Voltei, ou melhor, voltamos. Gostaria de agradecer imensamente todos os comentários carinhosos! Muito legal voltar e receber esse carinho! Aos poucos vou colocando minhas visitas em dia!
Depois de 5 dias envolvida com Oficinas sobre Planejamento, Orçamento e Gestão na Administração Pública, somados a mais dois dias na capital para consulta com meu obstetra, cá estou eu novamente na minha rotininha.
Uma semana antes da viagem colegas me ligaram para saber se eu gostaria de dividir o quarto da pousada em Bento Gonçalves para que nossos custos com estadia fossem menores (já que a diária recebida mal paga a hospedagem, afe!), mas eu recusei a oferta avisando que estaria num quarto com meu marido e minha filha, eles iriam junto comigo. Diante das perguntas eu usei de toda artimanha de mulher grávida justificando que, bem, não seria bom passar tantos dias tão longe e sozinha, que eu estava muito sensível, que se acontecesse alguma coisa eu estaria numa cidade estranha, blábláblá. Todos concordaram prontamente.
Mas e se eu tivesse dito a verdade (como de fato disse para uma colega de curso): eu não aguento todos esses dias longe do marido e da filha de 2 anos? Não, eu não gosto de ficar longe deles, me dói, eu me sinto incompleta, eu morro de saudades, eu me sinto perdendo parte importante da minha própria vida. Creio que boa parte das pessoas diriam que eu preciso de um psicólogo, para me ajudar a "desapegar".
Tá, não é que eu não aguento, eu aguento sim, já fiquei em dois momentos longe deles e foi nesses dois momentos que percebi que não quero isso e evitarei o máximo possível. Do marido até aguento (fica chateado não, tá? Te amo!), mas da filha, não dá.
Durante o curso encontrei uma colega do mesmo órgão que havia deixado o bebê dela de 1 ano com o marido e a babá em casa, na boa, sem grandes problemas, apesar da saudade. Já eu confidenciei que só fiz os cursos porque marido e filha estavam lá comigo. Ela riu.
Quando voltei esta semana soube que minha colega de sessão teve que ir a um treinamento específio sobre sua área de trabalho às pressas, deixando o marido e os dois filhos pequenos aqui, 500km de distância. Senti um aperto no coração por ela, porque apesar de não termos as mesmas opiniões sobre vários assuntos, compartilhamos dessa não-vontade de nos afastar dos filhos por tanto tempo.
Imagino que boa parte das pessoas não considera isso saudável e posso sentir todos os pseudo psicólogos já formulando teorias e mais teorias sobre isso, sobre as causas e futuras consequências desastrosas para o bem estar emocional dos meus filhos (há, agora falo no plural, te mete!). Quiçá da minha própria.
Já pensei muito nisso da primeira vez que fiquei sem marido e filha por uma semana em casa. Eu achei que ia adorar ter uma folga, um tempo só para mim (que eu estava precisando), mas quando eles se foram, meus dias ficaram cinzas, nada do que eu havia planejado fazer me agradava e eu me afundei em panelas de brigadeiro e filmes na TV. Quando os vi no aeroporto chorei copiosamente de tanta saudade e conversei sobre esse meu sentimento com meu marido naquela época: por vezes eu desejava tanto ter um tempo só para mim, e esse desejo por vezes tomava proporções absurdas, me fazendo ficar até mal humorada; porém naquela semana eu pude perceber o que realmente importa na minha vida, e todo o resto, apesar de ser imensamente bom, não é o que me faz feliz. Filosofei que por vezes perdemos um tempo precioso em busca de felicidades que, de fato, não existem, e nos esquecemos de olhar a nossa volta com cuidado, para percebermos que a nossa felicidade está bem ali, no meu caso, minha felicidade está na minha família.
Depois dessa primeira separação precisei fazer um curso de 2 dias em Porto Alegre. Deixei marido e filha, babá e empregada em casa e saí no último ônibus, passei a noite viajando, dormi uma noite fora de casa e retornei na noite seguinte. Foi tranquilo dessa vez, apesar de morrer de saudades.
Concluí que períodos longos são críticos, não só para mim, mas principalmente para minha filha, que sente a minha falta e não entende muito bem minha ausência prolongada, e decidi não me afastar por longos períodos (acima de 1 noite fora de casa) até que ela cresça mais e passe a compreender mais esses acontecimentos.
Isso significa que minha carreira está de molho, continuo trabalhando todos os dias, mas não me especializo como gostaria, não atuo tão produtivamente quando meu chefe gostaria, não estou tão disponível como todos esperam. Já recusei cursos, treinamentos, experiências de trabalho que seriam super interesssantes. Não vislumbro qualquer alteração nos próximos anos. E estou bem, estou tranquila.
Contribui para essa minha tranquilidade o fato de ser servidora pública estável, estatus alcançado após ser aprovada em um concurso público e passar pelo estágio probatório.
Nesse meu arranjo atual só viajo por longos períodos se o marido for comigo e ficar com a pequena. No caso em questão, ele pegou 5 dias de férias porque sabia que eu precisava fazer os cursos, mas não conseguiria ir sem a Ísis e que ela não ficaria bem tanto tempo longe de mim. Nessa parte vai ter gente pensando, nossa, que pai legal, né? O máximo! Aham, concordo, porque ele é meu marido, mas não porque ele tirou férias para me acompanhar, afinal, somos os dois responsáveis pelo bem estar da nossa filha, ambos temos que fazer concessões para que nossa parceria dê certo.
Eu acredito que quando um filho nasce, existe uma espécie de cordão umbilical imaginário muito forte nos ligando a ele. Essa ligação faz com que não sintamos vontade alguma de nos separar de nossos filhos, nos sentindo mal mesmo se isso acontece. Com o passar do tempo e o crescimento deles, esse cordão vai afinando, sem nunca deixar de existir, porém vai ficando mais delgado, menos perceptível, apesar de sempre presente.
Esse adelgamento da ligação é o que nos faz aceitar bem o filho sair de casa para estudar, trabalhar, casar, enfim, passar longos períodos longe da gente.
Mas o meu cordão ainda é tenro...
Eu acredito que quando um filho nasce, existe uma espécie de cordão umbilical imaginário muito forte nos ligando a ele. Essa ligação faz com que não sintamos vontade alguma de nos separar de nossos filhos, nos sentindo mal mesmo se isso acontece. Com o passar do tempo e o crescimento deles, esse cordão vai afinando, sem nunca deixar de existir, porém vai ficando mais delgado, menos perceptível, apesar de sempre presente.
Esse adelgamento da ligação é o que nos faz aceitar bem o filho sair de casa para estudar, trabalhar, casar, enfim, passar longos períodos longe da gente.
Mas o meu cordão ainda é tenro...
nine,
ResponderExcluireles vão crescendo e vai ficando mais fácil para nós e para eles, eles demandam um espaço... cada coisa tem seu tempo e dois anos é tempo de apego mesmo.
também sou servidora pública e venho perdendo oportunidades há seis anos. quando eu ia direcionar minha energia para a carreira aconteceu arthur e todos já sabem que eles são a minha prioridade, já cheguei a sair no meio de uma reunião com meu chefe: "sinto muito, mas preciso sair para levar minha filha na escola, o colega me passa os encaminhamentos, fui" sei que as consequências desse tipo de comportamento é uma limitação no meu crescimento...
mas tudo tem seu tempo e eu ainda tenho muito tempo antes de me aposentar para me desenvolver na carreira. o tempo agora é deles!
beijoca
ah, seja grata pelo "bom contrato" que existe no seu casamento, infelizmente essa não é a regra da maior parte das brasileiras. eu sou grata pelo meu!
eu citei um post seu no último post sobre amamentação... vá lá ver!
Na parte do psicólogo para desapego não pude deixar de rir! Que nada. Para mim esta é a maternidade real e a família que vale a pena. Tudo de ótimo. Beijos!
ResponderExcluirNine, que gostoso que voltou! Estava com saudade dos seus posts e comentários, que já deu o ar da graça lá no Danielices. Tks!
ResponderExcluirVou contar minha experiência de separação do Arthur... não tem!
Nunca viajei sem ele, nem ele sem mim. Ele nunca dormiu fora, nem eu. O mais longe que fiquei dele foi:
1) Show do U2: saí de casa às 2 da tarde e voltei às 2 da manhã - 12 horas. Ele ficou em casa com o pai. Já tinha quase 3 anos.
2) Viagem para Brasília: saí de casa de madrugada e voltei no mesmo dia, quase meia noite. Foi a maior de todas, porque ele só me viu pela manhã, mas eu estava lá de noite para cobrí-lo e dar um beijo enquanto ele dormia. Já tinha três anos.
Desde que ele nasceu, nunca ficou em casa para os pais irem para a balada. Muito eventualmente eu ou marido vamos a um happy hour, separadamente.
Quando ele tinha 1 ano e 2 meses, precisei fazer um curso de uma semana. Meu marido tinha pela primeira vez viajado a trabalho bem na época, ficou 40 dias fora. Minha querida mãe foi comigo e Arthur para o curso. Jamais deixaria meu pequeno tantos dias, ainda mais que na época ele mamava muito, em livre demanda e à noite.
Teve um tempo que sentia falta de ficar sozinha, sair. Mas na verdade é que estava extremamente cansada e esgotada. Agora já não sinto mais esse desejo, apenas pontual, mas é desejo de uma saidinha para um café e só, nada de noite fora, viagem...
Sempre penso que o tempo passa rápido, os filhos crescem e não será mais assim. Agora, é hora de ficarmos juntos.
O trabalho? Recuso mesmo qualquer coisa que envolva viagens, mesmo ainda estando em estágio probatório. Sorte que nem me assediam muito, porque tem outras pessoas na equipe com disponibilidade de viajar. E eu nem abro espaço para discussão sobre minha maternagem. Se acham doideira, não me falam.
Beijos!
Olá .... e eu me sentia meio "louca" por pensar tudo isso .... ta vendo mais uma vez o bloguinho me ajudando a me descobrir .... (me peguei pensando, será que maridão faria isto por mim ??? ou será que pensaria que é bobeira minha ???) dificil saber né !!!
ResponderExcluirMUITOS BEIJOS
Pois é, Mari, para mim é uma questão de prioridade...não consigo tocar bem minha carreira e ainda considerar que sou uma mãe presente, para mim não dá, mas não abro mão do meu trabalho. Obrigada por me citar, vou lá ver! Beijos!
ResponderExcluirObrigada, Mamãezinha! Beijos!
Oi, Dani! Realmente as viagens são terríveis para mim! Percebi que um dia, uma noite, até que rola bem, mais que isso, nem pensar! Só se a família for junto, como aconteceu nesta última vez! Beijos!
Nossa...pensamos da mesma forma! Eu também já precisei ficar alguns dias fora para fazer um curso em Florianópolis e levei o marido e o Victor junto...muitas pessoas me criticaram, mas eu realmente não conseguiria... Também percebo que minha profissão ficou BEM de lado...imagina agora com dois...
ResponderExcluirBeijinhos!
Ai Nine, me vi nesse post e estou escrevendo justamente sobre essa questão dos afastamentos dos filhos, das oportunidades de tabalho etc. enfim, é tanta coisa!!!! Eu sou grudada com meu filhos, nunca dormi uma noite fora sem eles!!! É muito difícil pra mim e vai continuar sendo!
ResponderExcluirQuanto ao trabalho, olha outra servidora pública aqui o/ ! Coincidentemente hoje recusei uma viagem ao interior do Estado para realização de um trabalho porque teria de ficar uma noite fora. Oi? Nem sendo uma noite aguentaria. E ainda sou tão neurótica com essas coisas que ainda pensei em eventual acidente com avião (a cidade é um pouco longe da capita), vc acredita?
tudo no seu tempo, né? amei o post!
Bjos!
É verdade, acontece isso. Mas o coração continua apertadinho qdo um deles não está no ninho. Mto sofrido!
ResponderExcluirAdorei seu blog.
Já estou seguindo.
Beijos,
Dany, Danielle
www.danydanielle.blogspot.com
Aline, Ivana, não tem jeito, no mundo de hj, para crescermos profissionalmente temos que nos dedicar muito mais do que as 8 horas diárias, e aí, com filhos e querendo priorizá-los, fica difícil. Beijos!
ResponderExcluirObrigada, Dany, sejas bem vinda! Beijos!
Eu abri mão de tudo por eles, enquanto tinha só o Adrian, consegui conciliar, trabalhei e tava fazendo faculdade, quando chegou Bj, larguei tudo e me dedico a ele até hj, quando decidi que poderia voltar chegou a Babylove, e não teve jeito estou em casa e só sairei quando ela for pra escolinha daqui uns 2 anos, mais quem consegue, consegue, eu adoro essa profissão mãe , mais que qualquer outra, um beijo e boa semana.
ResponderExcluirO problema é que a sociedade quer apressar processos naturais; quer que voltemos logo à vida "normal", à nossa antiga vida sem filhos. Como se dois, três, cinco anos não passassem voando.
ResponderExcluirAdorei a metáfora do cordão umbilical!!! Muito bom texto.
ResponderExcluirUm abraço