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quinta-feira, 27 de março de 2014

O início do querer: uma nova abordagem para os meus dilemas antigos

Céu azul com poucas nuvens na SVP de fevereiro de 2011.

Hoje eu vou reblogar um texto publicado em fevereiro de 2011 - Os diferentes momentos do querer. Lá atrás, nesta época, a Ísis ainda não havia completado 2 anos, o Pedro ainda não era um desejo real, nós estávamos morando no sul do sul, eu havia começado a experiência com a babá há pouco mais de 2 meses e ensaiava mudar mais concretamente minha maneira de enxergar muitos atos e pensamentos meus, como mãe.

Do questionamento surgiram as dualidades, duas forças e formas de encarar situações da vida pós filhos. Aquilo que eu achava que seria o meu caminho, e por isso o certo para mim, e aquilo que o meu coração começava a gritar.

A necessidade de mudança começava a dar seus sinais confusos, sinais esses que ficariam ainda mais intensos meses depois, quando eu finalmente carregaria o Pedro no ventre.

Eu tenho carinho por este texto. Nele é fácil retratar a mãe que eu havia sido até então e ele marca o começo da minha rebeldia com o caminho pré fabricado.

Engraçado que eu falei do desejo de pedir uma licença remunerada. Um desejo bem tímido ainda, mas que hoje se tornou realidade.

Interessante ler que eu chamei a Ísis de minha pequena infante! Não lembrava de tê-la chamado assim, achei que era um jeito carinhoso e exclusivo de chamar o irmão.

E eu falo da cama compartilhada! Nossa, como as coisas mudaram neste ponto! No final daquele ano eu estaria comprando uma cama maior para justamente poder fazer cama compartilhada com meus filhos. Fiz muito com a Ísis logo que o Pedro nasceu. Fiz muito com o Pedro (na verdade, ele mal dormiu no berço) e ainda faço hoje. A diferença hoje é que eles aparecem na minha cama no meio da noite! É o famoso motim da madrugada! :)

O dilema creche-babá dava seus sinais mais uma vez. Dois anos depois eu passaria por uma situação muito difícil no meu ambiente de trabalho que teria como tema central essa dupla. No final, nenhuma das duas opções me satisfazia. Cansada de não escolher, resolvi fazer a escolha de não ter nenhuma dessas duas opções e assim será!

A solidez com que eu fui galgando os degraus dessas mudanças de paradigma só foi possível graças à blogosfera materna. Hoje eu percebo que há muitos brios, muitas reclamações, muitos dedos em riste. Mas de verdade, eu não acredito nisso. Eu acredito na construção de conhecimento coletivo. O que você vai fazer com esse conhecimento é problema seu. Mas ele está aí. E ainda é gratuito!

Então, se tiverem um tempinho, leiam esse texto e depois me contem sobre as mudanças que vocês sentiram em vocês após a entrada na blogosfera materna: afinal, vocês se sentem ajudadas por esse círculo de mulheres ou não?

PS: Saudades de muitos blogs antigos e extintos, como o Mamãe Antenada! Como esse blog não existe mais, você não conseguirá ler o maravilhoso texto da Adriana, que me inspirou a escrever o texto abaixo. :(

***

Os diferentes momentos do querer

Um tempo atrás eu li este texto da Adriana Guimarães no blog da Pérola e fiquei cativada pela maneira como ela descreve uma experiência que eu, antes radicalmente contra, obviamente antes de ser mãe, hoje admiro e apoio quem consegue, ainda que tenha plena consciência de que esta prática não se encaixaria no meu dia a dia como rotina.

Acho que vivemos essas dualidades durante a maternagem desde que nos descobrimos grávidas. Aliada à emoção do teste positivo, vem a insegurança e o medo do novo (ser) que está por vir. São dois sentimentos antagonistas e complementares, como todos, ou quase todos, os outros sentimentos que teremos dali para frente.

Eu costumava me achar bem resolvida antes da minha primeira filha (digo primeira porque sei que há ainda mais um ou dois filhos me esperando em algum lugar, mas não estou grávida) nascer. Decidia algo e realizava, simples e aritmética como uma boa planilha de excel consegue (?) ser.

Depois da maternidade eu vivo em conflito, como no começo do aleitamento, quando eu não podia me ausentar de casa por mais de 2 horas, passando a me sentir enjaulada, solitária; mas em contrapartida não podia ouvir falar em dar mamadeira para a Ísis que virava onça e saía de dedo em riste do marido primeiro que me sugeria tal coisa! Ou, ainda sobre aleitamento, quando ia dormir implorando para que a pequena dormisse a noite toda porque estava cansada, acabada mesmo de tanto levantar nas madrugadas para dar de mamar de 2h em 2h, mas ao mesmo tempo sempre sorria quando minha filha mamava com vontade, de fazer barulhinho de gut-gut e me pegava pensando que seria muito bom se eu conseguisse manter a amamentação até meus peitos baterem no pé.

Da série conflitos ainda posso falar do trabalho x dedicação exclusiva! Na época da licença maternidade me pegava pensando que seria bom voltar a trabalhar, colocar a cria na escolinha, ter mais tempo para mim, falar de outras coisas que não filhopumcocoxiximamadagolfadapapinhadurante todo o dia; mas, OH!, eis que crio um blog para falar justamente disso nos meus intervalos do trabalho e ainda me pego cogitando seriamente em pegar licença não remunerada por anos a fim de grudar na filhota durante todo o dia!

A dualidade escolinha X babá também rondou, ronda e rondará a minha mente durante o período antes da escola pré-primária. Desejo de que ela se socialize, que me dê um tempo, que aprenda a falar gato em inglês só para eu dizer "ai que lindo!", ainda que ela fique mais doente, que fique fora de seu habitat, que tenha que aguentar 10 professoras em trocas de turno e colegas mil birrentos e de nariz escorrendo como ela; em contrapartida ao medo de que ela fique com uma louca sádica, ou uma gente boníssima que fala errado e vai ensiná-la a dançar Rebolation e falar mortandela, mas que vai pegar no colo, colocar para dormir na sua caminha, dar a comidinha fresca que eu compro toda semana...

Terminando, copio e colo o final do meu comentário lá no Mamãe Antenada (porque apesar de eu ser totalmente contra chupinzar/copiar/repetir/falta de criatividade, também sou super a favor do reaproveitamento/citação/enaltecimento/reescrita com melhor abordagem:

"Essa história de "tem dias que quero isso" e "tem dias que quero exatamente o contrário" acho que faz parte da maternidade, porque ao mesmo tempo em que sentimos saudades do nosso EU, da nossa vida mais privada, também sabemos que essa fase em que somos os eternos companheiros e heróis de nossos filhos passa rápido, e então desejamos fervorosamente que dure, dure, dure!

  
Inspiração: http://mamaeantenada.blogspot.com/2011/01/cama-compartilhada-um-olhar-uma.html

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