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quinta-feira, 31 de março de 2011

Detalhes do dia



Existem esses momentos que ficam eternizados na gente...são alguns segundos na nossa rotina, que, assim, do nada, parecem ser realmente vistos pela primeira vez!

E porque você acorda arrancando as meias e se agarra em meu pescoço, e me pede seu leite com chocolate e sorri com olhos acizentados E porque você me agradece dizendo bigada, dinada, sem saber das convenções, dos preconceitos, dos turbilhões, dos erros e acertos E porque você é assim nervosinha, mandoninha, cheia de habilidades, cheia de bossa, cheia de felicidade E porque você me chama, você me cativa, você me ensina, você me faz mais feliz E porque você tem minha pele, meu sangue, meu coração, você é meu lar, meu lugar ao sol, meu céu estrelado, meu mar azul num dia acalorado E porque você me faz massagem com a mão mais pesada que um bebê pode ter, e me faz chucas e pentados de enlouquecer E porque você me imita, calça meus sapatos, veste meus sutiãs, passa meus desodorantes e usa meus culailes E porque você tem esse cheirinho de travesseiro quando acorda, esse chulezinho gostoso no pé, esse cabelinho cheiroso de xampu de bebê E porque sua pele é macia, é quentinha, é fofinha que me dá vontade de morder.


Inspiração: esse post

terça-feira, 29 de março de 2011

Flashbacks

Um dia desses eu li no Mamãe tá Ocupada que ser mãe e ter flashbacks da própria infância. Verdade puríssima! Desde que você nasceu eu passo por esses momentos muito assiduamente e relembro sentimentos e acontecimentos antes esquecidos num canto empoeirado e emparanhado do meu cérebro. Depois de você muitas experiências voltaram à tona, sejam para reforçar a maneira como eu me relaciono com a maternidade, sejam para me fazer repensar uma atitude ou pensamento antes entendido como certo.

Eu costumava ter esse pesadelo quando muito pequena: eu não encontrava a minha mãe! Eram pesadelos horríveis em que eu sempre me via andando por ruas e mais ruas a chamar pela minha mãe sem conseguir encontrar. Eu sentia um medo terrível, uma agonia, uma dor no peito.

Hoje quando eu te escuto me chamar no meio da noite, ainda dormindo, entre lágrimas, é sempre nesse pesadelo que eu penso e sigo em direção ao seu quarto te dizendo que eu estou aqui, a mamãe está aqui, não vai a lugar nenhum.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A primeira sessão de por quês a gente nunca esquece...



Desde que eu escrevi esse texto aqui muita água já passou por debaixo da ponte de carneirinhos brancos e saltitantes do sono. Tem noites que tudo sai perfeito, como num roteiro de filme, mas é claro que tem aquelas noites em que nada dá certo e ontem foi uma delas, acrescida de uma pitada de especialidade, já que foi a sua primeira sessão noturna de por quê? (ou pu quê?, como você diz).

Em tempo:
A primeira vez que você fez uso do pu quê, foi numa tarde em que estávamos brincando eu, você e o porquinho (fantoche) e lá pelas tantas subiu um cheirinho característico de fraldas cheias. O porquinho prontamente te avisou que as fraldas estavam cheias e deveriam ser trocadas para continuarmos a brincadeira. Na hora você parou, olhou para mim (sua mãe) e largou um pu quê? Explicações sobre a comida, as bactérias, o bumbum assado e a higiene necessária e esperada para seres humanos e você deu o assunto por encerrado.

Continuando...

Noite passada acordo às 02:00h da madrugada com você me chamando. Tento te convencer a deitar novamente, você não aceita, quer colinho. Pego você e sentamos na poltrona. Você pede o tetinho iaiate (você já sabe falar chocolate, mas sempre que pede seu leite, pede desta forma). Eu te explico que você precisa ficar no berço para que eu possa preparar o leite. A partir daí, seguiu-se quase uma hora de pu quês:

- Filha, você precisa ficar no seu berço para a mamãe preparar o seu tetinho.
- Pu quê?
- Porque você cresceu, está mais pesada e a mamãe não consegue mais preparar o tetinho apenas com uma mão, sente dor nas costas. Você espera no bercinho?
- Nããão! Num qué becinho, qué caminha!
- Não filha, a cama da mamãe está desarrumada, não dá para você esperar lá. Você tem o seu berço.
- Num qué beço, qué caminha, tetinhoooo iaiate!
- Já te expliquei: fica no seu berço que eu preparo o teti para você. Ou ficamos aqui na poltrona até você dormir (percebe que a paciência já estava rareando?).
- Pu quê?
- Porque é de madrugada, hora de dormir.
- Pu quê?
- Porque de noite a gente dorme para descansar, para ter energia para brincar de manhã. Você não gosta de sair e brincar com seus amiguinhos? Tem que nanar (paciência zero aqui)!
- Pu quê?
- Porque é assim que as coisas são: de noite dorme, de dia brinca e agora é de noite.
- Qué tetinhoooo!
Explico tudo novamente
- Nããoooo! Mufada! (pede para ir para o sofá da sala)
- Não filha, agora não é hora de ver desenho.
- Pu quê?

Segue-se mais explicações sobre o relógio biológico, falo do Simão (do livro Todas as Noites do Mundo), falo do berço, etc, etc.

Quase uma hora depois acho que respondi todas as suas perguntas sem cair em contradição, pois você virou para mim e pediu o tetinho iaiate pela milionésima vez, aceitando esperar por ele no berço. Fiz 100ml de leite (sem o chocolate, pois de madrugada você não percebe) e vinte minutos depois de muito senta, deita, coloca bundão de fralda na minha cara, me cobre com sua mantinha, me dá seu travesseiro, você finalmente conseguiu dormir.

Quando estou te cobrindo você sorri no sonho. E eu rio junto. Mais uma noite.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Andação

Cansados de ouvir do médido do seu filho que ele está com virose?
Quer aprender a mais nova (para mim, claro, porque aqui isso é mais antigo que andar para frente, tchê!)denominação para tal aqui nos pampas?
Passem lá na fonteira e me digam se esse Brasil é ou não é demais!

terça-feira, 22 de março de 2011

Minha ação por uma infância sem racismo

Faz um tempo, em um post da Sueli do Blog do Desabafo de Mãe, fiz um comentário lá que foi salvo na minha caixa de rascunhos para uma reflexão posterior. Na semana passada foi a vez da Ceila, também no Blog do Desabafo me chamar, ainda que involuntariamente, a pensar sobre o assunto. Afinal, Ísis, você está crescendo e racismo/preconceito com certeza será um assunto ainda corriqueiro quando o significado das palavras te chamar a atenção. Então vamos a ele!



Eu me lembro que meu primeiro contato com o preconceito de raça foi na escola, na segunda série, por volta dos meus nove anos. Numa brincadeira de roda ninguém quis dar a mão para um menina negra. Lembro de ter achado aquilo tão estranho! Eu me lembro de ter largado as mãos das minhas duas colegas e ter ido até lá segurar a mão daquela menina. E eu me lembro de ter comentado o fato com a minha mãe e me lembro que a primeira pergunta que ela me fez foi o que eu havia feito e a resposta dela satisfeita com a minha atitude. Eu, que desconhecia o preconceito de raça até então, gravei que aquele era um bom comportamento, era o que minha mãe esperava que eu fizesse muito antes de pesadas reflexões sobre o assunto.

Mais tarde, com uns doze ou treze anos, durante as férias de verão na casa de minha avó, eu fiz amizade com um menino negro de nome S., filho da empregada doméstica de uma das famílias que mantinham apartamento no edifício onde ela (minha avó) era zeladora. Eu me lembro de perceber o olhar torto da minha avó cada vez que o S. vinha me chamar para brincar, sendo que ao fim de uma semana ela me chamou para uma "conversa" sobre a conveniência das minhas brincadeiras com um guri preto. Eu me lembro de ter ficado chocada com tal atitude daquela a quem amava tanto! De tão chocada contei para minha mãe, perguntando naquele tom inquisitivo que só os adolescentes cheios de razão sabem ter, se ela, a minha mãe, concordava com o pensamento da minha avó, se achava certo ela não querer mais me deixar brincar com S. só porque ele era preto! Ainda hoje eu me lembro da resposta: não, ela não concordava, ela também não achava certo, mas me pediu para respeitar a opinião da minha avó, vinda de uma outra realidade, um outro tempo. E assim fiz.

Num outro momento da vida, com as descobertas da ciência, principalmente da genética, eu descobri que, na verdade, não existem "raças", mas sim uma única raça mãe, a HUMANA, que por sua especificidade faz com que seus indivíduos desenvolvam suas características mais marcantes de acordo com o local onde habitam, por pura seleção da natureza, visando a manutenção da espécie. Como eu disse naquele comentário lá no texto da Sueli raça só existe a HUMANA, o resto é apenas capa, vestimenta, e como habitamos lugares diferentes no mundo, desenvolvemos habilidades diferentes, entre elas o tom de pele, dado pela quantidade de melanina produzida e que tem como uma das finalidades nos proteger do sol excessivo.

Negros, brancos, amarelos e vermelhos não constituem raças diferentes, são apenas "tipos" de uma mesma raça, conforme o tom de pele de cada um. É esse o tom da conversa que eu pretendo ter com minha filha quando chegar o momento. Na minha casa não falaremos de racismo, porque negro não é raça. Na minha casa falaremos de preconceito em relação às diferenças e do quão importante é o desenvolvimento da tolerância em relação a tudo aquilo que nos é diferente, seja tom de pele, seja religião, time de futebol ou maneira de educar os filhos.

Acho que quando criamos muitas designações para a mesma coisa ajudamos e muito para o aumento do preconceito. Lá no comentário que deixei no post da Sueli afirmei que não sou favorável a "terminologias" do tipo afrodescendente ou afrobrasileiro como designação para pessoas de pele negra, pois acho sim que isso é uma maneira de diferenciar. Lá no comentário explico o motivo: assim como os brasileiros descentes de alemães não são designados como euro-brasileiros, os de japoneses não são oriento-brasileiros, os de índios não são indio-brasileiros ou qualquer coisa do tipo, penso que não poderiam se designar também os tais afrobrasileiros, pois isso nada mais é do que mais um tipo disfarçado de separação, pois existiriam os brasileiros e os afro-brasileiros ou algo do tipo. Logicamente, quando citamos comunidades inteiras usamos este tipo de denominação, lógico, pois quando eu digo: que a comunidade lusobrasileira da Praia de Santo de Antonio de Lisboa em Florianópolis ainda cultiva suas tradições, trazidas lá de além mar, não uso um tom condescendente ou preconceituoso.

Aliás, sobre terminologias, passei por uma dessas situações esquisitas quando cheguei aqui no sul do sul. Eu precisava encontrar, numa reunião de trabalho com dezenas de pessoas que eu nunca havia visto, uma moça chamada L. Perguntei as características físicas dela para ficar mais fácil de localizar "morena, cabelo alisado no ombro, com dentes da frente um pouco separados". Interpelei todas as moças brancas de cabelos escuros da sala e que por ventura pareciam ter os dentes da frente separados. Ninguém era L. Um colega me ouvindo reclamar que não achava L. explicou que ela era "morena, morena". Aí entendi que a morena em questão era na verdade negra, e aí, com essa característica física só havia uma na sala.

Sou contra não poder usar a palavra negra/negro para designar cor de pele quando essa é uma característica física importante e que precisa ser dita para diferenciar uma pessoa em questão das demais. Assim como digo que uma pessoa é loira, alta, branca, ruiva...para mim ser negro é uma característica física e eu não tenho medo ou preconceito desta palavra, assim como os negros também não deveriam ter.

Essa é apenas uma nuance sobre um assunto tão controverso, polêmico e que precisa ser conversado com os filhos.











quinta-feira, 17 de março de 2011

Ísis: aprendendo com o Cebolinha!



Você entrou numa fase de conversação muito gostosa! Agora, quando chegamos do trabalho, você tenta nos contar como foi o seu dia, as brincadeiras que fez, o que viu na rua, o que mais te chamou a atenção. E eu acho uma fofura suas expressões e palavras truncadas com enrolações de língua que tentam ser frases completas! Tenho vontade de te afofar e mal te deixo terminar de contar alguma coisa, já estou beijando, dizendo como você é linda, esperta, fofa, salve, salve (liga não, filha, é que a mamãe é coruja mesmo!)!

Agora você fala como o Cebolinha, da Turma da Mônica, trocando os eles pelos eles, ops, os erres pelos eles! Daí saem : pantela, colatigo (curativo, que já foi culatido), histólia, pala (do verbo parar), entre tantas outras ditas no dia a dia e que a mamãe nunca lembra na hora de escrever, ai, ai.

Outro padrão seu é trocar o jota pelo zê: zunto (junto), zétsons (jetsons, o desenho), zanela (janela) e por aí vai...

Fora essa maneira cebolenta/abelhenta de falar ainda tem aquelas palavras favoritas da mamãe! Agora temos alimba (margarina!), pampufa (pantufa), janininha (joaninha), tôi (cobertor, que você não gosta de ter por cima nem nos dias mais frios!), boletinha (borboletinha, que já foi boboletinha, não sei por que você comeu uma sílaba), tabalá (trabalhar), uim (amemdoim, que você ama de paixão e vive pedindo desde que experimentou), boeda (moeda), samonete (sabonete), opa (roupa), panta (planta), uafo (garfo), colelinha (colherinha), culé (colher).

Tem os números: um, duis, tês, caco, cinco, seis, sete, oto, novi, deeeez! Mas você não sabe as quantidades, então 5 samonetes você chama de duis! Aliás, qualquer coisa acima de um você diz que é duis, ou um monte!

A formação de frases também está bem legal: já entendemos quase tudo que você diz e você ainda está na fase papagaio: a gente fala, você repete!
- Mamãe a papai a tabalá os duis! (quando saimos nós dois para trabalhar você fala para a L. e a V., que ficam com você em casa).
- Tudo mundo, ou tudo zunto! (quando você quer que todos se abracem, se beijem ou que fiquem com você fazendo alguma coisa).
- Qué tetinho a iaiate! (Quando você quer tomar seu leite com chocolate. Essa a primeira frase que você diz pela manhã, logo depois do a mamãe?, se é o seu pai quem te tira da cama, ou do olá, bom dia!, se sou eu).
- Qué a umpódi! (Quando você quer fazer/pegar qualquer coisa que você já saiba de antemão que não pode...espertinha...).

E ainda tem as interjeições fofas: ai, ai, ai, quando você faz algo que sabe ser indevido, ou quando nos vê fazendo algo assim; ai, mideux (ai, meu Deus!), quando a gente não consegue entender o que você está dizendo ou quando a gente não quer fazer o que você quer; cudádo (cuidado) quando nós estamos fazendo alguma coisa que você considera perigosa.

Fora que o fato de contarmos história para você nos rendem ótimas tiradas e frases! Estou amando esta fase, Ísis!


terça-feira, 15 de março de 2011

Dicas: de chinelo a livro ilustrado!

Passando rapidinho para deixar algumas dicas de coisas legais que rolam na internet e dois livros de ilustrações, que encantam filhotes e mamães, e papais, e titios...

O blog Decoupattis, da Patrícia, que é irmã da Luciana do Nicolando por aí, faz chinelos customizados que são uma lindeza só! Ano passado comprei para todo mundo e foi uma alegria geral, fora que eles vem num saquinho super fofo, que hoje eu uso para levar os sapatinhos da Ísis na mala quando viajamos (ou os brinquedos dela mesma). Comprei, usei, dei de presente e recomendo!


O blog mais que fofo Canto do Conto, da querida Betty está oferecendo um curso online para contadores de história! Olha que legal: você aprende a contar historinhas com mais efeito para o seu filho, sabe? Daí para de dar voz de taquara rachada para todo e qualquer personagem que apareça! E é online! Nem precisa sair de casa!


Atualizando: a Betty deixou avisado nos comentários que a procura pelo curso está tão boa que eles pretendem abrir novo módulo em agosto e desta vez com um tópico de contação para os pequenos e bem pequenos! Adorei e estou repassando a dica! Em agosto, com mais tempo (espero) e com esse tópico que muito me interessa, já que lá em casa todos os personagens tem a mesma entonação de voz e começam suas falas da mesma maneira, afe, serei aluna assídua!

Eu e a Ísis estamos encantadas com o livro Casulos, de André Neves, que esteve na lista dos melhores livros de 2007/2008. Acho a narração em desenhos deste autor maravilhosa, poética, e que permite várias interpretações da "história". E além de ver um livro super bacana eu ainda ganho de presente a vozinha da minha pequena dizendo a casulo a boboletinha?, enquanto ela aponta as gravuras em que aparecem os casulos, e como eu sempre digo que dos casulos saem as borboletas e elas vão voando, voando, voando até o céu, com gestos, caras e bocas, a Ísis repete a boboletinha a voando a céééuuu! e ainda consegue associar o movimento de voar da borboleta para dizer que o balão voa igual a boboleta, o avião voa igual a boboleta, o muquitinho voa igual a boboleta e assim vai.

Neste link você pode ler uma entrevista com o autor.




Outro livro de ilustrações fantástico é o OH! de Josse Goffin. São ilustrações que parecem uma coisa, mas aí você abre a folha e...oh! são outras! Maravilhoso! E eu ainda ganho de presente a minha pequena dizendo que a papai pegando a rabinho a jacalé, ou a jacalé a tomando chazinha a canequinha, ou a lua tá nanando a olo fichado, tá cansada!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Mãe na teoria X mãe na prática

Ísis ajudando a mamãe a fazer bolho

Um dia com certeza você vai ser mãe na teoria, vai dizer que quando você for mãe seus filhos serão educados assim, ou assado, não serão com os filhos daquela sua amiga que não consegue nem ir ao supermercado sem enfrentar uma crise birrentística por causa de um pirulito. Não, você vai ser firme!

Mas talvez um dia você seja mãe na prática e aí, minha filha, quase todas as suas teorias cairão por terra...

CENA 1:

Você vai estar atarefada arrumando o seu quarto: a cama está por fazer, o banheiro está de pernas para o ar e tem uma pilha de roupas sobre o pufe para você separar o que vai para lavar e o que volta para o armário. Olha no relógio: já deveria ter começado o almoço. Na porta você vê sua filha chegando com duas bermudas numa mão e um body na outra dizendo que vai aumá a opinha, vai dobá, vai gadá a opinha, para em seguida começar a empilhar todas as roupas das gavetas dela no meio do seu quarto ainda desarrumado. A mãe na teoria que ainda te habita diz que é para você não permitir aquilo, fazê-la guardar as roupas, explicar que não pode tirar as roupas da gaveta e colocar no chão, que isso não é arrumar, é desarrumar, etc, etc, etc, MAS a mãe na prática que você se tornou deixa tudo como está, afinal enquanto ela empilha todas as roupas dela no meio do seu quarto você ganha dez minutos de paz para fazer aquela arrumação the flash neste cômodo da casa.

CENA 2:

Você chegou do trabalho, colocou a mesa, esquentou o jantar da filha, chamou o marido para lanchar. Durante a refeição vai se desdobrando entre uma mordida no sanduiche, tentar ouvir o que o marido está contando/falando/perguntado/pedindo, enquanto gentilmente ajuda a pequena a comer o próprio jantar. Lá pelas tantas o marido está amuado porque você não consegue prestar muita atenção ao que ele diz enquanto alimenta a filha e tenta alimentar a si mesma e a pequena está derrubando a comida do prato sobre a bandeja do cadeirão para em seguida esfregá-la por toda a bandeja e esmagar os grãos de arroz e feijão nas mãos. A mãe na teoria que ainda te habita te fala para não permitir aquele tipo de comportamento, que comida não é brincadeira, que ela não deve derrubar do prato para o bandeijão, que ela vai se sujar, te sujar, sujar o chão, o mundo! MAS a mãe na prática que você se tornou pensa que ela já comeu o suficiente e que enquanto ela está distraída lambuzando tudo com os restos de comida você vai conseguir terminar seu sanduiche sossegada e trocar meia dúzia de palavras ininterruptas com o marido.

CENA 3:

Você descobriu recentemente que a arte de fazer bolos pode ser estremamente relaxante, então você se programa para testar uma receita nova toda semana, avisa ao marido que vai para a cozinha fazer um bolo e pede para ele dar aquela atenção básica para a filha não te seguir, mas a pequena ainda não descobriu que o pai será seu herói num futuro bem próximo (ao menos é o que você espera que aconteça) e te segue obstinadamente por todos os cômodos da casa, inclusive no banheiro, então nesse dia já era de se esperar que ela te seguisse até a cozinha. Enquanto você separa os ingredientes, a pequena pede colo com uma entonação de voz e carinha de fazer inveja a muito cachorro que caiu de mudança. A mãe na teoria que ainda te habita te diz para ficar firme, não ceder, não dar colo e explicar que agora você não pode, MAS a mãe na prática que você se tornou sabe que será um desgaste desnecessário, pois você só é capaz de resistir aos pedidos insistentes de cóninho por no máximo trinta segundos. Então resignadamente você pega a filha no colo, a apóia nas ancas (o que está resultando numa lordose/escoliose daquelas!) e tem uma idéia de gênio: vai pedir para ela te ajudar a fazer o bolo. O resultado é que você ganha quinze minutos de paz para terminar o bolo real, enquanto a pequena se esbalda num pote com farinha de trigo...melhor nem pensar na sujeira!

CENA 4:

Você precisa fazer o almoço. Coloca a filha no sofá e diz que vai colocar um DVD para ela assistir, pergunta qual ela prefere e a resposta é quase sempre a mesma nos últimos tempos: pantela talan, talan. Você coloca o DVD e sai para a cozinha, mas mal consegue pensar direito no que vai cozinhar e a pequena aparece ao seu lado. Você insiste para ela ir ver a Pantera Cor de Rosa, mas ela responde prontamente que nin qué a pantela. Tá. Finge que não está nem aí para ela, mas a espertinha sabe como fazer as coisas e já está com a porta do armário de comida aberto, puxando sacos de arroz, açúcar e farinha, derrubando enlatados, colocando macarrão cru na boca. Incrível como ela é rápida, você pensa, enquanto a mãe na teoria que ainda te habita fala que esse tipo de comportamento não deve ser permitido, afinal, ela pode se machucar, derrubar tudo pelo chão e além do mais comida não é brinquedo, como diria sua avó. MAS a mãe na prática que você se tornou sabe que enquanto ela está distraída ali com os potes, enlatados e pacotes você ganha dez minutos, que devem ser suficientes para fazer os piques (picar cebola, alho, tempero verde), colocar o arroz para cozinhar, temperar os bifes, fazer salada de alface e tomate e colocar o pote de feijão para descongelar no microondas.

Na sua cabeça vem aquela letra de música dos Engenheiros do Hawaii:

Somos o que há de melhor
Somos o que dá para fazer
O que não dá para evitar
E não se pode escolher

sexta-feira, 4 de março de 2011

Tiradas

Eu sempre gostei de ler sobre as palavrinhas e histórias ditas pelos filhos e filhas de outros blogs e sempre fiquei pensando e imaginando quando eu ouviria as suas.

A verdade é que faz um bom tempo que eu ouço as palavras, desde os primeiros mamães totalmente identificáveis até as frases que você nos diz hoje. E entre uma fase e outra chegaram as situações engraçadas que as suas primeiras percepções de linguagem e comunicação nos trazem de presente.

A BABÁ E O FEIJÃO

Hoje a sua babá me contou que depois de almoçar você ficou com os dentes cheios de feijão, que ela te mostrou no espelho quando estavam escovando os dentes dizendo que tinha de limpar bem a boca porque estava cheia de feijão grudado.

Daí você para e olha fixamente para o rosto dela apontando uma pinta que ela tem na bochecha que parece, na sua percepção, um grão de feijão e disse: A lavá a fijão? Traduzindo: Vamos lavar esse feijão aí da sua bochecha?

O BAMBI É O PAPI?

Uma noite dessas ao te levar para a cama e perguntar se você queria ler um livrinho, você prontamente pediu o livrinho do Bambi, seu preferido ultimamente, e como eu demorei para encontrar você ficou repetindo infinitas vezes: Bambi, bambi, bambi, bampi, bampi, pampi, pampi, papi, papi... papi?

Eu me lembrei na hora do seu livrinho da Chapeuzinho Amarelo e do lobo que vira bolo!

ÍSIS QUÉ

Você está na fase do "Ísis quer tudo". Dia desses você estava lendo um livro novo com a babá e começou a querer rasgá-lo. Ela avisou para não rasgar, mas você não deu bola e continuou. Ela avisou que tiraria o livro, caso você continuasse a puxar as folhas, pois iria estragar e como você fingiu que nem era com você ela retirou o livro da sua mão e colocou na estante, ao que você respondeu prontamente: Ish qué a istagá!

E desde então não adianta muito a gente dizer que você não pode pegar algo ou mexer em algo pois poderá quebrar, estragar, rasgar ou qualquer coisa assim, pois você prontamente responde que, sim, você quer mesmo é estragar, rasgar, quebrar...

Ao menos você é sincera.

A PANTELA E O CULATIDO

Na hora do almoço eu e o seu pai nos revesamos para brincar com você enquanto o outro come com mais tranquilidade, como já explicamos aqui. Num dos seus momentos com seu pai vocês esatavam brincando com a pantela (pantera cor de rosa, que é seu novo desenho preferido) e você dá uma mordida no focinho da pobre felina.

Seu pai, no intuito de ensinar-lhe que morder os bichinhos não era legal, deu toda uma explicação de que a pantera tida ficado dodói, ido ao hospital (ele sai de suas vistas com a pantera por alguns segundos) e que tinha que fazer um curativo. Ele colou um esparadrapo no focinho da pantera e te explicou que não era para morder, caso contrário a pantera teria que ir ao hospital para fazer um curativo e sarar o dodói.

Segundos depois de receber a pantera de volta para brincar você retirou o culatido, deu uma mordida caprichada na barriga do bicho e estendeu a pantera para seu pai a fazê culatido a pantela!

Tanta psicologia só atiçou ainda mais a vontade de morder...tsc...tsc...
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