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terça-feira, 25 de outubro de 2011

A roda do engenho

Eu recebi esses dias um email muito carinhoso de uma amiga real - que por força da distância tem sido uma amiga virtual nos últimos meses - muito especial. Ela está grávida de seu primeiro filho e é uma das únicas (se não a única) pessoas da minha vida real com quem consigo conversar abertamente sobre as minhas escolhas em relação ao nascimento do Pedro.

Eu me lembro da primeira vez que tocamos no assunto, por mensagem instantânea, e ela me contou que estava pensando em agendar uma cesárea, pois sua DPP não era muito favorável (semana entre natal e ano novo) e sua até então obstetra já havia sinalizado a possibilidade de não estar presente.

Eu, que ainda não estava grávida do Pedro, mas já pensando em engravidar novamente, e, principalmente, já totalmente inserida nesse mundo dos partos com amor, senti uma vontade imensa de gritar nãããão, não faça isso! Eu não sei bem o que eu disse, não fui assim tão enfática, pois nunca fui do tipo militante, mas eu devo ter comentado alguma coisa sobre o parto, acho que fiquei insistindo com ela que não ficasse preocupada com a DPP, porque poderia atrasar e o filhote nascer apenas em janeiro, quando a médica já estaria de volta.

Acho que ficamos nessa por algumas mensagens ainda, ela me perguntou sobre como havia sido meu primeiro parto, eu contei como havia sido emocionante, lindo mesmo, nada falei sobre minhas atuais reflexões, mas de tanto falarmos no assunto, acabamos enveredando para o parto natural, depois o domiciliar, assim, naturalmente :)

Ela escreveu um dia numa mensagem que "depois de estudar o parto não poderia escolher voluntariamente uma cesariana, a escolha pelo parto normal/natural seria a escolha mais lógica". E como ela é uma moça letrada em lógica, esse foi o caminho escolhido. Dali para o parto domiciliar também deve ter sido uma escolha lógica, baseada em leituras e evidências, livre de preconceitos, de visões deturpadas e terrorismos que em nada nos ajudam.

Eu sempre enfatizei que a apoiaria na decisão que tomasse, como boa amiga que sou, mas que ela era uma mulher de sorte por estar em Santa Catarina, onde existem bons profissionais da área, onde partos domiciliares ganham até um Instituto e onde doulas e suas doulandas escrevem abertamente sobre o assunto.

Ao contrário dela, eu não havia sido apresentada a esse mundo quando ainda morava lá, e agora teria que mover mundos e fundos para conseguir o básico num Estado que é primordialmente cesarista, apesar de abrigar um dos profissionais humanizados mais reconhecidos do país. Isso sem contar as distâncias e o descaso com a saúde em minha atual cidade. Para quem assistiu aos telejornais ontem, Santa Vitória do Palmar é onde resido atualmente.

Mas eis que essa minha amiga foi a uma palestra com a autora do livro Parto com Amor. Imagino que a palestra deva ter sido muito boa, pois suas palavras dirigidas a mim e a minha suposta coragem e determinação de oportunizar uma experiência de nascimento para mim e Pedro diferente me emocionaram profundamente.

Na minha emoção eu só conseguia enxergar uma menininha linda e sorridente, a verdadeira heroína desta história, a roda que move o engenho da minha maternidade, que aceitou o encargo de vir ao mundo primeiro e caminhar comigo esses primeiros anos de aprendizado, de desconstrução de pensamentos enraizados por repetição, de muita dúvida, de muitos erros, de muitos choros e dualidades de sua inexperiente mãe.

Amor. Só essa palavra é capaz de explicar tudo. É ele que me invade e que me faz agir assim.

14 comentários:

  1. Nossa amei seu post, conciente, lindo e real!

    Adoro vir aqui e suas visitas!

    Quanta informação legal sobre o parto natural! Espero um dia poder passar por isso!

    Beijos

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  2. É tão paradoxal!

    Enquanto o sistema entope-nos com intervenções e tecnologias desnecessárias, outros sofrem por falta delas quando realmente precisam.

    Que a roda continue girando...

    Beijos!

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  3. Que bom que você fez a diferença pra mais uma pessoa!
    Porque sua história de parto mudou minha visão!
    Beijos

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  4. Lindo post!!!

    Amei e me emocionei com ele!!!

    Beijos!

    Lívia.

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  5. Eu acho demais essa nossa 'troca' de experiências, e como elas podem mudar os pré-conceitos arraigados.
    ontem mesmo expliquei para uma colega de trabalho com um mês de gestação que não, não pecisa fazer cesárea por causa do cordão, e que a mãe dela ter feito PC por falta de dilatação não influi em nada o TP dela... Enfim, trabalho de formiguinha, sem pressão, e sempre ontando com a mágica dos PNs lindissimos que existem nesse mundo!
    Ah, e no nosso caso ajudou também outra colega, que foi enganada pelo Go, dizer que a ela preferia mil vezes a dor das contrações do que a que ela teve depois da cesárea, hehehe.
    Beijos e boa hora, pra amiga emponderada e para você!

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  6. Oiii...morria de vontade de ter tudo parto normal,mas devido a complicações tive que fazer a cesaria...Minha medica brincava que eu era a unica paciente dela em toda a vida que tinha medo da cesaria(tinha pavor da anestesia,do corte,do pos ,de tudo.,...rsss)
    E realmente é bem chatinho tudo isso mesmo...Mas hj em dia coloquei na cabeça que parto natural é aquele que toca a gente e é o que nosso corpo pede naquele momento!!Sofri mt com isso ate isso entrar na minha cabeça..não adianta forçar a barra quando não dá..e se der..suponho que deve ser uma das coisas mais emocionantes da vida!!
    Beijos e uma otima semana!!!:-)

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  7. Que post lindo... Realmente o primeiro filho abre caminhos, não é?! Eu que estou só no Bento por enquanto já penso no VBAC.
    E que demais ter uma amiga assim, para poder trocar ideias sobre parto natural domiciliar! Demais mesmo.
    E não acreditei que aquela história com a gestante aconteceu aí na sua cidade... menina, vi a notícia, que absurdo... nessas horas dá até mais coragem de partir pro domiciliar mesmo.
    bjao!

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  8. Lindo post :)
    Essas amizades são muito preciosas né? Feliz de quem tem!
    Beijos!

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  9. Li com cuidado cada palavra mas confesso que me deu um friozinho na barriga mesmo quando vc disse que "Na minha emoção eu só conseguia enxergar uma menininha linda e sorridente, a verdadeira heroína desta história, a roda que move o engenho da minha maternidade, que aceitou o encargo de vir ao mundo primeiro e caminhar comigo esses primeiros anos de aprendizado, de desconstrução de pensamentos enraizados por repetição, de muita dúvida, de muitos erros, de muitos choros e dualidades de sua inexperiente mãe."

    EXATAMENTE ASSIM !!! eu tb tenho a minha roda que move o engenho e que ultimamente move TODO O MEU SER !!!

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  10. ai que lindo!

    e que delicia essas conexões, que com certeza não tem nada de coincidência... e sim de conspiração do bem, que só quando estamos abertos à ela é que podemos aproveitar as informações.

    Beijo grande

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  11. Oi Nine,
    fiquei emocionada com o seu post!
    Lindo, verdadeiro, claro, sensato!
    Adorei! E vcs tem sorte sim de terem profissionais bons nessa área aí e de terem saúde para fazer o mais confortável para o bebê...
    Muito bacana!
    Beijos
    Chris
    http://inventandocomamamae.blogspot.com/

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  12. Passei aqui pra conhecer a sua fofura, a Isis. Adorei seu blog!
    Passa lá tb!!!

    Jana

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  13. Tenho certeza que você vai conseguir seu parto domiciliar! Vou torcer muito! Você é muito guerreira, parabéns por essa escolha tão consciente. Mudando de assunto, não conheço a sondinha que você comentou lá no blog. O que é? Obrigada, estou lutando para manter o aleitamento materno...Beijinhos!

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  14. Nine,
    aqui também tinha a torta fria! Era muito bom... Aliás, que delícia lembrar disso, eu adoro e nunca mais comi. Essa coisa de gordura, maionese e colesterol que assola a vida moderna faz a gente esquecer de certas delícias! rs...
    Beijos
    Chris
    http://inventandocomamamae.blogspot.com/

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