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quarta-feira, 29 de maio de 2013

E o mal só o carinho torna puro e sincero

Eu já conhecia Mercedes Sosa assim, de ouvir falar, de escutar algumas canções na minha infância. Violeta Parra era um nome que me lembrava algo, mas não fazia ideia de quem fora. E então eu fui com minha família para a fronteira com o Uruguai, onde a cultura gaúcha é rica, onde os campos são verdes e o céu azul. Onde o vento sopra forte e o sol é celebrado diariamente como o milagre que é.

Nas últimas semanas, com inúmeros acontecimentos chatos no dia a dia, inclusive a doença dos filhos, eu senti saudades das músicas da Mercedes Sosa. Dentre elas, esta que trago abaixo me é especialmente cara, daquela lista que me faz verter lágrimas de emoção só de ouvir, principalmente a frase do título.

Porque na adversidade, seja ela qual for, podemos escolher o caminho da revolta e lá permanecer, ou podemos trilhar o caminho do aprendizado e da mudança. Mudar o olhar sobre fatos, depois que saímos de um turbilhão, pode ser enriquecedor enquanto amadurecimento, ou pode servir para constatar o óbvio: falta sentimento nas relações humanas, falta generosidade nas ações e palavras. E não falo somente dos outros. Falo de mim.

Agradeço, agradeço sempre a possibilidade de rever, revolver sentimentos e conceitos. E agradeço mais ainda quando saio de um período ruim ainda mais fortalecida na ideia de transformar o mundo. O meu.

Fazem dez anos que deixei um emprego numa multinacional, onde, nutricionista recém formada, fui responsável por uma unidade de produção de refeições pequena. Onde chefiava diretamente algumas mulheres. Algumas mães. Ah, se eu pudesse voltar no tempo! Minhas ações e palavras seriam diferentes. Tenho consciência da minha pequenez e falta de generosidade. 

Nunca mais revi aquelas mulheres, mas me arrependo todos os dias, desde que me tornei mãe, das vezes em que não fui solidária diante das adversidades que elas passavam para cuidarem de suas famílias, seus filhos pequenos. Na minha ânsia de ser uma "boa funcionária", ganhar quem sabe até uma promoção, esqueci o elemento humano, esqueci que estava deixando de lado a essência do que nos move: amor.

Não posso fazer nada sobre o que já passou, só pelo que está por vir. E ainda bem que o novo sempre vem, e que cada vez mais, devido à família que tenho, vou me aproximando de mim mesma, da minha essência, que foi feita para o amor, para o carinho, para a generosidade.

Deixar as amarras dos conceitos egoístas que vamos atando aos nossos braços ao longo dos anos é, de fato, libertador. Meu olhar sobre fatos dos dias vai deixando de lado o linguajar felino, salvo quando minha família e aquilo que acredito ser o melhor para ela é atacado. Viro bicho, ou melhor, sou bicho. Humano.

Então, nesta véspera de feriado, deixo esse vídeo da Mercedita e sua voz capaz de me suscitar os melhores sentimentos nesta canção: Volver a los diecisiete. Poema de Violeta Parra.




quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sobre meninos e meninas


Será que somos definidos pelo que carregamos entre as pernas?

Faz algum tempo, eu estava com o Pedro no colo, ainda pequetito, depois de amamentá-lo, olhando seu rosto angelical, sentindo sua pele aquecida e macia, admirando o brilho nos olhos e o sorriso quase banguela. Ele era praticamente igual à irmã na mesma fase.

Os dois, desde que nasceram, são tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo! Eu costumo dizer que as diferenças entre eles, genuínas, são as biológicas e as de comportamento não vinculadas a questões de gênero, estas últimas socialmente construídas e reforçadas geração após geração.

Meus dois filhos queriam estar no colo todo o tempo. Meus dois filhos mamavam todo o tempo, um mamava mais forte e mais rápido, outro mais demoradamente. Meus dois filhos acordavam de madrugada e dormiam melhor quando dormiam comigo, na mesma cama. Um deles já dorme dez horas seguidas, o outro ainda acorda no meio da noite. Meus dois filhos são muito curiosos, gostam de fuçar em tudo, abrir gavetas, espalhar coisas pela casa, escalar cadeiras, mesas e sofás. Um deles é mais facilmente tirado de uma atividade não conveniente ou perigosa, o outro protesta veementemente. Meus dois filhos gritam. Meus dois filhos choram, mas de um as lágrimas escorrem aos borbotões desde que nasceu. Meus dois filhos sorriem. Muito. Meus dois filhos querem colo. Muito.

Naquela tarde, lá atrás, com o Pedro no colo, eu não pude deixar de divagar naqueles minutos pós amamentação, que a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, menos machista, menos misógina, mais libertária, menos escolarizada, mais natural, mais consciente, menos consumista, menos egoísta, menos prepotente, começa, invarialvelmente, em casa. Na minha. Na sua.

Um homem já foi um bebê, já foi carregado no colo e já teve exatamente as mesmas necessidades que uma mulher na mesma fase. Bebês, quando vestidos de forma neutra, são facilmente confundidos em seus gêneros. A experiência de ter uma menina e um menino em casa só me mostra, cada vez mais, que os meninos não nascem amando carrinho, futebol, brincadeiras de luta. Os meninos, só pelo fato de serem meninos, não são mais ágeis, mais articulados, mais exploradores, menos dados aos afagos e carinhos, mais fortes, menos emotivos. Eles podem ser tudo isso, mas não o são apenas pelo fato de serem meninos.

As meninas, por sua vez, também não nascem amando bebês, panelinhas, bonecas barbie, maquiagem, rosa, roupas. Não são mais dadas a afagos e carinhos, não são mais emotivas, menos ágeis, mais cuidadosas, mais calmas. Elas podem ser tudo isso, mas não o são apenas pelo fato de serem meninas.

Meu filho tem hoje um ano e três meses. O tempo vai passando e eu vou percebendo que ele é uma pessoa com muitas características do mundo dito masculino e outras tantas ditas do mundo feminino. Isso me faz crer ainda mais que características comportamentais são inerentes à pessoa e não ao sexo dela. Se as crianças forem deixadas livres de nossos preconceitos enraizados em décadas de uma educação altamente escolarizada na padronização de indivíduos, na divisão de gêneros, na disciplina massificante, no pensar amplamente conduzido a ideia de se ajustar à sociedade, mesmo que para isso haja a necessidade de se anular enquanto indivíduo, essas crianças, já adultas, transformarão o mundo. Para melhor.

Mas não é assim que é. Ainda não. Ainda não todo o tempo. Todos os dias nós, e o mundo a nossa volta, reforçamos comportamentos encaixados em listas de padronização de personagens. O menino recém nascido nem senta ainda, mas já é estimulado a gostar de futebol, a usar camisetas do time preferido, ganha dúzias de carrinhos e brinquedos de encaixe e lógica. Maiorzinho, ao iniciar as primeiras explorações, não faltam elogios a sua capacidade de locomoção, a sua aventuras sobre móveis, embaixo de mesas e arrastando tudo e qualquer coisa pela casa. Se o menino anda, corre, grita, sobe em árvore, explora regiões antes não conhecidas, tudo certo, ele só está sendo menino. Está entrando no padrão, no conceito idealizado e esperado por todos nós. Ele vai seguir o caminho certo, seguro.

Mas pobre do menino que age de maneira não adequada, que demonstra curiosidade sobre objetos, cores e utensílios que não deveriam pertencer ao seu mundo idealizado. O que ele recebe são reprimendas, olhares enviesados, conceitos machistas. E os meninos aprendem bem e rápido que, para serem aprovados, precisam entrar no esquema, no padrão. De uma hora para outra, deixam de lado o campo da espontaneidade, dos sentimentos, das experimentações e se adequam ao mundo preto e branco (e azul) e másculo onde irão habitar.

Se isso acontece com meninos, não é diferente com meninas. E essa fase eu vivo intensamente hoje. Minha menina está cheia desses conceitos na sua cabecinha de quatro anos. Ela me pede esmalte, maquiagem, batom. Diz que só gosta de rosa (mas sua roupa preferida é amarela) e constantemente busca reforçar o que ela, enquanto menina, pode fazer. Diz não gostar de determinada peça de roupa porque não é rosa e meninas usam (do verbo tem que usar) rosa. E se preocupa não apenas com ela, mas com o irmão. O irmão pode fazer o que ela faz? E eu respondo que eles podem tudo que quiserem, mesmo sabendo que isso não é verdade. Mesmo sabendo que ser livre e desescolarizado - e ser assim não envolve estar fora da escola, tenho entendido isso cada vez mais - exige um preço alto que eles, enquanto crianças, não podem pagar.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Sonho

Eu adoro música. Todas. Qualquer ritmo, obviamente que não ouço as vulgares, as mal educadas, as que falam mil vezes para eu requebrar até o chão.

Eu creio que devo essa minha fascinação por (boa) música a minha mãe. Quando eu era pequena lembro muito bem de mim e da minha irmã querendo assistir ao "Xou da Xuxa" na televisão no sábado pela manhã e  ela, a minha mãe, xispar com a gente da sala porque ela queria ouvir seus discos de vinil. Saíamos amuadas e entre uma brincadeira e outra ficávamos ouvindo as músicas dela. Lembro muito de Roberto Carlos, Belchior, Oswaldo Montenegro, Kleiton e Kledir, RPM, Legião Urbana, Cazuza, Lobão, discos dos temas das novelas.

Eu não sei vocês, mas eu sou daquele tipo de pessoa que se envolve com a música, que sente arrepios na espinha quando a música penetra minha alma, que já foi chorando, no carro, de Joinville a Jaraguá do Sul, ouvindo Djavan, porque estava com saudades da minha irmã e eu ouvia uma música que falava do azul. Minha irmã adora azul. Também já chorei de indignação ouvindo Gonzaguinha e gritando que a gente não tá com a bunda na janela pra passarem a mão nela. Não, a gente não tem cara de panaca. Mas tem gente que pensa que a gente tem, não é mesmo?

Quando estava grávida da Ísis, ainda morando em Joinville, eu e marido fomos até São Bento do Sul quando eu estava com oito meses de gestação porque eu estava pesada, cansada e queria uma piscina (#grávidaefresca). Nos hospedamos num hotel que tinha piscina quente. Durante a noite, ligamos a televisão e estava passando o show de uma banda portuguesa. Sem saber quem, como, por quê, aquelas músicas me prenderam e eu não consegui deixar de assistir a apresentação até o fim. Deitada no ombro do amor da minha vida, esperando minha primogênita. Completude me definia naquele momento.

Depois a vida ficou um tanto corrida e eu dei lugar às músicas infantis por algum tempo. Viciei em boas bandas e músicas infantis. Até que um dia eu resolvi apresentar as minhas músicas aos meus filhos, como minha mãe fez comigo um dia.

E foi neste momento que eu redescobri aquela banda portuguesa de antanho (uhuuu, ora pois): Madredeus. Vício total nos arranjos musicais e na voz maravilhosa da Teresa Salgueiro. Ouço todos os dias e hoje vou deixar para vocês relaxarem e sentirem arrepios na espinha nesta sexta feira, uma bela canção, que fala de amor, de sonhos, de simplicidade e felicidade dos pequenos momentos. O Sonho, Madredeus:

Quem contar
um sonho que sonhou
năo conta tudo o que encontrou
Contar um sonho é proibido
Eu sonhei
um sonho com amor
e uma janela e uma flor
uma fonte de água e o meu amigo
E năo havia mais nada...
só nós, a luz, e mais nada...
Ali morou o amor
Amor,
Amor que trago em segredo
num sonho que năo vou contar
e cada dia é mais sentido
Amor,
eu tenho amor bem escondido
num sonho que năo sei contar
e guardarei sempre comigo
Uma janela, uma flor, uma fonte de água e o meu amigo. E não havia mais nada.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Receitas de bolo e livre demanda

Imagem: google imagens

No ano passado, depois do nascimento do Pedro, já de volta a Santa Vitória, eu estava um caco. Cansada emocionalmente das novas situações que apareciam no dia a dia. Cansada fisicamente dos cuidados com os dois filhos. Eu precisa ter um tempo para mim, relaxar; mas eu também precisava ter um tempo com a Ísis, só eu e ela, como antes da chegada do irmão. Foi então que, meio sem querer, nós começamos as nossas experimentações na cozinha em meio a farinhas, açúcares, ovos e toda sorte de especiarias. Iniciávamos nosso ciclo de bolos semanais!

Os meus primeiros bolos não saíram lá essas coisas. No começo eu não sabia muito bem o motivo da existência e sequência dos ingredientes. Não sabia que quantidade colocar para fazer um mísero bolo nas minhas formas. E eu ainda sou meio avessa às receitas seguidas de cabo a rabo. Até porque nunca tenho todos os ingredientes.

Alguns bolos estranhos depois eu me decidi por uma receita e resolvi fazê-la sempre até acertar. Li, reli, separei os ingredientes, testei em todas as formas até chegar na ideal. Aprendi sobre a função de cada ingrediente numa massa de bolo - lembre-se que margarina, halvarina, não é o mesmo que manteiga - e sobre as razões de se acrescentar cada um, no tempo certo, à massa. O resultado foram bolos cada vez mais deliciosos, que não duravam mais que um café da tarde.

Então eu decidi que havia chegado o momento de me aventurar mais. Comprei novas formas, inventei receitas, mesclei, improvisei. Mas sempre tive muita dificuldade de seguir uma receita do início ao fim. Muitas vezes eu não entendia o que estava escrito. Eu lia e entendia uma coisa, mas na verdade era outra, sabem? Pois é.

Mas e o que tudo isso tem a ver com livre demanda, aquela do leite materno?

Bem, para mim tudo, e ontem, enquanto inventava mais um bolo e fazia minha primeira receita de biscoitos, eu fiquei divagando com as formas e farinhas sobre como captamos as informações que recebemos.

Quando a Ísis nasceu eu já havia ouvido falar em livre demanda. Claro. Mas que raios era isso? Livre. Demanda. O bebê demandando a mim e meu leite livremente. Tá. Entendi. Ou melhor, como vou saber que ele, ou ela, está demandando? Essa foi minha dúvida cruel.

Claro que eu não esperava que a Ísis recém nascida apontasse os peitos com o dedo indicador e falasse "mamá", como o irmão faz agora, mas, confesso, eu esperava quase isso. Não entendia os sinais, as tentativas de comunicação que a minha filha fazia, seja através do choro, seja através dos gestos. Ela era uma esfinge para mim, porque enquanto ela falava comigo, eu estava preocupada demais com a vida que havia mudado e não prestava atenção nela.

O resultado foi que oito meses depois dela nascer, uma encantadora de bebês, muito choro, cansaço e um final de licença maternidade depois, eu sucumbi. Eu li toda a receita do bolo, mas não compreendi partes cruciais dela. Como: margarina não é o mesmo que manteiga, bater as claras em neve traz um resultado diferente à massa, iniciar o bolo com manteiga e açúcar é meu método preferido.

A única pessoa que eu conhecia e que havia amamentado até seis meses exclusivamente e continuado até o primeiro ano de vida tinha uma rotina diária muito diferente da minha. Ao invés de analisar minha rotina e estabelecer meu ritmo eu me apeguei a esse detalhe e coloquei na cabeça que não conseguiria, porque não tinha a mesma vida. O mesmo horário. A mesma casa. 

Exatos dois anos depois do desmame (anti) natural da Ísis eu reiniciava mais um capítulo desse livro de receitas. Só que agora eu já estava mais esperta. Não seriam palavras francesas que me impediriam de acertar o bolo. Até porque experiência e criatividade já eram minhas amigas. E eu finalmente entendi que livre demanda era LIVRE. DEMANDA. 

Ingredientes:
- um par de peitos a sua escolha, no tamanho disponível
- uma boca pequena e ávida
- uma posição confortável (não esqueça de relaxar os ombros)
- olho no olho
- silêncio (mas pode ler artigos interessantes pelo celular nos primeiros meses)
- água, muita água

Modo de fazer:
Esteja com seu bebê junto ao seu corpo sempre que possível. Sling ajuda. Sempre que o bebê abrir a boca, os olhos, olhar para a direita, a esquerda, balbuciar, coloque um dos peitos na boca dele. Se ele estiver com fome vai mamar, se não estiver, vai sugar mais levemente. Deixe que ele sugue à vontade para garantir a produção do leite. Não olhe no relógio e tenha em mente que há bebês que sugam rapidamente e logo largam o peito e há bebês que sugam mais lentamente e ficam plugados por longos minutos.

Lembre-se que o tempo de forno varia. Para alguns será necessário mais de seis meses de leite materno exclusivo, para outros um pouco menos. Observe. Quando sentir que seu bebê, que já deve saber sentar, está curioso com a comida da família, tem habilidade motora para levar os alimentos à boca e dá sinais de querer mastigar, pode tirar do forno, ops, do aleitamento exclusivo e comece a deleitar-se com toda uma variedade de sabores que serão oferecidos a ele. Alguns ele vai gostar, outros nem tanto.






segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dor, pela vida

Imagem: google imagens, para a tarefa escolar da minha filha de 4 anos (pesquisar, escolher e levar para a escola imagens de animais camuflados), mas que EU tive que fazer

Dor pela vida. Esse foi o título da reportagem que saiu esta semana num jornal de circulação em Blumenau. A matéria tratava do método de nascimento, quase extinto, como frisou a jornalista, no qual os bebês ESCOLHEM O MOMENTO DE NASCER.

Achei a reportagem muito bem feita, com carinho, com boas referências, com muito espaço para as mulheres falarem sobre esta escolha tão fora da realidade atual, de se deixar que o bebê fique bem abrigado, crescendo e se desenvolvendo até o MOMENTO EM QUE ESTEJA APTO PARA NASCER.

Blumenau é uma cidade privilegiada no quesito parto normal, natural E humanizado (porque uma coisa nada tem a ver com outra ainda que costumem andar juntas). Estivesse eu aqui há dois anos atrás não necessitaria viajar 500 quilômetros para parir meu filho com respeito e dignidade. Aqui há dois núcleos formados por obstetra, enfermeira parteira (desculpem as obstetrizes, mas eu gosto mesmo é de falar e escrever parteira, acho mais selvagem :)) e doula. Já ouvi sobre pediatra. Bom sinal. 

Sinal de que este método de trazer filhos ao mundo pode não estar assim tão em extinção, e que, apesar dos esforços daqueles que insistem em permanecer dentro da caverna, há cada vez mais famílias, cada vez mais homens e mulheres buscando um início de vida mais respeitoso para os seus rebentos.

Da reportagem toda eu me emocionei com a fala da editora do Jornal Santa, Cleisi Soares, responsável pela matéria, e que pariu sua filha no hospital, naturalmente. Transcrevo, porque vale a reflexão:

"Chorei de alívio, sorri de felicidade, suspirei tranquila pensando no laço que se fazia ali. E TIVE MEDO. Medo de não ter as respostas que aqueles olhinhos negros buscavam DESDE O PRIMEIRO INSTANTE fora do ventre. Foi quando me dei conta de que a dor do parto normal eu não voltaria a sentir sem ter outro filho, mas que toda a força e energia que o momento exigiu seriam necessários PARA O RESTO DA VIDA.  A maternidade é gratificante e realizadora, sim, mas tem seus dissabores. E os problemas não vão vir como uma cesárea, com data e hora agendada. E, para vencê-los, vou precisar da mesma serenidade que tive ao desejar e esperar pelo parto normal. Só assim vou saber educar, curtir e amar a minha Liz, respeitando-a e dando tempo ao tempo."
 Teve espaço para o obstetra. Que novamente bateu na tecla da exigência da gestante pela cesárea. Ele ainda apontou que, atualmente, as indicações de cesariana foram extremamente ampliadas (jura? não havia percebido) não se restringindo mais àquelas pacientes que durante horas de trabalho de parto sem evolução favorável fossem as únicas a serem submetidas à cirurgia. Ele, sabiamente, enfatizou que o sistema obstétrico atual, onde as gestantes querem parir com o mesmo obstetra que as acompanhou no pré natal, também é um dos fatores do aumento da procura pela cesariana.

Muito honesto, não fosse o fato de que a maioria das mulheres quer parto normal no início da gestação. Dessa imensa maioria, a maior parte delas vai sendo aterrorizada sobre algo que deveria ser fisiológico e natural, com raras exceções, durante as consultas do pré natal e acabam na mesa de cirurgia não por escolha genuína, mas por indução, por medo de fazer mal ao bebê tão amado que carregam no ventre ou por medo do parto anormal que podem vir a ter num hospital. Ou isso, ou mais de 80% das mulheres mentiram ao questionário de pesquisa.

Palmas ao jornal Santa pela reportagem!

E minha eterna gratidão a todos os homens e mulheres que lutam pela humanização do nascimento.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ei, você!

Foto: arquivo pessoal. 
Olhando contra o sol não é possível enxergar a beleza que está do outro lado da janela. Mas ela está lá!


Ei, você! É, você aí que me lê hoje e que se abala sobre como são os meus dias: tem atualização de post especialmente para você. Dá uma olhadinha !

Espero, realmente, que a vida lhe seja sempre rotineira, que você nunca conte com imprevistos seus, nem de pessoas queridas a você; que você sempre seja pontual, não fique doente, nem tenha doenças na família, enfim, que sua vida sempre transcorra todo dia sempre igual!

Ah, e eu espero que, se um dia, você tiver filhos (se é que não os tem), que você seja madur@ o bastante para admitir que tudo o que fazemos é pelo bem estar deles e que você esteja engajad@ a ensinar-lhes a benevolência, a humildade, a generosidade, o respeito ao próximo. 

Espero que você esteja sempre cercad@ de pessoas que @ querem bem, que se interessem, de fato, pelo seu bem estar. Mas se isso não for possível, que, ao menos, você não esteja rodead@ de pessoas que apontam o cisco no seu olho sem conseguir enxergar a trave no seu próprio, que @ prejudiquem simplesmente pela infantilidade - e eu entendo disso porque tenho duas crianças em casa - do "se ela tem eu também quero", ou, pior, "se eu não tenho então ela também não pode".

Espero que quando você quiser alguma coisa, fale, peça, lute pelo que deseja para tornar a sua vida melhor e a dos que @ cercam. Espero que você encontre pessoas que podem melhorar a sua vida, sem prejudicar a de mais ninguém, e que essas pessoas sejam generosas para te atender quando necessitares.

Na minha casa eu ensino aos meus filhos, inclusive nas minhas manhas de "folga", que eles devem respeitar as pessoas, serem generosos e nunca, nunca mesmo cuspir para cima, porque um dia, o cuspe volta e aí já viu, né?

Ah, tem mais uma coisa que eu ensino muito: não fazer aos outros o que não gostaria que fosse feito à você.


terça-feira, 7 de maio de 2013

#siachando

Que me perdoem os que acham que vou ser clichê, mas não há cansaço, pés ardendo dentro do sapato, vontade de fazer xixi represada há horas e mal humor de final de expediente que resista à recepção que eu tenho quando chego em casa!

Ter alguém que solta o sorriso mais genuíno, que corre para te receber com os olhos brilhando de pura paixão, não tem preço! Meu caçula está nesta fase apaixonadíssimo pela mamãe aqui.

Sentir que você ilumina o ambiente e a vida de alguém só por existir, só por chegar, dá um barato sem igual. Fico extasiada e chamando urubu de meu louro!

#siachando
#agostosadavez
#minhamãeminhavida

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Amamentação: fase II

O leitinho é meu e eu demando mesmooo!

Eu ainda acho estranha a expressão "amamentação prolongada" para crianças com idade inferior aos dois anos preconizados pela OMS, mas, às vésperas do Pedro completar 15 meses, creio que aos olhos de quem me cerca é assim que deve parecer: que eu estou prolongando a amamentação.

Meu coração já se prepara para olhares e comentários no sentido de tal ato não ser mais natural para a idade que o meu filho terá a partir de agora. É estranho ver um bebê grande, que já precisa ficar quase sentado no colo, que tem dentes, que fala mamá e aponta o dedinho indicador em direção ao peito e que - fofura das fofuras indiscretas - puxa minha blusa e ao se deparar com os peitos solta um "ahá" com uma risada gostosa. Eu adoro! E se você pensou ou vê alguma conotação sexual, alguma perversão neste ato, você precisa de tratamento, ou, no mínimo, de uma boa desescolarizada

Desde que completou um ano de vida o Pedro vem diminuindo seu interesse pelo leite materno e em casa pratico o que chamo de livre demanda conduzida, ou seja, quando estamos juntos ele tem livre acesso ao peito e como agora ele já sabe dizer mamá ficou ainda mais fácil saber quando ele quer mamar. Da mesma forma, ele já sabe recusar o peito quando não está com vontade de mamar. E é ótimo ver cair por terra a teoria de que a amamentação deixa a criança sem iniciativa, dependente.

Outro aspecto importante é o sono relacionado com a amamentação. Roda à boca pequena que criança que mama não dorme. Lá em casa tal regra não se confirmou, pois fazem 2 meses que o Pedro não mama mais durante a madrugada e seu sono não melhorou. Ele nunca dormiu uma única noite inteira desde que nasceu. Meu cansaço crônico agradece!

Claro que não escapei ilesa ao momento das mordidas! Ui! Que dor! Foram alguns meses de mordidas recebidas e em determinado momento eu oferecia o peito com receio. Foi aí que abolimos o peito direito porque era esse que o Pedro sempre mordia. O esquerdo ele nunca mordeu. O engraçado é ficar com as mamas de tamanhos diferentes quando uma delas está cheia!

O que mudou na nossa rotina foi que eu deixei de ordenhar e congelar meu leite ** três semanas. Mantemos a rotina de 3 a 5 mamadas diárias. 

Eu sempre tive medo de não conseguir ultrapassar a marca dos 12 meses de amamentação e por uma ou duas vezes senti que pudesse acontecer o mesmo que aconteceu com a Ísis. Mas também nunca desisti de oferecer o peito, nunca me estressei com a ordenha e mesmo nos dias mais cansados ainda consigo ver aquela magia da conexão que a amamentação traz.

O irônico nesta história é que a Ísis toma mamadeira de leite de vaca. E essa é uma iguaria que o Pedro adora experimentar. O pobrezinho fica ali esperando a irmã largar a mamadeira para ir lá, de mansinho, e levar para um canto o tesouro conseguido. Sempre sobra um golinho no fundo que ele aprecia - com moderação. Mas nunca me ocorreu oferecer leite de vaca para ele na mamadeira. Ele come queijo branco, coalhada e iogurte natural de vez em quando e vejo que o leite mesmo, assim puro, é desnecessário; ou melhor, leite puro, só o meu.

Amamentar até os dois anos, pelo menos, ainda é minha vontade. Não tenho pressa de desmamá-lo, não me sinto mais constrangida em amamentar em público e ainda ser adepta da amamentação não torna minha vida mais fácil ou mais difícil do que a de qualquer mãe. É desejo meu, é para o bem do meu filho, é natural, orgânico e barato!

**Texto modificado para autopreservação.

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