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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Fábula: O Jogo de Basquete

Tem dias em que meu pensamento viaja no tempo, não em busca do que já vivi, recordações de um tempo que se foi; mas sim viaja adiante, além, para o futuro desconhecido...


Os times foram sorteados no palitinho. O pai ficou com a filha, a mãe ficou com o filho. O jogo era de basquete. A menina deu um sorrisinho maroto, ela sabia que a mãe era péssima nesse jogo; o menino baixou os olhos já frustrado, perder seria o previsível.

A partida começa. Pai e filha são inegavelmente superiores no esporte. E são mais altos! A menina havia dado aquele estirão da adolescência. A mãe custava a crer que aquela moça, mais alta do que ela mesma, já havia cabido em seus braços, em seu ventre. Já o menino, apesar de ser apenas dois anos mais novo que a irmã, ainda possuía aquele ar infantil e desengonçado, ainda mais baixo que a primogênita.

Mãe e filho perdem o primeiro dos três tempos da competição. A mãe olha para o menino. Ele não gosta de perder, vamos ter que nos esforçar mais. A mãe olha feio para a menina que implica com ela e o irmão. O pai faz coro, melhor entrar na brincadeira.

Os tempos acabam e não há dúvidas: pai e filha são os vencedores da partida. Enquanto os vencedores fazem dancinha da vitória, riem, a mãe percebe que seu caçula senta desanimando no degrau da escada.

- Que foi, filho?
- Nada, mãe.
- Estás chateado por termos perdido, né?
- Tô nada, mãe, só tô cansado, só isso!

A mãe senta ao lado do filho na escada.

- Filho, tudo bem ficar chateado por ter perdido, não há nada de errado nisso, ao contrário, é normalíssimo. Todo mundo espera vencer quando inicia uma empreitada e é assim que deve ser, mesmo quando claramente está em desvantagem. Jogar sem vontade de vencer não vale a pena, melhor nem começar.
- É, mas vontade só não adianta! ele responde nitidamente mal humorado.
- Tens razão, não adianta. É preciso muito mais, mas é a vontade de vencer que nos move a buscar os recursos necessários, não é?

O filho não responde. A mãe passa o braço em volta do ombro dele. Hoje ele deixa e ela aproveita.

- Vencer é legal, eu sei, eu também queria ter vencido aqueles dois provalecidos! a mãe continua com um sorriso no rosto, - Mas nós lutamos bravamente, não foi? Minha consciência está tranquila, eu fiz o melhor que pude no momento. E você? Fez o melhor que pôde ou fez corpo mole já conformado com a derrota?
- Claro que não, mãe! Eu me esforcei também!
- Então! Isso é importante também. Não vencemos a partida, porque eles mereceram mais do que nós. Hoje. Amanhã, quem sabe?

O menino sorri.

2 comentários:

  1. qui lindo !!! é engraçado que tb me vejo em algumas muitas situações no futuro rssrsrsrs engraçado tb que enquanto você relatava eu conseguia dar um rosto de menino meio desengonçado para o Pedro massabe aquele menino que agente sabe que vai ficar um "homão" muito gato rsrsrsrs LEGAL BEM LEGAL ADOREI !

    ps.: imagina só quando nossas meninas hoje tão pequenas já serão moças ... lindo lindo lindo !

    beijos adorei o post !

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  2. Difícil essa questão.
    Perder ninguém gosta, não é legal.
    Gostei da maneira usada para ensinar sobre uma questão que lidamos a vida toda.
    Beijos

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