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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um dia eles crescem

Faz algum tempo que eu venho analisando o comportamento da minha mais velha e me identificando - muito! - com sua maneira de falar, de andar, de se comportar, de desafiar, de reagir. E isso tem sido um exercício de auto conhecimento sem precedentes.

Quando eu era pequena, criança ainda, lembro de ouvir muito que eu era teimosa feito uma mula. Empacada. Também lembro de me dizerem que meu humor mudava muito rápido, estava feliz agora, triste 2 segundos depois, brava 3 segundos depois, feliz novamente. Era verdade, era assim mesmo. Também me lembro de ser tachada de pessoa não muito polida na hora de falar. Recebi muitas críticas na infância, na adolescência e na vida adulta. Isso também é bem verdadeiro. Só o tempo trouxe um pouco de polidez a minha maneira de me comunicar. Mas pouca, bem pouca.

E hoje eu revisito todas essas características na minha mais velha. E luto diariamente para ajudá-la na polidez sem violentá-la. Sem ofensas. É difícil. Na teimosia, confesso que quando tentei de tudo e nada a demove de algo inapropriado para o momento, eu uso de minha autoridade maternal, ao que ela sai brava e bicuda e resmungando. Aos 4 anos de idade. Fico pensando quando tiver 15...

A mudança de humor e a necessidade de mostrar quem é que manda na própria vida são características latentes. Minha e dela. E ao mesmo tempo em que acho um barato uma pessoinha se achar auto suficiente aos 4 anos, como eu mesma me achava desde sempre, a convivência com alguém assim é bem cansativa. E é mais cansativa quando se está cansada.

Certa vez a Ana Thomaz disse que a gente cresce no antagonismo. E é verdade. Eu cresço muito enquanto pessoa lidando no dia a dia com a minha filha. Ela me desafia. Literalmente. É como se estivesse o tempo todo tentando provar a mim e ao mundo que ela pode, ela faz, ela sabe. E eu compreendo, porque também fui e sou assim.

Pensando nisso tudo e lendo mais um bocado eu cheguei à conclusão de que esses comportamentos mais difíceis hoje serão características importantes da personalidade dela na vida adulta. Cabe a mim e ao pai não podá-la para que se adeque ao socialmente aceito, mas sim orientá-la nos desvios e exageros típicos da idade. 

O bom de tudo é que, com os outros, ela aplica (quase) tudo que aprende em casa. É lindo vê-la se relacionando e saber que ela realmente repete comportamentos, frases, orientações. Por vezes cheguei a reclamar com o marido do tanto que ela nos exigia em casa, e com outras pessoas ela fazia e falava tudo "certinho". Por quê?

O tempo só me permite concluir que em casa é onde ela se sente segura para arriscar, para testar e para ser livre. Entendi ainda mais o meu papel de mãe e a importância da orientação sem violência. Um dia ela crescerá e se hoje sua teimosia me cansa, amanhã morrerei de orgulho da filha que toma decisões e segue em frente em busca do que quer. Hoje teimosia, amanhã persistência.




11 comentários:

  1. Nossa Nine, como esse seu texto me fez pensar. Pensar mesmo, pq vivo "reclamando" do comportamento e temperamento forte da Sô, que nada mais é do que igualzinho ao meu. Mas estou cansada, e como vc disse, quando se está cansada, tudo se torna mais difícil.

    Queria ter essa sua percepção diante das teimosias aqui em casa. Eu tbm tenho lido muito sobre esses assuntos comportamentais. Tanto os dela, como os meus. Porque vivo me auto avaliando como mãe. As vezes sinto que "pego" pesado demais. Assim como minha mãe fez comigo, e me exigiu crescer muito cedo. Mas eu não quero e nem preciso agir igual a ela. Por isso estou indo em busca do equilíbrio.

    Mais um texto seu que vai ficar aqui martelando a minha cabecinha por dias... rsrs

    Adorooo!

    bjs

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    1. É isso aí, a gente vai pensando, martelando, crescendo, errando acertando, é a vida! O importante é sempre revermos quando algo nos agride, se aconteceu algo que ficou ali, martelando, como vc disse, é que é bom dar atenção a isso, né? Beijos!

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  2. To muito nessa vibe hoje... já é o segundo texto que leio (um sem muita relação com o outro) que me ajudam a refletir sobre o momento que vivemos...
    O da Marilia falava da culpa e do resultado do nosso esforço, no seu vejo as mesmas características (um pouco mais intensas, é verdade) que tenho encontrado no dia-a-dia com Laís e que tem me testado diariamente.
    Eu era o extremos oposto do que ela é... sempre fui mais resguardada, tímida e "fácil de administrar".
    Laís enfrenta, pergunta, questiona, revira os olhos, bate o pé e nos desafia... mas tbm aplica com, quase perfeição, o que ensinamos no dia-a-dia.
    Mas vou te falar que não é fácil não... é exercício diário!!!
    Vou lá no blog escrever sobre isso!! rsrsr

    bjoooooooooo

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    1. É mesmo, Martha, é um exercício de todo dia! Escreve lá pra gente trocar figurinhas! Beijos!

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  3. Nine muito boa tarde ..... estou devorando seu texto a um tempão (mas patrão não esta dando muita tregua) e então que como seu blog é destes "orientativo" eu arrisco a pedir .... qui tal um post mais a fundo sobre o assunto ? pq assim eu me pego pensando MUITO em como orientar a pequena para ela não dar as mesmas cabeças que eu (pq sim tb ja fui tachada de muita coisa) hoje vejo que cada persistência valeu a pena mas teria sido bem mais fácil se eu tivesse apoio mas é exatamente este apoio que não sei como dar a ela .... alguma dica ?

    beijos

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    1. Menina, obrigada pelo carinho, mas ó, não tenho a mínima pretensão de ser orientativa, não, até pa não existe pessoa mais perdida que eu quando o assunto é maternidade! Mas tenho lido bastante sobre educação e desenvolvimento humano, assistido muitas entrevistas e isso tem me ajudado muito no meu processo de autoconhecimento, que acaba ajudando na educação das crianças. A ideia é de trocar figurinhas, vamosw Beijos!

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  4. Ah, Nine, por aqui é bem parecido... eu e minha mais velha somos tão parecidas... e às vezes pegamos no pé uma da outra, sabe? Eu digo várias vezes ao marido "qdo ela tiver 15 anos, estamos fritos!" mas no fundo acho que não... acho que nossa orientação toda vai ajudá-la. Espero apenas não errar a dose, sabe? não quero podá-la. Não quero mudar o jeito dela. Enfim, adorei o texto. bjo!

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    1. Obrigada, Lilian! Por aqui a pretensão tb é essa, não errar na dose e não podar! Beijos!

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  5. oi, Nine, ótimo e lindo seu texto. Conheço bem essa frase da Ana Thomaz. Já vi esse vídeo 4 vezes, ahahah! Passo por situação semelhante. Meu filho tem 2 anos e já é assim, só faz o que quer, argumenta, insiste e expressa muito bem sua frustração. A coisa que mais ouço dele é "você --que é como ele ainda se refere e si próprio-- está bavo com a mamãe".Cansa sim, especialmente, como você disse, quando já estamos cansados. E frustra também, porque nos fizeram acreditar que a submissão dos nossos filhos seria proporcional à nossa "boa maternidade". E comigo ainda tem um agravante: minha personalidade, nesse aspecto, é bem diferente da do meu filho. Eu era a criança assustada e submissa que faria --e fez-- de tudo pra agradar. Então, confesso, às vezes espero, mesmo sem querer, uma retribuição, um filho submisso como eu fui. Não que eu queira de fato isso para ele, tanto que o estimulo a ser como é. Mas parte de mim ansiava por reproduzir um modelo e me esforço --às vezes mais, às vezes menos-- pra fugir desse ciclo vicioso. Agora preciso dizer também: tenho dúvidas de quais são os limites. Será que estimulo demais meu filho a ser questionador?
    Uma coisa é certa, no entanto: estamos sempre aprendendo com os filhos e nos conhecendo mais e mais nesse encontro (como também diz a Ana Thomaz). E sempre aprendo no seu blog. Me identifico muito contigo.

    bjos

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    1. A Ana Thomaz não sabe a revolução que causou em mim! Eu acho que não há limites pré estabelecidos, isso é de cada um, de cada família. Penso que ser questinador na sociedade de hj é maravilhoso, menos chance de cair nas armadilhas da vida. Obrigada pelo carinho! Beijos!

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  6. Bom dia lindona ♥

    http://flordemeninaacessoriosbaby.blogspot.com.br/
    beijos e xero
    Sandra

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