Imagem: google imagens
Ele começa assim: eu olho no relógio do computador, que marca 17:40h, e saio apressada, despedindo-me do guarda na porta com um até amanhã, mesmo sabendo que no amanhã não será ele que estará ali, mas sim seu colega de troca de turno.
Sou a última a deixar a seção, sempre depois do chefe, que sai 15-30 minutos antes. Consegui ajustar meu horário na parte da manhã para ter direito a duas horas de almoço, o que me permite ir para casa, fazer o almoço, almoçar com a família e arrumar a Ísis para a escola. Tudo correndo, claro, mas não abro mão dessa correria. Porém, eu não consigo levá-la na escola, já que tenho que estar de volta às 13:00h. Só consigo buscá-la, pois ela sai às 17:50h.
Na porta da escola, quando entro, ela sempre sorri, faceira. Tem dias que sai correndo para buscar sua mochila e correndo ela chega perto de mim e pula no meu colo. Adoro! Em outros dias, quando tem aula de música e ela está dançando no centro da roda, ela me olha e fica ali, dançando para mim. Linda!
Saímos calmamente pelos portões da escola e temos os nossos rituais do caminho. O primeiro, logo na saída, é eu esperá-la na calçada enquanto ela sobe um morrinho de grama e escorrega por ele, como se fosse um escorregador. No início pensei em protestar em nome do uniforme limpo para o dia seguinte, mas, felizmente, consegui fechar a boca a tempo e deixá-la ser criança. O uniforme pode ser lavado e seco durante a noite. E eu gosto de vê-la com o bumbum sujo de lama. Não sei por quê, mas criança suja para mim é sinal de criança feliz, que brinca livre.
Depois, passamos em frente ao Teatro Municipal, que às 18:00h nos brinda com chorinhos gostosos de ouvir. Ela sempre quer parar na fonte das águas e molhar a mão. Até em dia de chuva!
Seguindo pelo caminho tem a padaria. Entramos e eu peço o "pão amarelinho", que ela gosta. Já me disse várias vezes que ela só gosta do pão amarelo (francês) e não gosta do pão marrom (integral), que ela comia aos montes quando era menor. Agora ela tem preferências. Na padaria finjo não perceber seus olhinhos pedintes para os bolos e tortas que despontam do balcão. Terra de alemão, toda padaria parece um café colonial.
Pão comprado, ele deixa de ser um mero pão para se transformar no bebê-pão. Ela? A mamãe pão nova. Eu? A mamãe pão velha! Ai, ai. Todos os filhinhos dela tem duas mamães: ela, a mamãe nova, e eu, a mamãe velha. E não será assim?
Uma quadra antes de chegarmos em casa ela sobe no murinho. Está treinando o equilíbrio. Já caiu algumas vezes, mas ela sempre quer andar sem minha mão e não olha por onde pisa. Porque ela é assim, já nasceu pronta.
Já em cima da ponte sobre o "rio da bola" ela para (do verbo parar) para jogar uma folhinha no rio. Esse hábito já gerou muitas conversas sobre o que é lixo e o que é natureza, o que pode estar no rio (folhinhas, galhinhos) e o que não pode (papel, embalagem, copo).
Virando a esquina ela corre! Já sabe onde fica o prédio e sempre se gaba de ter chegado primeiro! Fica apertando o teclado e diz que sabe a senha de entrada. Subimos a escada de acesso, abrimos outra porta e ela corre para chamar o elevador. Já não para mais na frente dele e grita "elevadoooor". Agora ela é menina da "cidade grande" e aperta os botões corretamente.
Ao entrarmos em casa, ela vai em direção ao tatame, onde estão o pai e o irmão. Do corredor eu consigo escutar as risadas do mano, os beijos e abraços de saudades de quem foi e de quem ficou. Eu tiro meus sapatos, largo minha bolsa e me despeço do meu momento com ela.
Bom dia !
ResponderExcluirComo pode ser tão simples e tão perfeito ? assim tb me sinto diariamente ....
beijos
Noooooooossaaaaa!!!! Pra variar, AMEI!!!!!
ResponderExcluirEita escrita bonita, eita jeito de ver a vida com alegria, hein?.
Parabéns, parabéns, parabéns!!
Bjs meus e da Sofia.
Amei.
ResponderExcluirQue escrita gostosa, que depoimento lindo. Parabéns!
Que lindo esse post!!!
ResponderExcluirAmei, achei emocionante e verdadeiro!!!
Beijos!
Lívia.
Adorei o post. Lindo ver como o dia a dia pode ser especial. Bom para a gente abrir bem os olhos e valorizar cada momento! bjo
ResponderExcluirAinnn que leveza!!! Que texto lindo!!!
ResponderExcluirE que privilégio esses minutinhos, tão rotineiro, mais tão cheios de magia!!!
Lindo, lindo!!
(Juro que consegui ver cada paisagem!)
Bjoooo
Li ontem e não consegui comentar.
ResponderExcluirAdoro seus textos poéticos.
Escreve um livro?
Minha nova rotina também é buscar Arthur na escola sozinha, mas é um trajeto de 5 minutos de carro, no máximo, às vezes consigo trocar umas palavras, noutras ele pede para ficar quieta. :(