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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Receitas de bolo e livre demanda

Imagem: google imagens

No ano passado, depois do nascimento do Pedro, já de volta a Santa Vitória, eu estava um caco. Cansada emocionalmente das novas situações que apareciam no dia a dia. Cansada fisicamente dos cuidados com os dois filhos. Eu precisa ter um tempo para mim, relaxar; mas eu também precisava ter um tempo com a Ísis, só eu e ela, como antes da chegada do irmão. Foi então que, meio sem querer, nós começamos as nossas experimentações na cozinha em meio a farinhas, açúcares, ovos e toda sorte de especiarias. Iniciávamos nosso ciclo de bolos semanais!

Os meus primeiros bolos não saíram lá essas coisas. No começo eu não sabia muito bem o motivo da existência e sequência dos ingredientes. Não sabia que quantidade colocar para fazer um mísero bolo nas minhas formas. E eu ainda sou meio avessa às receitas seguidas de cabo a rabo. Até porque nunca tenho todos os ingredientes.

Alguns bolos estranhos depois eu me decidi por uma receita e resolvi fazê-la sempre até acertar. Li, reli, separei os ingredientes, testei em todas as formas até chegar na ideal. Aprendi sobre a função de cada ingrediente numa massa de bolo - lembre-se que margarina, halvarina, não é o mesmo que manteiga - e sobre as razões de se acrescentar cada um, no tempo certo, à massa. O resultado foram bolos cada vez mais deliciosos, que não duravam mais que um café da tarde.

Então eu decidi que havia chegado o momento de me aventurar mais. Comprei novas formas, inventei receitas, mesclei, improvisei. Mas sempre tive muita dificuldade de seguir uma receita do início ao fim. Muitas vezes eu não entendia o que estava escrito. Eu lia e entendia uma coisa, mas na verdade era outra, sabem? Pois é.

Mas e o que tudo isso tem a ver com livre demanda, aquela do leite materno?

Bem, para mim tudo, e ontem, enquanto inventava mais um bolo e fazia minha primeira receita de biscoitos, eu fiquei divagando com as formas e farinhas sobre como captamos as informações que recebemos.

Quando a Ísis nasceu eu já havia ouvido falar em livre demanda. Claro. Mas que raios era isso? Livre. Demanda. O bebê demandando a mim e meu leite livremente. Tá. Entendi. Ou melhor, como vou saber que ele, ou ela, está demandando? Essa foi minha dúvida cruel.

Claro que eu não esperava que a Ísis recém nascida apontasse os peitos com o dedo indicador e falasse "mamá", como o irmão faz agora, mas, confesso, eu esperava quase isso. Não entendia os sinais, as tentativas de comunicação que a minha filha fazia, seja através do choro, seja através dos gestos. Ela era uma esfinge para mim, porque enquanto ela falava comigo, eu estava preocupada demais com a vida que havia mudado e não prestava atenção nela.

O resultado foi que oito meses depois dela nascer, uma encantadora de bebês, muito choro, cansaço e um final de licença maternidade depois, eu sucumbi. Eu li toda a receita do bolo, mas não compreendi partes cruciais dela. Como: margarina não é o mesmo que manteiga, bater as claras em neve traz um resultado diferente à massa, iniciar o bolo com manteiga e açúcar é meu método preferido.

A única pessoa que eu conhecia e que havia amamentado até seis meses exclusivamente e continuado até o primeiro ano de vida tinha uma rotina diária muito diferente da minha. Ao invés de analisar minha rotina e estabelecer meu ritmo eu me apeguei a esse detalhe e coloquei na cabeça que não conseguiria, porque não tinha a mesma vida. O mesmo horário. A mesma casa. 

Exatos dois anos depois do desmame (anti) natural da Ísis eu reiniciava mais um capítulo desse livro de receitas. Só que agora eu já estava mais esperta. Não seriam palavras francesas que me impediriam de acertar o bolo. Até porque experiência e criatividade já eram minhas amigas. E eu finalmente entendi que livre demanda era LIVRE. DEMANDA. 

Ingredientes:
- um par de peitos a sua escolha, no tamanho disponível
- uma boca pequena e ávida
- uma posição confortável (não esqueça de relaxar os ombros)
- olho no olho
- silêncio (mas pode ler artigos interessantes pelo celular nos primeiros meses)
- água, muita água

Modo de fazer:
Esteja com seu bebê junto ao seu corpo sempre que possível. Sling ajuda. Sempre que o bebê abrir a boca, os olhos, olhar para a direita, a esquerda, balbuciar, coloque um dos peitos na boca dele. Se ele estiver com fome vai mamar, se não estiver, vai sugar mais levemente. Deixe que ele sugue à vontade para garantir a produção do leite. Não olhe no relógio e tenha em mente que há bebês que sugam rapidamente e logo largam o peito e há bebês que sugam mais lentamente e ficam plugados por longos minutos.

Lembre-se que o tempo de forno varia. Para alguns será necessário mais de seis meses de leite materno exclusivo, para outros um pouco menos. Observe. Quando sentir que seu bebê, que já deve saber sentar, está curioso com a comida da família, tem habilidade motora para levar os alimentos à boca e dá sinais de querer mastigar, pode tirar do forno, ops, do aleitamento exclusivo e comece a deleitar-se com toda uma variedade de sabores que serão oferecidos a ele. Alguns ele vai gostar, outros nem tanto.






5 comentários:

  1. É Nine, nada melhor como ter exepriência e uma vontade enorme querer fazer diferente e acertar sempre mais. Assim eu tbm espero que seja aqui em casa, quando um segundo filho vier.
    A minha historia de amamentação foi bem dificil, e quero muito um dia conseguir superar. E acertar!!!

    beijos

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  2. Ahhhh Nine que bacana a maneira que escreveu o post. Uma super ideia a relação e o formato do seu texto. Adorei!
    diariamente a gente aprende um tanto, não é mesmo!? Bom demais ter outro filho, outra experiência, ao mesmo tempo que são únicos, nos dão tantas informações, nos fazem relembrar como fazíamos antigamente, suscitando um novo... um novo olhar, uma nova atitude diante deles.
    O importante realmente é isso! Rever as condutas, mudar e reconhecer que fizemos de outra maneira. Talvez não tão correta assim...
    Beijos

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  3. Ah Nine!

    Ando numa correria tão louca no trabalho que tem sido muito difícil acompanhar os blogs que curto muito.

    Hoje dediquei um tempinho a ler um pouco e vim aqui. Ai como é bom!

    beijos. uma hora eu volto.

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  4. É bem por ai, né?
    Se tivesse 10 filhos, no último estaria uma boleira de mão cheia, acho.
    :)

    Beijos!

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  5. Amiga! Voltei a ativa! Mas so um detalhe... Faz favor de passar a receita desse bolo LIIIINDO agora, tá? Nao me enrola.

    Beijos.
    Bjs na Isis e no Pedro!

    www.batatinhatinha.com

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