: ela decidiu que não queria mais tomar leite com achocolatado.

Muitos dias depois deixamos a caixa com as mamadeiras dos dois na lavanderia, numa noite de lua cheia, para que as fadas viessem buscar. Ninguém viu como isso aconteceu, mas no dia seguinte, a caixa havia desaparecido e as mamadeiras simplesmente deixaram de existir nas nossas vidas!

O livro da Beth Bip não conta, mas eu tenho certeza que existem fadas carregadoras de mamadeiras usadas em algum lugar!

Flus Hauss - Vargem dos Cedros - São Martinho/SC: certeza que existem fadas aqui!

Update: A Martha, mãe da Laís, e autora do blog Minha Pequena e Eu, me fez um convite que me deixou muito feliz: escrever um guest post em comemoração aos seus mais de 100 mil acessos! Passa !

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Porque eu devo seguir o meu coração

2014.

Faz quase um ano que nos mudamos para Blumenau. Fazem alguns meses que eu ando escrevendo coisas meio melancólicas por aqui, meio reflexivas, meio sombras.

Eu adoro a sombra. Sou amiga dela. Mas quando passamos muito tempo juntas podemos nos tornar bem chatas, nós duas! Eu e a sombra: duas velhas corocas a caminhar com braços cruzados nas costas, a reclamar do mundo, a refletir sobre ele, sobre nós duas e sobre a luz.

Eu adoro a luz. Sou admiradora dela, sabe? Daquelas fãs querendo ser amiga? Pois é...Seria algo assim como eu, Janine, fã de carteirinha da Roberta, da Mari, da Anne, da Paloma, da Ana Cris, do Ricardo e tantas outras pessoas, que considero luz, mesmo com suas sombras. Daí fico boba, admirando, querendo me aproximar, querendo conviver mais. E fico paralizada. Não faço nada para conseguir o que desejo.

Ano passado foi assim.

Então, um belo dia, a minha amiga sombra, cansada talvez da minha companhia, resolveu sair de fininho, sem me avisar, foi se ausentando aos poucos e quando foi embora de vez me deixou um presente! Foi o melhor presente que eu recebi até hoje, depois do meu marido e dos meus filhos lindos.

Esse presente foi coragem! Coragem de decidir seguir em direção ao caminho que o meu coração estava pedindo.

E o que dizer? Desde então meus dias tem sido fantásticos! E eu vivo uma espécie de brainstorm pessoal. Coitado do marido que fica ouvindo minhas ideias mirabolantes. Feliz de mim que tenho quem ouça minhas loucuras e ainda me ame!

Mas tudo isso para contar, resumidamente, que desde novembro do ano passado estou licenciada para tratar de assuntos particulares. Este tipo de licença não me dá direito a nada (salário, benefícios, tempo para aposentadoria), mas me permite o vínculo, ou seja, não necessitarei de um novo concurso para retornar, se eu assim decidir, dentro de um prazo pré estabelecido e autorizado por lei. Durante a licença é como estar desempregada, com todas as desvantagens (e vantagens) que isso traz.

Filhotes estão comigo, pela primeira vez desde que terminaram as minhas licenças maternidade. O dia inteiro. Todo dia.

Uma decisão tomada foi a saída da Ísis da escola. Este ano, o último antes da obrigatoriedade, ela ficará sem a escola tradicional. E por escolha dela, com minha total aprovação e um certo desconforto do pai.

E se os primeiros dias foram de festa, de muita alegria e descontração, agora já estamos no nosso ritmo, as crianças estão vivendo seus dias mais tranquilamente (eu também), menos doentes e menos ansiosas da minha presença.

Eu, por minha vez, estou vivendo uma maternidade mais pé no chão, sabe? Sem aquela aura de saudade e nostalgia, de sonho e idealizada. Agora é o dia a dia, todos os dias. E se no começo eu achei que pudesse acontecer de eu me enganar sobre mim mesma e não querer essa convivência assim, tão diária, tão hora a hora, agora eu vejo que meus dias são ótimos, são aventura pura, são aprendizados mil, e são sempre uma oportunidade de auto conhecimento, empoderamento e reconhecimento de mim mesma e do outro.

Quase 3 meses de licença...quase 3 meses de foco em mim mesma, na minha família e na construção da realidade que eu quero para mim e para os meus.

Eu ainda tenho medo. Eu me sinto perdida muitos dias. Bate aquela insegurança, sabe? Será? Será mesmo que é esse o caminho que eu quero seguir?

Por enquanto a resposta tem sido sim.

E quando não for mais sim, que venha o não e toda a transformação necessária para uma vida plena, ativa e consciente.

E vocês? Como vocês caminham em direção àquilo que faz a vida de vocês mais plena?

Bom início de ano para vocês!

Arquivo pessoal. Praia de Carneiros-PE


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