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segunda-feira, 28 de maio de 2012

É preciso domar?

Obrigadíssima pelo apoio e pela ajuda no post anterior. Eu escrevi mais como um desabafo mesmo, porque é uma fase difícil essa, e como sempre que resolvi abrir algo mais íntimo aqui, recebi valiosa ajuda.

A Betty me relembrou que essa fase, por volta dos 3 anos, é a fase onde a criança se descobre uma pessoa independente dos pais, descobre suas vontades e não vontades. Agradar a mãe já não é o objetivo primordial de sua vidinha. A criança passa a se testar, se descobrir e acaba por nos testar também. É um processo que vai se completar na adolescência.

A Dani me falou de 2 capítulos do livro "A Maternidade...", de Laura Gutman. Eu recebi este livro na semana passada e ainda não havia chegado aos capítulos indicados, mas pulei os iniciais e a leitura me ajudou bastante no sentido de colocar em palavras coisas que penso e sinto em relação ao desenvolvimento da minha filha e em como entendo todo esse processo, como gostaria de conduzi-lo.

É um caminho muito difícil sair do senso comum de ter que "domar" a ferinha, sem respeitá-la como indivíduo. As idéias de educação sem violência, sem gritos e sem castigos são mal vistas pela maioria das pessoas.

Mas eu acredito muito nisso e Laura fala muito bem aqui: "Em geral, a presença engajada dos pais é ínfima quando as crianças "não tem limites, pedem desmedidamente ou não se conformam com nada. Não se trata apenas de presença física. Trata-se de presença e também de compromisso emocional."

A grande maioria dos pais ama seus filhos. Eu amo os meus. Mas criar filhos é de uma complexidade sem tamanho. Todos queremos criá-los bem, mas o dia a dia nos afoga e por vezes esquecemos do compromisso que assumimos ao nos tornarmos pais, deixando que o cansaço nos vença, a impaciência surja e frases ditas sem muito sentido para a criança sejam lançadas ao vento.

A verdade é que brigar, colocar de castigo, gritar, mandar são soluções muito mais fáceis do que compreender, ensinar, ajudar, compartilhar, estar junto.

Laura Gutman me disse mais: ela me disse que para se ter bons resultados é preciso dedicação. Precisamos dedicar parte do dia aos nossos filhos, com sinceridade. Estarmos presentes para eles e não olhando para o lado oposto, para o telejornal, novelas, computador, mais trabalho, fofocas. Mas dedicar-se aos filhos também não é bem vindo em nossa sociedade. Dedicar tempo aos outros é uma escolha e não podemos pensar que os filhos nos devem respeito e amor apenas porque os colocamos no mundo. Temos sim que nos dedicar a eles para conseguirmos construir um relacionamento saudável, baseado no amor, sim, mas também no respeito, na admiração, na confiança e no diálogo.

"Não há crianças difíceis; há adultos que optam por destinar, prioritariamente, atenção e energia a outros assuntos."

Eu acho as brigas e os embates diários improdutivos. Não admito que meus filhos tenham medo de mim. Claro que eu aprecio o respeito, mas o respeito não vem com o medo, ao contrário. Enquanto crianças e dependentes de nós estarão sob o nosso jugo, mas quando adultos, sairão pelo mundo para não mais voltar. Salvo se existir relacionamento, amor, respeito. E isso não se constrói assim, do nada.

O relacionamento entre pais e filhos é complexo, por diversos motivos. Mas eu creio que a base para um bom relacionamento futuro está na infância e em como conduzimos este processo de aprendizados dos nossos filhos. Eu creio nisso, seriamente.

É claro que há outros fatores, nos quais eu também acredito. Espiritualista que sou, acredito que a criança que está sob minha proteção hoje tem personalidade prévia ao nascimento, e como tal, possui seu lado de luz e seu lado de sombra como todos nós. Cabe aos pais ajudar a criança a domar e vencer suas sombras e fazer brilhar sua luz.

Com a minha filha, nos momentos de crise eu tento sempre entender a causa, porque sempre há uma, e por vezes nós, os adultos, não conseguimos compreender isso. A partir daí eu dialogo, mostro que a compreendi, explico, abraço, beijo, dou alternativas. Se ainda assim não resolve eu espero, perto ou longe dela a depender da situação. Para mim é o melhor caminho.



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fim da exterogestação



Exterogestção foi um termo que eu aprendi nos blogs maternos ou que falam sobre maternidade. Este período, que vai do nascimeno até os 3 meses, costuma ser o mais conturbado na vida dos recém formados progenitores (uau!).

Agora, vamos falar a verdade: não há período menos conturbado depois que você tem filhos!

Eu particularmente achei bem difícil os primeiros 3 meses da Ísis. Recém mãe naquela época, levei um bom tempo até me ajustar ao meu mais novo papel. Por consequência, não curti tanto essa fase da Ísis, preferindo o período dos 6 meses em diante.

Agora, nessa maternidade de segunda, eu gostei dos primeiros 3 meses do Pedro. Não posso afirmar que é minha fase favorita, mas eu consegui viver um dia após o outro, sem grandes expectativas, com tranquilidade relativa.

Não tivemos as famosas cólicas por aqui. Mais experiente, preferi dar um sentido mais real ao choro do meu bebê, principalmente o noturno. Normalmente ele chorava de cansaço. Os olhos vermelhos, o bocejar constante, os pais também cansados do dia cheio. A máquina de lavar louças foi uma grande aliada neste período, pois o barulho o acalmava e ele conseguia, finalmente, adormecer.

O que eu percebi é que é muito fácil chamarmos de cólica o choro insistente do bebê, darmos remédio para dor e não pensarmos mais nisso. Mas observando o recém nascido com cuidado é possível identificar quando ele sente dor real ou quando o choro tem outro sentido. E os bebês se fazem entender muito bem!

As acordadas na madrugada foram diminuindo até ficarem em apenas uma vez. Ele dormiu mais noites inteiras em 3 meses -  entenda-se por noites inteiras das 23:00h às 06:00h - do que a Ísis em 1 ano. E eu achei que seria a glória, mas faz uma semana que voltamos para a rotina de 2 a 3 acordadas na madrugada. Então não temos padrão, mas desta vez eu sei que voltarei a dormir uma noite inteira em breve, sigo cansada, mas mais tranquila.

Ainda é cedo para falarmos sobre como ele será, mas ele é muito risonho, parece ser menos curioso com o mundo a sua volta, mais contemplativo eu diria. E é um chupador de dedos, não teve jeito. Chupeta não rolou com ele também.

Como todo bebê, ele fareja a presença da mãe e quando me quer ele chora fazendo um méin-méin ou gritando mãrrã. Não é brincadeira não, ele só chora assim em colos alheios, no meu o choro é outro! Incrível, não é?

E quando está bravo ele grita tão bonitinho e histérico! Começa com um agitar de braços, depois um tremer de corpo que evolui para a cabeça e termina em gritos estridentes!

Quando mama adora ficar mexendo na minha blusa ou pegando a minha pele. Tem vezes que me olha e ri, conversa um pouco e volta a mamar.

Iniciamos a fase dos cocos explosivos. Não sei como, mas eles vão parar nas costas, debaixo do braço e até na nuca, um horror!

Ele segue a irmã com os olhos e quando ela está brincando ao lado dele fica todo nervoso querendo participar também. Agita os bracinhos e joga o corpo para frente enquanto dá gritinhos de alegria. E a mana fica olhando com aquele ar meio blasé dela, como quem diz: Ai, como os bebês são bobinhos!

Adora agarrar os cabelos do papai e dá risada quando consegue!

Já deu suas primeiras gargalhadas! Foi quando eu estava contando a ele que ele havia feito um coco explosivo. Não podia dizer essas duas palavras que ele dava gargalhada (da minha cara, o danado). Pena não termos uma câmera à mão para filmar isso!

Como mãe percebo as semelhanças e as diferenças de comportamento em relação à irmã. Incrível mesmo gerarmos seres tão parecidos fisicamente e tão diferentes desde o nascimento.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Ferinha



Alguém, por favor, pode me dizer onde foi parar a minha filhotinha dócil, amável, obediente?

Não sei onde ela anda, só sei que desde que ela completou os 3 anos que virou uma fera! Diz não para tudo, grita, esperneia, bate, provoca, desobedece...tudo junto em poucos minutos!

Nunca havia sentido necessidade de ser mais dura com ela. Bastava conversar, explicar, e tudo se resolvia. Dá para contar nos dedos de uma mão as vezes em que eu perdi a paciência com ela nesses 3 anos, mas agora...eu perco a cada 5 minutos!

É comum ouvir que os 2 anos são terríveis, mas eu não vi disso por aqui. O caos começou agora, depois dos 3 anos. Parece que faz 2 semanas que entramos na adolescência aqui em casa.

Me abraça?

):

terça-feira, 15 de maio de 2012

A cura

Eu sempre tive sérios problemas de constipação até bem pouco tempo atrás (tá, nem tanto, faz uns 6 anos que melhorei e pouco mais de 1 ano que me curei de vez!).

Quando criança e adolescente eu chegava a passar uma semana sem fazer coco. Daí quando ia era aquela tortuuuuura. Horrível! Usei e abusei de laxantes até 2006, quando resolvi dar um basta naquilo e fazer valer meu diploma já empoeirado de nutricionista.

Melhorei a alimentação, comecei a fazer exercícios diários e dei adeus ao meu intestino preso e a 12 quilos! Mas nem tudo era felicidade. Quando estava fora de casa, viajando, ele travava novamente. Seria algum trauma da época do desfralde? Não sei...

Só sei que passei maus bocados em várias viagens (incluindo a lua de mel!) porque não conseguia fazer coco fora da minha casa, do meu banheiro.

E então, ah, então eu tive filhos! E me descobri curada deste problema ao perceber que faz 3 anos que eu vou ao banheiro acompanhada.

Primeiro de um bebezinho, que me olhava do chão, de dentro do seu bebê conforto.

Depois, ao aprender a sentar, ela ficava entre almofadas na porta do banheiro.

Ao aprender a engatinhar ela me seguia até a porta do banheiro e ficava lá, me olhando do degrau que o separava da sala.

 E então ela aprendeu a andar...e eu tive que conviver com uma menininha falante, cantante e que não parava de mexer em tudo a minha volta. E achava graça quando ouvia um pum. E queria ver a minha "obra" e dar descarga.


Curada que estou, hoje faço aperfeiçoamento: voltei a ter um bebê me olhando do chão, do seu bebê conforto, e continuo com uma menininha falante e que me pergunta a cada 3 segundos: "Já fez cocozinho, mamãe? Já fez? Fez? Fez? Posso ver? Posso? Posso ver? Já fez?"

terça-feira, 8 de maio de 2012

Amamentação - o retorno!

Ísis: primeiros dias

Pedro: primeiro dia

Uma das coisas mais fascinantes na minha primeira experiência como mãe foi a amamentação. Passados aqueles 15 dias de tortura eu amei e odiei essa fase! Mas amei muito mais do que odiei, e quem acompanha o blog desde o início sabe que minha primeira postagem falava exatamente do dia em que a Ísis havia recusado o peito e eu, numa avaliação equivocada e conveniente, entendi que ela não queria mais mamar.

Passados 3 longos anos e um filho depois eu posso rever tudo que fiz de errado e que acabou levando ao desmame precoce da Ísis. Talvez não tão precoce se pensarmos que no Brasil a média não chega aos 2 meses completos, mas precoce do ponto de vista do que recomenda a OMS e o que me recomendava minha consciência na época, que pretendia que a amamentação da Ísis durasse ao menos até 1 ano de idade.

Meus pequenos erros começaram assim que ela nasceu: pega errada gerou fissuras doloridas; o uso de sutiã e roupas sobre os peitos machucados agravou as fissuras causando ainda mais dor; não amamentar em livre demanda fez com que meus peitos ficassem sempre muito cheios, "empedrassem". O resultado> dor. Eu não cuidava muito da ingestão de líquidos e vivia muito estressada, o que dificultava o volume e o fluxo do leite durante à noite, gerando muito choro e estresse desnecessários.Tudo errado!

Depois, quando retornei ao trabalho, não quis ordenhar meu leite porque não havia me adaptado à bomba manual e achei que não aguentaria mais essa pressão: ordenhar, colocar em potinhos, congelar, levar para a escolinha! Eu estava muito cansada física e emocionalmente naquela época, sem ninguém com quem pudesse dividir meus pensamentos, não porque me faltassem amigos, mas porque ninguém conseguiria entender como eu me sentia. Até mesmo eu não entendia às vezes! Optei por dar leite de vaca enlatado nos horários em que a Ísis estivesse na escola e o peito quando ela estivesse comigo.

Sei que tem crianças que ficam muito bem neste esquema e que não desmamam, mas não foi o nosso caso. Dois meses depois ela começou a recusar o peito até que por fim eu desisti de insistir.

Muitos meses e leituras depois, grávida pela segunda vez, eu sabia que não queria repetir o mesmo com o Pedro. Quero amamentá-lo até os dois anos ou mais.

Desde o início fiz diferente:

- Mais experiente, acertei a pega do Pedro desde as primeiras mamadas;
- Menos pudica e fresca, menos preocupada com os outros e mais preocupada comigo e com o que seria melhor para mim e meu filho, fiquei com os peitos descobertos (andava sem roupas e sutiã na parte de cima em casa) por quase um mês depois que ele nasceu. Após cada mamada colocava meu próprio leite sobre os bicos para manter a hidratação. Também usei azeite de oliva e óleo de soja. O resultado foi que não tive fissuras. Obviamente tive sensibilidade e dor nos primeiros dias devido ao peito não estar acostumado com tamanha sucção!
- Fiz (e faço) livre demanda desde o início, então não tive peitos cheios e empedrados e quanto mais o Pedro mamava, mais leite eu produzia. Isso somado aos dois copos de água ingeridos após cada mamada (dica da Carol) garantiram (e garantem) um bom volume e fluxo de leite durante todo o dia e à noite.  O resultado se vê nas bochechas do Pedro e na balança do pediatra.

Em setembro retorno ao trabalho e desta vez ordenharei meu leite para ele tomar quando estiver fora. Li algumas coisas sobre isso, principalmente no blog da Carol, e pretendo fazer igual.

Amamentar realmente não é fácil não, e, como tudo na vida, se não estivermos certas de que queremos mesmo isso, sucumbimos nas primeiras dificuldades, que não são poucas! Fora toda a dificudade física da coisa toda, ainda existem as emocionais, que, felizmente, estão mais bem resolvidas nesta segunda vez!

Amamentar a Ísis me dava prazer, mas também me deixava exausta! Ninguém poderia alimentá-la no meu lugar! Eu não podia me afastar dela nos primeiros meses, e sair e dar de mamar em público era algo (e ainda é) difícil para mim.

Amamentar em público nessa segunda vez também não é fácil para mim: sacar os peitos assim, em público, não é uma manobra das mais fáceis. Dificulta muito que aqui seja frio demais e que não existam roupas apropriadas para isso. Então, os peitos ficam à mostra mesmo, não tem jeito, e eu fico com um pouco de vergonha, não tem jeito; mas encaro numa boa se precisar, porque entre minha vergonha e a fome do meu filho, ganha a segunda!

Da primeira vez, quando voltei ao trabalho, sabia que poderia ordenhar e deixar meu leite para ser aquecido na escola. Mas eu não quis, não achei necessário passar todo esse trabalho e me rendi às latas de leite. Eu me arrependi alguns meses mais tarde quando a Ísis começou seu quadro alérgico e as crises respiratórias vieram com tudo. O leite de vaca que ela tomava não ajudava em nada! Mas se fosse o meu, poderia ao menos não agravar o quadro dela!

Naquela época eu não estava certa de que queria amamentar por mais tempo. Eu gostava de amamentar um bebê! Como seria se ela não desmamasse e eu tivesse uma criança mamando em mim? Ou pior: se eu resolvesse desmamá-la antes dela querer seria ainda mais estressante para o meu emocional! Eu ainda não havia ligado o meu botão de F*d@-S#! Enfim, por medo de não aguentar, de não ser capaz e por falta de convicção de que gostaria de amamentar prolongadamente eu desisti antes de tentar.

Amamentação é sempre um assunto delicado: muitas querem, mas poucas conseguem. As campanhas não ajudam muito, e não há bancos de leite suficientes e gente especializada para ajudar quando você precisa. Nossas mães e avós já perderam o dom da amamentação há muito tempo e pouca coisa podem fazer por nós. Mas eu não tenho dúvidas de que as principais responsáveis somos nós mesmas.

Aqui em SVP conheci uma mulher (a minha depiladora) que me surpreende cada vez que nos encontramos. Ela sabe. Ela simplesmente sabe. Em nossa última conversa sobre amamentação ela mais uma vez me surpreendeu.

Eu gostaria de ser assim: simplesmente saber. Mas sou humilde o bastante para reconhecer que eu preciso que as pessoas desenhem para mim quando o assunto é maternidade. E eu preciso viver na pele, sabe? E também sou turrona o bastante para ir até o fim quando decido que determinado caminho é o melhor. Não importa o que dizem os outros, não importa o quão difícil seja, não importa o quanto eu fraqueje no meio da estrada!

Amamamentação prolongada, aí vamos nós!

...

Dicas:
- Usar azeite de oliva e óleo de soja é ótimo e muito mais barato que aquelas pomadas importadas para os seios! E você não precisa remover a cada mamada do bebê!
- Molhe os bicos constantemente com o seu leite e não cubra os seios nas primeiras semanas após o nascimento, sempre que possível. Se precisar cobri-los, use aquelas conchas de amamentação de silicone com um algodão umedecido em chá de camomila gelado (ou água mesmo). Alivia o desconforto.
- Evite aqueles absorventes para seios o quanto possível.
- Faça uso da livre demanda!
- Aguente firme os primeiros dias de sensibilidade e dor. Vai passar...
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