Um dia isso foi sobre minha filha. Hoje é sobre minha filha, meu filho, eu, meu marido, meus amigos, minha cidade, meu estado, meu país, meu mundo...
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Blogagem coletiva - bater em criança é covardia!
Filha, a mamãe recebeu um convite da amiga Ingrid (obrigada pelo email, Ingrid!) para falar um pouco sobre a violência contra as crianças e como esse é um assunto recorrente desde antes de você nascer, achei importante te explicar a evolução do pensamento da mamãe até os dias de hoje.
Eu me lembro que antes de ter filhos eu acreditava que "esquentar o rabinho" do filho, como eu e o seu pai gostamos de dizer, não seria problema em determinadas ocasiões, ocasiões estas que nós acreditávamos que o filho "mereceria" tal castigo devido a um comportamente impróprio. Qual seria ele? Nós nunca chegamos a um acordo quanto a isso. Como quase toda teoria pré-filho, essa também caiu.
Depois que você nasceu eu me vi totalmente impossibilitada de imaginar qualquer violência cometida por mim, pelo seu pai, ou por qualquer outra pessoa contra você. Violência esta que poderia ser tanto física quanto verbal. Eu cuido muito o que digo perto de você, filha, pois os adultos sempre estão muito enganados quando pensam que as crianças não compreendem o que é dito sobre elas e perto delas. Muito enganados.
E isso adveio das minhas próprias experiências como filha. Porque a mamãe apanhou, filha, e tanto por motivos considerados "válidos", quanto por motivos até hoje não compreendidos. E eu te digo, Ísis, que a mamãe não se tornou melhor ou pior pessoa devido às surras que levou quando pequena, e até mesmo depois de grande, mas te digo que, com certeza, cada violência recebida ficou marcada na memória como algo que eu não gostaria de repetir com você. E a mamãe também ouviu coisas nada legais ditas por pessoas queridas, e as palavras ditas não podem deixar de existir e os maus sentimentos provocados por elas ficam sempre guardadinhos em algum lugar, esperando oportunidade para virem à tona, e quando isso acontece sempre dói.
Os "antigos", minha pequena, agiam em conformidade com suas crenças, com seus costumes, com seus entendimentos sobre os bebês e as crianças, e eu te digo que eles não entendiam muita coisa e repetiam com os filhos o mesmo tratamento que haviam recebido dos pais. E assim sucessivamente até os dias de hoje, sendo que as crianças que não gostavam de apanhar viravam os adultos que batiam.
O meu pensamento é muito simples: eu não gostaria de levar uma boa surra em nenhuma ocasião da minha vida, então por quê eu iria fazer isso com você? Eu não acredito que uma surra possa servir para educar ou para obter respeito de um filho, assim como eu também não acredito que maridos batam em esposas pelo muito amor que lhes devotem. Bem simples assim.
Não posso deixar de te contar que em algumas ocasiões, quando a mamãe está mais fragilizada, cansada e você está com toda a energia que o seu primeiro ano de vida te dá, não tenha me dado uma vontade de esquentar o seu rabinho, principalmente quando eu tenho que te colocar sobre as fraldas 10, 20 vezes seguidas, mas eu nunca fiz e nunca farei isso com você filha, porque o simples fato de eu te agredir fará cair por terra tudo aquilo que eu sempre desejei ser como mãe. Então eu respiro fundo e me lembro que você é apenas um bebezico reaprendendo sobre a vida do lado de cá e que é minha responsabilidade te ajudar a lembrar do que você já sabe e te ensinar uma ou outra coisinha aprendida. Não é fácil, filha, não é não.
Quando alguém bate é porque não controla a si mesmo, faz uso de uma ação infantil sobre alguém que está indefeso. Quando alguém bate como alternativa de educação apenas mostra o quão despreparado e perdido está e que pouco ou nada sabe sobre a tarefa de educar. E o que muitas vezes nós pais não percebemos é que vamos ajudando nossos filhos a construir comportamentos impróprios através de palavras, de atos inadequados, de exemplos falhos.
Ao bater em uma criança descontamos sobre ela as nossas frustrações, a nossa incapacidade de lidar com determinadas situações.
Eu tenho um sério compromisso assumido comigo mesma, filha. Eu quero quebrar a corrente dos maus comportamentos adquiridos. Não vou bater nos meus filhos porque apanhei dos meus pais. Isso nunca me ajudou, ao contrário. Não vou fazer isso com você filha, pelo muito que te amo, que te quero bem e pelo pouco que aprendi sobre a árdua tarefa de ser mãe.
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Oi querida
ResponderExcluirMuito bom seu post.
Temos que refletir muito sobre isto...
Mil bjks e uma otima semana
http://blogdaclauo.blogspot.com/
Oi Clau! Obrigada! Beijos!
ResponderExcluirEi Nine!
ResponderExcluirSou muito contra surra também. Não acho que ensina nada e sim constrange e machuca a criança por dentro. Mas com muita moderação, sou a favor de uma boa palmada em determinados momentos. Eu mesmo levei várias palmadas na vida e como foram bem moderadas e na hora certa não me marcaram.
Bjs!!!!
Lindo texto amiga...olha,e como vc mesmo falou..não é so bater que agride não.. eu acho que so levei 2 palmadas a minha vida toda quando era criança...mas escutei coisas que doeram e q doem ate hj muito piores do q qlquer surra..e ja depois de grande!!! palavra dita não tem volta ..e como machuca..
ResponderExcluir;-(
a gente tb tem q pensar mt nisso!!!
beijos,otima semana!!!
Oi Simone! Obrigada pela visita e pela participação! Beijos!
ResponderExcluirOi Ana! Também acho que as palavras ferem tanto ou ainda mais que as surras. Precisamos sempre pensar muito antes de dizer alguma coisa, né? Tarefa difícil essa, sempre! Beijos!