Páginas

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os diferentes momentos do querer

Um tempo atrás eu li este texto da Adriana Guimarães no blog da Pérola e fiquei cativada pela maneira como ela descreve uma experiência que eu, antes radicalmente contra, obviamente antes de ser mãe, hoje admiro e apóio quem consegue, ainda que tenha plena consciência de que esta prática não se encaixaria no meu dia a dia como rotina.

É verdade que desde que a Ísis nasceu eu e o papi já compartilhamos nossa pequena cama com a pequena infante (você mesma, Ísis!) inúmeras vezes e  a cada noite dessas eu acordava (e ainda acordo) com o firme propósito de não repetir a experiência.

Não é que eu não gostasse de dormir com minha filha, eu adorava sentir o cheirinho dela, o calor do corpinho rechonchudo, ouvir a respiração e tudo o mais; MAS eu adorava tudo isso nos momentos em que ela ficava parada! Quando ela passava a se mexer feito ponteiro de relógio, sobravam sopapos e pontapés para mim e para o papi, o que resultou em várias noites mal dormidas para nós dois, cansaço elevado no dia seguinte e tudo o mais.

É verdade que eu nunca havia pensado em fazer como a Adriana: colchão no chão! Mas também é verdade que meu apertamento é PP e mal cabe a minha cama de casal normalésima, nada king. Assim como também é verdade verdadeira que seu eu quisesse MESMO a tal cama compartilhada eu daria um jeito. É assim para tudo na vida, não é mesmo?

Mas aqui cabe um recadinho para minha irmã do meio, que foi mãe/mamífera antes de mim (a tia Ari, Ísis) e foi quem começou a me mostrar o quanto mudamos quando nos tornamos mães: lembra de tudo que você me ouviu dizer sobre deixar mal acostumado o meu sobrinho lindo porque ele dormia/dorme na sua cama? ESQUECE! Pena que já tenham se passado quase cinco (!) anos, né mana?

Passada a introdução, que na verdade nada tem a ver com o que eu vou escrever daqui para frente (o que deixa de ser introdução como rege o manual de redação da língua portuguesa), o que me chamou a atenção para este texto da Adriana foi a dualidade de vontades que ela descreve: adorar compartilhar a cama com os filhos x querer a cama de volta apenas para ela e o marido.

Acho que vivemos essas dualidades durante a maternagem desde que nos descobrimos grávidas. Aliada à emoção do teste positivo, vem a insegurança e o medo do novo (ser) que está por vir. São dois sentimentos antagonistas e complementares, como todos, ou quase todos, os outros sentimentos que teremos dali para frente.

Eu costumava me achar bem resolvida antes da minha primeira filha (digo primeira porque sei que há ainda mais um ou dois filhos me esperando em algum lugar, mas não estou grávida) nascer. Decidia algo e realizava, simples e aritmética como uma boa planilha de excel consegue (?) ser.

Depois da maternidade eu vivo em conflito, como no começo do aleitamento, quando eu não podia me ausentar de casa por mais de 2 horas, passando a me sentir enjaulada, solitária; mas em contrapartida não podia ouvir falar em dar mamadeira para a Ísis que virava onça e saía de dedo em riste do marido primeiro que me sugeria tal coisa! Ou, ainda sobre aleitamento, quando ia dormir implorando para que a pequena dormisse a noite toda porque estava cansada, acabada mesmo de tanto levantar nas madrugadas para dar de mamar de 2h em 2h, mas ao mesmo tempo sempre sorria quando minha filha mamava com vontade, de fazer barulhinho de gut-gut e me pegava pensando que seria muito bom se eu conseguisse manter a amamentação até meus peitos baterem no pé.

Da série conflitos ainda posso falar do trabalho x dedicação exclusiva! Na época da licença maternidade me pegava pensando que seria bom voltar a trabalhar, colocar a cria na escolinha, ter mais tempo para mim, falar de outras coisas que não filhopumcocoxiximamadagolfadapapinha durante todo o dia; mas, OH!, eis que crio um blog para falar justamente disso nos meus intervalos do trabalho e ainda me pego cogitando seriamente em pegar licença não remunerada por anos a fim de grudar na filhota durante todo o dia!

A dualidade escolinha X babá também rondou, ronda e rondará a minha mente durante o período antes da escola pré-primária. Desejo de que ela se socialize, que me dê um tempo, que aprenda a falar gato em inglês só para eu dizer "ai que lindo!", ainda que ela fique mais doente, que fique fora de seu habitat, que tenha que qguentar 10 professoras em trocas de turno e colegas mil birrentos e de nariz escorrendo como ela; em contrapartida ao medo de que ela fique com uma louca sádica, ou uma gente boníssima que fala errado e vai ensiná-la a dançar Rebolation e falar mortandela, mas que vai pegar no colo, colocar para dormir na sua caminha, dar a comidinha fresca que eu compro toda semana...

Terminando, copio e colo o final do meu comentário lá no Mamãe Antenada (porque apesar de eu ser totalmente contra chupinzar/copiar/repetir/falta de criatividade, também sou super a favor do reaproveitamento/citação/enaltecimento/reescrita com melhor abordagem:

"Essa história de "tem dias que quero isso" e "tem dias que quero exatamente o contrário" acho que faz parte da maternidade, porque ao mesmo tempo em que sentimos saudades do nosso EU, da nossa vida mais privada, também sabemos que essa fase em que somos os eternos companheiros e heróis de nossos filhos passa rápido, e então desejamos fervorosamente que dure, dure, dure!

 
Inspiração: http://mamaeantenada.blogspot.com/2011/01/cama-compartilhada-um-olhar-uma.html

14 comentários:

  1. Oie .... bom ja falei mil vezes que sou fã super fã da Isis né .... e hoje foi engraçado que não teve uma palavrinha sobre ela (alguma piripeça ou algo do tipo) mas assim mesmo o post foi delicioso e eu me identifiquei por inteira nele ....

    Muito bom partilhar de tantas vidas normais igual a minha, rs

    Beijoss

    ResponderExcluir
  2. Ai Nine, que post delicioso... e tão verdadeiro. Me identifiquei, em quase tudo!! (inclusive sobre a cama minimal size que é impossível de compartilhar a 3... se vem o filhote, sai o maridão... ui!)
    Incrível como lidamos com esses conflitos cotidianamente, não? Mas vamos virando mestras nisso, e quase sempre tiramos de letra. (exceção em momentos de tpm ou na gravidez... afe, como esses conflitos se amplificam!!!)
    vou voltar algumas vezes e ler com calma de novo. sempre animador saber que não estamos sós, né!
    beijo!

    ResponderExcluir
  3. Nine... q belo texto.. e que bela reflexão vc traz com esse texto. me vi.. em varios momento (quase todos!rsrsr)
    E já tinha chegado a essa conclusão tbm.. tem dias queria lembrar q eu sou só eu (ontem briguei com marido pq ele disse q eu ñ sou mais mulher, sou mãe! aff!rsrs) Mas ai lembro que vai passar tão rapido..q os dias voam.. e que tenho muito que aproveitar minha pequena, antes q ela vire uma aborrecente!! heheheh
    Bjnhos em vcs, viu!

    ResponderExcluir
  4. Oi mamãe da Isabela! Tem dias que a gente fica analisando a maternidade em si e as traquinagens ficam em segundo plano! Que bom que vc gostou do texto, mesmo sem as gracinhas da Ísis. Ainda não consigo comentar no seu blog: muda as configurações para mim? OU me manda um email. Beijos!

    Oi Thais! Estou começando a crer que ao invés das palavras irmãs mãeculpa, estou na fase mãeconflito! Beijos!

    Oi Martha! Acho que os maridos tb ajudam e muito nesses nossos conflitos, porque realmente é muito difícil para a maioria deles nos entenderem antes da gravidez, qto mais depois, rsrsrsrs. E achar o lado mulher depois da maternidade é realmente bem complicado, principalmente nesses primeiros momentos, né? Beijos!

    ResponderExcluir
  5. Nine,
    Amei seu texto e assino embaixo. Estou sempre dividida e acho que isso é inerente à maternidade nos tempos atuais...
    Principalmente na questão entre estar presente 100% do tempo X trabalhar e se realizar como mulher.
    Ainda estou no meio dessa tortura, mas acho que com o tempo as coisas vao ficando cada vez mais claras e fáceis.
    Muitos beijos
    Gi

    ResponderExcluir
  6. Oi Nine!
    Achei legal o você escreveu nos comentários no blog da Thaís e vim aqui te conhecer! Adorei saber mais das suas reflexões. Vou voltar mais vezes!

    Bjs

    Priscilla

    ResponderExcluir
  7. Oi Gisella! Obrigada! Em conflito é o meu nome atual, rsrsrs Beijos!

    Oi Priscila, obrigada pela visita e pelo carinho, volte sempre que quiser! Vou lá conhecer o seu tb!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  8. Perfeito...ainda mais para uma mãe que volta a trabalhar segunda-feira depois de 6 meses bajulando a cria..Dilemas = vida de mãe!!
    Bjos!!

    ResponderExcluir
  9. Nine, que post gostoso. Sou sua fã, viu? Não comento muito mas tô sempre por aqui. Vejo que sempre participa do blog da minha irmã tb! Tá tudo em família hihihihi! Obrigada pelos comentários sempre construtivos e fofos. Adoro.
    Um beijo!

    ResponderExcluir
  10. Oi Nine! Esses dilemas rondam a cabeça de toda mãe em algum momento. Eu era totalmente contra cama compartilhada antes de engravidar e hoje adoro! Bento já dorme na caminha, no quarto dele, mas sempre que quer dormir com a gente ele vem. Geralmente isso acontece se ele acorda muuuito cedo e queremos dormir mais um pouquinho...
    Sobre maternidade e carreira, muita coisa também muda depois da chegada do bebê, e a opção por ficar em casa, colocar o bebê em escolinha ou contratar babá deve considerar os ideais e a realidade de cada família. Fácil não é, mas aos poucos vamos descobrindo o que é melhor para todos. E aprendendo todos os dias!
    Ah, deixei selinho pra vc lá no blog tá?
    beijo

    ResponderExcluir
  11. NIne do céu..eu estou vivendo esse conflito aqui em casa..e amiga,te digo uma coisa: está barra! ;-(
    todo dia é discussão,choro,gritos..meu coração de um lado quer meu pequeno perto de mim,e me acabo por dentro quando ele pede chorando p não ficar sozinho no quarto dele que tem medo...e do outro lado meu marido me cobra pulso firme e diz que não suporta mais dormir apertado...e sei lá.. olha,não sei como isso vai terminar,mas sei de uma coisa..quando passar isso,sei que outro dilema vai vir..pq ser mãe acho que é isso mesmo..é viver eternamente em conflitos..ó ceus..a gente merecia um trofeu,um premio,uma aposentadoria..kkkkkkk..
    beijos..estava morrendo de saudades..estava sem blogar por alguns problemas pessoais..mas desabafei no blog e cá estou eu..rsrs..beijao,otima semana!!
    ;-)

    ResponderExcluir
  12. Oi Dayane! Guria, essa volta ao trabalho para mim foi muito difícil! Espero que para vc seja bem mais tranquilo! Beijos!

    Oi Pati, obrigada pelas visitas e pelos comentários sempre que vc sentir vontade! Eu acompanho os dois blogs da sua irmã e ela quase me mata de fome com as receitas que publica, rsrsrs. E vcs são parecidíssimas! Beijos!

    Oi Sarah, obrigada pelo selinho, vou lá buscar! Beijos!

    Ana! Que coisa isso, em? E vc tem razão, ao deixarmos um conflito para trás, logo vem outro mais a frente, rsrsrs. Beijos!

    ResponderExcluir
  13. Você não tem noção de como me emocionei ao ler este post! Conseguiu colocar em palavras o que eu sinto há meses...sem saber como me expressar e traduzir em palavras esses conflitos que cercam minha mente todos os dias.
    Muito obrigado! depois de ler me senti mais aliviada e não tão sozinha quanto antes
    beijos

    ResponderExcluir
  14. Nossa, Andressa! Agora foi vc quem me emocionou com seu comentário, muito obrigada!

    ResponderExcluir

Fale sobre você...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...