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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Os dias podiam ser sempre assim...

Filhotinha! Estamos juntinhas, sempre!

...

Eu e a minha pequena Ísis gostaríamos de agradecer os selinhos que recebemos!

O primeiro nós recebemos de uma moça que tem um nome muito bonito, rsrsrs Obrigada Ísis, do Estilo Catarina!




Esse selinho tem uma regrinha, ou melhor, duas: a primeira é indicar o blog que deu o selinho. Feito no parágrafo acima!

A segunda é dizer o que nós desejamos para o nosso mundo.

Bom, a Ísis ainda não me diz o que deseja, mas posso adivinhar que uma das coisas que ela deseja atualmente é que no nosso mundo ideal não seja mais necessário que os bebês usem roupas e troquem fraldas. Imagino que ela deve sonhar com alguma capacidade mental, mágica e psicodélica para manter o corpinho aquecido sem precisar colocar roupas. Ah, e manter o rabinho limpinho e cheiroso e o xixi e o coco bem longe dele sem a necessidade de fraldas. Talvez ela também deseje que numa próxima encarnação a sua próxima mãe seja indiana e desenvolva todo aquele método super legal mas fora dos padrões da mami atual de ensinar os bebês a fazerem suas caquinhas no peniquinho, sem necessidade do uso das fraldas! É.

O desejo da mami atualmente vem na linha de uma campanha que foi lançada no blog Ombudsmãe, aliás campanha linda, que eu adorei e estou replicando aqui: que a maternidade seja mais valorizada! Nós mães não deveríamos carregar a culpa do mundo, como já disse a Roberta, do Piscar de Olhos, mas sim o futuro do mundo. Tem horas que eu penso que desejo viver na Ilha de Avalon...

E o segundo selinho, que aliás já havíamos recebido anteriormente e sobre o qual já falei aqui, recebemos da minha agora quase ex conterrânea Ana do Viajar é tudibom! Bom, nossa ida para a fronteira sul está marcada! Então nada de urucubaca para os lados de cá! Sirvam-se todos que derem uma passadinha por aqui e mandem esse selinho prá frente, por favor!



Acho que cumpri as regrinhas direitinho!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Papo sério: entre mãe e filha

Eu tenho algumas coisas para te contar, para te explicar, para te pedir e para te comunicar. É, é um papo cabeça, papo sério, desses que terei com você daqui muitos anos (ou nem tantos), mas que a urgência dos meus pensamentos atuais não me permite esperar tanto tempo para falar com você. A vantagem é que você não responde, não retruca, não emite opinião contrária, não me culpa. E a desvantagem é justamente tudo isso junto, porque daí não é conversa, mas sim monólogo. E monólogo é conveniente, mas é chato!

Desde que entrei para o o time das mamãs eu tenho me visto e me revisto sob vários aspectos. Tenho lido muito sobre o assunto. Tenho pensando muito sobre a maternidade. Mas não fique toda garbosa morrendo de orgulho da sua mamãe, filha. Neste quesito sou apenas mais uma mãe de primeira viagem desesperada por um pouco de rumo, de conforto, de certeza, como quase todas as mães que você vai conhecer um dia.

De tudo o que tenho lido, tem muita coisa que gosto, aceito, venero, penso sobre e coloco em prática assim que consigo. Foi assim com o nascimento deste blog, com a decisão pela amamentação exclusiva até os seis meses, com a escolha do tipo de parto, com a escolha de colocá-la para dormir no seu berço desde o primeiro mês de nascimento, de não gostar de cama compartilhada, mas colocar você para dormir no nosso quarto no colchão no chão nos dias de muito calor, de não dar chá ou água quando desnecessário, de dar antitérmico ao primeiro sinal de febre acima dos 38 graus, de torcer para você pegar a chupeta e ficar feliz quando depois de 6 meses isso finalmente aconteceu, de escolher uma ótima fralda para você, ainda que isso me custasse algumas dicussões orçamentárias com o seu pai, de furar suas orelhas com você ainda recém nascida e não esperar até você ter idade para poder decidir, de não fazer com que as visitas desinfetassem as mãos para te pegar no colo, de não desinfetar a sua chupeta cada vez que ela cai no chão, de deixar você comer as migalhas de pão espalhadas no chão da cozinha entre uma engatinhada ou outra, de deixar você mexer livremente em tudo aquilo que não vá trazer riscos muito graves a sua saúde, de tomar banho junto com você, ainda que ele fique mais demorado e eu sinta bem mais frio só para poder sentir o prazer de ter o seu corpinho quentinho e cheiroso abraçado no meu, de não te dar banho de balde, porque achei bem esquisita essa história de banho de balde, apesar de até achar bem bonitinhas as fotos dos bebezicos entrouxadinhos naquilo, mas pensar que não seria nada prático te lavar dentro daquele negócio me fez disistir de tentar, de não ter comprado um sling quando você nasceu, mas ter tanta vontade de te levar em um desses bem bonitos, bem práticos, que comprei um lindão depois que você fez 1 ano, de não te encher de brinquedos denecessários, mas te encher de roupinhas lindas, fofas e de qualidade, ainda que elas durem menos de 3 meses e ainda que fazer isso também me custe algumas discussões orçamentárias com o seu pai (não, ele não é assim tão carcamano, mas é homem e não entende da necessidade de usar fralda soft touch para armazenar xixi e cocô e usar roupinhas de criança lindérrimas mas que custam mais que as dele), de ter escolhido colocar você numa escolinha e não ter contratado uma babá e agora ter mudado completamente de idéia, de te pegar no colo cada vez que você estica os bracinhos mesmo morrendo de dores nas costas, de não deixar você chorar se posso fazer qualquer coisa para que você não chore, de comprar algumas mamadeiras extras só porque você não conseguiu tomar suquinho na primeira mamadeira no primeiro dia, de deixar você mexer na comida enquanto estou te dando a sopinha/papinha/frutinha mesmo que isso faça muita sujeira e que possa fazer com que você pense que comida é brincadeira, mas quer saber? desde que você raspe o prato eu não ligo, de correr com você para a emergência do hospital/clínica/posto de saúde se você está agindo de forma levemente diferente daquele com a qual eu estou acostumada, de ficar tensa cada vez que preciso sair com você de casa, seja para ir até a esquina, ao mercado, à casa de um amigo, ou à pracinha, mas mesmo assim sair toda feliz e posando de confiante para quem quiser acreditar...

São tantas as coisas filha, são tantos os pensamentos diários, são tantas as tomadas de decisões e são tantas as mudanças de opiniões, que, sim, fica as vezes bem difícil ser mãe. Eu quero que um dia você possa entender as minhas escolhas e que consiga me entender um pouco mais por causa delas.

Eu não sou do tipo que levanta bandeiras, que luta desesperadamente por uma causa. Mas eu gosto sim de uma pequena discussãozinha, daquelas saudáveis, que nos fazem pensar e eu gosto de falar aquilo que eu penso, ainda que eu possa mudar de opinião depois.

E o que eu penso filha é que temos bandeiras demais para erguer na maternidade, temos nichos maternos demais, temos opiniões demais e muitas vezes não olhamos para nós mesmos para perceber que tipo de mãe somos, que tipo de maternidade queremos. E quando fazemos isso, seja se escolhemos A ou se escolhemos B  temos de lidar com o desconforto de todos os outros que escolheram diferente. Para mim não importam os outros; para mim só importa você e o que você vai dizer de todas as minhas escolhas daqui algum tempo.

Neste ano de 2010 eu me vi diante de algumas discussões que podem estar super fora de moda quando você crescer, mas que fazem listas e mais listas de discussões...

Sobre o PARTO eu tenho que te dizer que sempre morri de medo. Tinha pavor. Rezava para ter algum problema básico para ser mandada para a faca sem direito de escolha. Sério. Mas falava que queria o parto normal, sem saber ao certo o que queria até a 30a. semana. Daí eu quis muito o parto normal, com analgesia, lógico, que sua mãe corre da dor como o diabo da cruz. E aí ele veio e eu vi que talvez nem precisasse da tal analgesia, que a limpeza intestinal não é assim o ó como dizem e que ruim mesmo é a tal episiotomia que me deixou com bem mais dores do que as contrações e que se na próxima gravidez eu ficar ainda mais empolgada como fiquei na sua é bem capaz de eu tentar um parto natureba. Mas quer saber? No final das contas, para a mãe, o que importa é que o bebê nasceu. Eu não julgo ninguém sob este aspecto e é realmente muita pena que bebês não falem e não digam nada a respeito porque dessa forma tudo seria bem mais fácil e a gente não ficaria aqui se engalfinhando sobre isso.

Sobre a AMAMENTAÇÃO eu tinha muitas dúvidas, tinha vergonha de dar o peito em qualquer lugar, eu pensava que achava feio um bebê grande sendo amamentado, mas depois de algum tempo e principalmente depois de ver a minha irmã mais nova, sua tia Ari amamentando seu priminho Vini com tanta vontade e prazer, mesmo com os bicos dos seios cheios de fissuras, com muita dor, eu pensei: "eu também posso, eu também quero isso" e foi pensando muito na sua tia que eu persisti naquelas duas primeiras semanas de amamentação, quando eu também fiquei com os bicos dos meus seios em carne viva e cada vez que você abria a boquinha para mamar todo o meu corpo ficava tenso e eu sentia calafrios de dor, mas eu não ligava, eu queria amamentá-la e fiz, e persisti e usei uma pomada milagrosa que me permitiu amamentá-la muito. Mas eu ainda tinha meus pudores e tinha vergonha de amamentar na frente dos outros, ainda que tentasse não sentir vergonha disso. E a vergonha não era de amamentar, mas de mostrar os seios, que convenhamos, não é algo que mulheres direitas façam assim a toda hora, em qualquer lugar. E isso me impediu de fazer muitas coisas e curtir muitos lugares com você bem pequenininha. Mas hoje não ligo e se tiver outro filho que se dane, vou amamentar em qualquer lugar e quem se encomodar que nem olhe. E eu dizia que queria te amamentar até 1 ano, porque achava suficiente e achava esquisito criança grande mamando nos peitos, mas a verdade é que depois que você parou de mamar aos 8 meses eu me culpei um pouco por não ter feito as coisas direito; e verdade maior ainda é que eu te amamentaria até meus peitos irem parar no pé sem problemas porque a amamentação é muito importante para os mamíferos e se somos humanos não deveríamos tomar leite da vaca, mas sim de nós mesmos.

Sobre a CHUPETA eu li tantas coisas divergentes que fiquei muito tempo sem opinião a respeito, como ainda hoje não tenho. Você era uma bebê que precisava sugar o tempo todo e se não estava sugando não estava feliz e por isso eu queria que você pegasse a chupeta, para ficar mais calma sem precisar se entupir de litros e litros de leite materno para ficar mais tranquila, quando o que você queria era apenas uma chupetinha e não um seio cheio de leite. Mas você só foi olhar para a chupeta com bons olhos depois dos seis meses e eu vi o quanto a chupeta te deixou mais calma, assim como a mantinha, que você adora e o colinho da mamãe. Eu não sei a que pé estará esta discussão daqui alguns anos, filha, mas eu te dei chupeta porque achei que era o melhor para você, porque por mais que me digam que basta dar colo e peito que tudo fica bem para o bebê isso não se aplicou a você! Bebês são diferentes e precisam de atitudes diferentes e eu não vejo a chupeta como algo ruim, mas também não a venero e nem te deixo largada às traças com uma chupeta na boca. Não acho que ela vá te fazer mal e foi por isso que te dei e fiquei feliz quando você finalmente gostou da amiga chupeta. E não se preocupe que não vou te obrigar a deixar dela, você vai deixá-la de lado quando estiver preparada para isso, sem estresse, sem pressão, sem traumas. E se não quiser deixar...bem...aí será com você, né? Prometo que não conto para seu futuro namorado que você ainda chipra chupeta aos 15, 18, 20 anos se assim você quiser. Melhor chupeta que cigarro, bebida, droga, virar emo, gostar de funk, entre outros (mas se você fizer tudo isso e mais um pouco não tem problema, vou te amar e te respeitar do mesmo jeito e aceitar suas escolhas, assim como espero que você um dia aceite as que eu fiz em seu nome).

Sobre o COLO eu desde sempre achei que lugar de bebê era no colo, porque sentia uma empatia muito grande pelos bebezicos pequetitos e desprotegidos nos carrinhos, nos berços, perdidos entre cobertores e pensava que "nossa, ele deve estar perdido, sem saber onde está, o que fazer", então não queria que você se sentisse assim e pegava você no colo até minhas forças falharem e eu ter que pedir ajuda do papi durante a noite quando eu já estava sem rumo de tão cansada. Também é certo que se eu tivesse um sling minha vida na licença maternidade teria sido bem mais fácil... Você ganhou e ganha tanto colo quanto eu posso te dar. Não posso afirmar que te dou tanto colo quanto você precisa ou quer, porque infelizmente não tenho braços para isso, mas te digo, minha filha, que se eu pudesse e conseguisse e se assim você quisesse, te carregaria sempre comigo, no meu colo, bem juntinho, para qualquer lugar onde eu fosse.

Sobre BARULHOS/ROTINAS DA CASA/HORA DO SONO eu tive mil pensamentos diferentes e tive mil pitacos de várias pessoas até formar a minha opinião. E ela segue a linha de que os bebês não tem que dormir em qualquer lugar, de qualquer jeito, com qualquer luz e que, sim, quando um bebê está dormindo não devemos falar alto, nem ligar o som ou fazer baderna porque assim era a rotina da casa antes dele nascer, porque sinceramente acho isso uma tremenda falta de respeito com o pobre ser que precisa dormir para aprender a conviver neste mundo. Eu não gosto de barulho quando estou cansada, nem de claridade estrema, nem de lugar desconfortável, então eu penso "por que a minha filha iria gostar?" e aí sempre fiquei muito brava quando te acordavam, mesmo disfarçando ao máximo a minha irritação, quando tinha que ouvir que você tinha que se acostumar aos barulhos/cheiros/luz porque se não iria encomodar sempre e eu e o seu pai não poderíamos fazer nada nunca. Discordo total e sempre que posso evito estresse enquanto você dorme, porque se você dorme gostoso acorda feliz eu fico tranquila e feliz por tabela. E sim, depois que se tem filhos a vida muda, a rotina muda e não, não podemos fazer exatamente as mesmas coisas que fazíamos antes de termos filhos, e isso, para mim, é o normal. Te digo que tenho saudades sim do tempo em que podia dormir até tarde, sair noite a fora, tomar umas cervejinhas com os amigos sem me preocupar com a hora ou com a tonturinha que dá, ler até ficar vesga, assistir filmes inteiros legendados (e não dublados) até doer o traseiro, sair sem eira nem beira nem destino certo, só sair. Tenho saudades disso sim, mas não troco a minha vida hoje por tudo isso que vivi antes, porque eu tenho uma certeza aqui bem no meu coração filha: eu vivi todos estes anos e eu passei todas as experiências pelas quais passei para aprender a valorizar a maternidade, a família e foi dó depois que eu conheci o seu pai e tive você que eu finalmente me senti completa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cenas de um final de semana


Sexta feira (porque para a sua mãe o final de semana começa na sexta após o trabalho!):

Seu pai chegou em casa com a sua carteira de identidade! Tão fofinha! Com os dizeres "não alfabetizado" e o dedinho polegar gorducho, que ficou boiando naquele espaço em branco enorme! E a fotinho, uma beleza! Mas aí que ficamos mostrando a sua identidade para você junto com a nova do seu pai e dizendo: essa é a Ísis/esse é o papai. Depois da nossa frase você repetia uma "ix" e um "pápa" com a primeira sílaba bem pronunciada! Quase chorei de emoção!

...

Pouco depois, antes de sairmos para encontrar com alguns amigos começamos a repetir: Ísis (apontando para você), Papai (apontando para o papai) e Mamãe (apontado para mim, claro). E seguiu-se o "diálogo":

- Fala papai, filha!
- Pápa!
- E a bola? Cadê a bola?
- Bó! com o dedinho apontado
-E mamãe? Fala mamãe, filha!
- ?
- Mamãe! Fala! Mamãe!
- Pápa!
Mereço?

...



Tudo bem que na hora do desespero você bem que sabe como me chamar, né? Daí estica os bracinhos e vem choramingandinho com um "mamã, mamã" todo dengosinho...danadinha, você!







Domingo:

Dia de jogo do Brasil, que fomos assistir na casa de um casal amigo que mora em Jaraguá do Sul. Na chegada ao apartamento meus olhos de lince mamíferos já foram localizando pequenos objetos quebráveis sobre uma mesa de centro com tampo de vidro...

- Precisa tirar da mesa? a amiga perguntou quando percebeu meu olhar para os objetos.
- Todos não, eu repondi, só aqueles que você tem algum apreço...
Alguns segundos depois a mesa estava VAZIA.

E eu fiquei tranquila. Antes de ter filhos achava que não pediria para as pessoas tirarem as coisas do lugar e que nem eu mesma faria isso em casa, pois achava, com toda a sabedoria e convicção das pessoas que ainda não tem filhos, que você não mexeria em nada porque EU ensinaria a não mexer...doces sonhos...

Mas a verdade, minha pequena, é que eu não ligo muito não. Por mim você pode mexer em qualquer lugar ou coisa, desde que seja seguro para você. Não ligo para a bagunça que você faz, até te ajudo a espalhar as panelas, os potes de plástico e a tirar as coisas das gavetas. Quando nós duas estamos em casa brincando, fica tudo uma bagunça! Muito brinquedo e coisas espalhadas! Somos bagunceiras de carteirinha!

Já com o seu pai é o oposto, né? Na segunda feira você ficou em casa com ele porque estava com febre e desenvolveu uma reação à vacina tríplice que tomou há dez dias e não poderia entrar em contato com outras crianças devido ao risco de contágio. Quando eu cheguei em casa no final da tarde a casa estava impecável e sobre o edredon onde você costuma brincar havia APENAS uma casinha com peças de encaixar (com as peças devidamente guardadas) e a bola! Tudo devidamente organizado como o seu pai gosta que fique!

Incrível essa diferença! Você vai perceber com o passar do tempo que eu e o seu pai somos semelhantes em muitos aspectos, na maioria deles, eu creio, e principalmente no que se refere a pensamentos, filosofias e ideais de vida. Mas somos muito diferentes em comportamentos. E na organização então...


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Copas do mundo: uma retrospectiva para você que está chegando!

A nossa primeira Copa do Mundo! Pensando nisso a mamãe acabou fazendo uma restrospectiva das copas das quais se lembra. Vou te contar:


A primeira de que eu tenho lembrança é a de 1986. Eu morava com a sua avó e sua tia na casa da sua bisa, lá no Passo de Torres, que na época era uma vila da minúcula cidade de São João do Sul. Nós éramos liberadas das aulas e íamos para casa assistir aos jogos. Acho que no começo eu não entendia muito bem o significado da Copa, porque demorei para entender que era "tri legal" quando o Brasil fazia um gol. Eu me lembro de pular muito no sofá verde da sua bisa quando isso acontecia. Lembro de ter ficado triste quando o Brasil perdeu e lembro também de que a minha brincadeira preferida por alguns dias foi simular jogos de futebol onde eu trocava passes com o Careca, meu jogador preferido daquela copa. E saía correndo pelo pátio gritando gooooooooooool do Brasil il il! Assina embaixo Janine!


Já da copa do Mundo de 1990 a maior lembrança que eu tenho é a de fazer um trabalho escolar sobre os países que participariam da copa, para a disciplina de Geografia. Tínhamos que descrever o país, dizer qual era a capital, a densidade demográfica, clima, vegetação, encontrar a bandeira e ainda desenhar o mapa em papel manteiga! Detalhe filha: naquele tempo nós escrevíamos em papel almaço pautado e pesquisávamos em enciclopédias! Nessa copa, nós (eu, sua avó e sua tia Ari) já morávamos em Criciúma. Eu não me lembro de assistir aos jogos, mas com certeza devo ter feito isso...


E aí veio a Copa do Mundo de 1994! Acho que vou me lembrar para sempre dos gritos do Galvão Bueno (que era o narrador da Globo na época e ainda é!) gritando "é tetra, é tetra, é tetra" enquanto estrangulava um Pelé, que usava gravata dos Estados Unidos! A mamãe passava por uma fase difícil naquela época! A primeira fossa! Você vai saber o que é isso, infelizmente! E eu vou te dizer que vai passar, que você vai namorar outros carinhas até encontrar aquele que será o pai dos seus filhos. E você vai me dizer que não, que nunca mais! Nunca mais! Então eu não assisti com aquela vontade nenhum dos jogos até a final, eu andava muito triste por aqueles dias porque tinha terminado o meu primeiro "namoro de verdade" da adolescência, depois de 3 meses! Achava que ficaria solteira pelo resto da vida porque nunca mais amaria ninguém como amava aquele, agora, ex namorado! Ainda bem que eu estava errada, né? Mas aí que sua avó havia combinado de assitir ao jogo da final no Passo de Torres com meus tios, primos...e eu levei a minha melhor amiga (daquelas da infância, adolescência, da vida) comigo, que agora é a sua tia Rosi! Ah, nessa época ainda morávamos em Criciúma e agora uma pequetita Tia Mari já estava conosco!



E a Copa do Mundo de 1998 chegou! Esse ano foi um ano de muitas mudanças na minha vida. Foi nesse ano que a mamãe saiu de casa, em Criciúma, para fazer faculdade em Florianópolis. Foi nesse ano que a mamãe conheceu o papai e nós começamos a namorar! 1998 é um ano muito especial para mim! Mas durante a copa a mamãe estava sozinha em Florianópolis porque estava rolando uma greve longa dos professores da universidade. Eu assisti aos jogos da fase eliminatória sozinha na cozinha da república onde morava, numa daquelas televisõezinhas pequenas, portáteis, preto e branco. Com certeza você verá uma dessas apenas am museus daqui alguns anos! Lembro que depois dos jogos eu saía para caminhar na Beira Mar Norte. Adorava ver a empolgação das pessoas. Mas foram dias solitários para mim. Eu estava sozinha. As aulas ainda não haviam começado e minhas colegas de república ainda não haviam voltado. Estava longe da família e dos amigos mais chegados. Eu já conhecia o seu pai e nós até já tínhamos ficado juntos, mas ainda não era namoro... Vou me lembrar para sempre daquele jogo contra a Holanda, dos pênaltis defendidos pelo Tafarel, e novamente do Galvão Bueno gritando "vai que é tua Tafarel". E depois a final. Aquele jogo contra a França. Apático. Brasil foi vice naquela copa.


E chega a Copa do Mundo de 2002! O Brasil foi Penta! E a Copa foi lá no Japão, então os jogos eram de madrugada. Eu assisti poucos jogos antes da final por causa do horário. Mais uma vez a mamãe estava sozinha, agora fazendo estágio, no último ano da faculdade. O papai já tinha indo embora de Floripa, tinha se formado e estava trabalhando em Joinville, cidade onde moramos hoje. Mas ainda não havia acontecido o "baile de formatura" dele, e o tal baile foi na véspera do jogo final da copa! Mas eu e o seu pai assistimos ao jogo final separados. A mamãe assistiu no apartamento que dividia com outras universitárias, ao lado da sua avó, que dormia; a tia Rosi também estava lá e dormia em outro quarto. E o seu pai assistiu no hotel onde estava hospedado com sua outra avó, seu avô, titios e amigos que tinham vindo para a festa. Nós não nos encontramos no dia do jogo. Ele tinha que voltar a Joinville para trabalhar naquele domingo, pois ele trabalhava no turno da noite, e eu fiquei com sua avó e com a tia Rosi. Naquele dia morreu uma pessoa de quem você vai ouvir falar muito na nossa casa: Chico Xavier.



Ah, e enfim a copa anterior a esta: a de 2006. Muitas coisas aconteceram nos últimos quatro anos! A mamãe se formou na faculdade e foi para Joinville, para trabalhar e morar com o seu pai. Nós nos casamos em 2004, depois de morarmos um tempo juntos. Eu exerci minha profissão por pouco tempo e logo desisti dela, porque queria ter estabilidade financeira e emocional para cuidar da minha família e ter filhos. Escolhi, com a ajuda do seu pai, fazer concurso público. Passei em fevereiro e comecei a trabalhar em junho, junto com o início da copa. O Brasil foi eliminado, não chegou à final.



E a Copa de 2010, como será? Ainda não sabemos, mas o que eu sei é que nesses últimos quatro anos a mamãe continua trabalhando no mesmo lugar, morando no mesmo lugar, casada com o mesmo marido, mas agora com você fazendo parte da família! E essa copa pode não te trazer lembrança nenhuma daqui alguns anos, mas vai ficar guardada nas minhas recordações, como a primeira Copa do Mundo em que você estava conosco!



Seja muito bem vinda à história das Copas! Agora elas farão parte da sua história também!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Poderes especiais, palavras mágicas e filha mutante

Eu tenho um desejo recorrente desde que você nasceu: eu deveria ter a capacidade de te aceitar novamente dentro do meu ventre. Esta deveria ser uma capacidade inerente a todas as mães. Eu deveria ter algum poder especial, deveria conhecer alguma palavra mágica ancestral, alguma erva com propriedades medicinais (ainda que não aprovadas pela Anvisa) eu deveria ter gerado uma filha mutante cuja única e pertinente mutação fosse a capacidade de retornar ao útero sempre que o ambiente se tornasse inóspito demais.

Eu tenho um ódio mortal de tudo o que te faz sofrer, filha. Eu tenho sofrimentos imaginários quando sadicamente imagino situações horríveis que poderiam te acontecer. A ironia é que o que mais te acontece ultimamente são as crises de bronquite, que apesar de estarem longe de ser um mal terrível, ainda assim são como um inimigo mortal, que deve ser banido, execrado, combatido com todas as minhas forças!

E o que me dói é que eu perco! Tenho perdido constantemente a cada nova crise! E sempre que você começa com aquela tosse seca, o nariz entupido e a respiração ofegante com sibilos que me arrepiam os cabelos da alma, eu sofro, eu choro, eu esperneio, eu grito; e eu rezo, e eu sonho com aquela capacidade descrita acima. E enquanto eu te seguro no meu colo, que desde que você saiu do meu ventre, é o que o meu corpo pode te oferecer de refúgio, eu te embalo e me embalo nesse sonho.

E a cada melhora sua meu mundo volta a colorir...
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