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terça-feira, 8 de maio de 2012

Amamentação - o retorno!

Ísis: primeiros dias

Pedro: primeiro dia

Uma das coisas mais fascinantes na minha primeira experiência como mãe foi a amamentação. Passados aqueles 15 dias de tortura eu amei e odiei essa fase! Mas amei muito mais do que odiei, e quem acompanha o blog desde o início sabe que minha primeira postagem falava exatamente do dia em que a Ísis havia recusado o peito e eu, numa avaliação equivocada e conveniente, entendi que ela não queria mais mamar.

Passados 3 longos anos e um filho depois eu posso rever tudo que fiz de errado e que acabou levando ao desmame precoce da Ísis. Talvez não tão precoce se pensarmos que no Brasil a média não chega aos 2 meses completos, mas precoce do ponto de vista do que recomenda a OMS e o que me recomendava minha consciência na época, que pretendia que a amamentação da Ísis durasse ao menos até 1 ano de idade.

Meus pequenos erros começaram assim que ela nasceu: pega errada gerou fissuras doloridas; o uso de sutiã e roupas sobre os peitos machucados agravou as fissuras causando ainda mais dor; não amamentar em livre demanda fez com que meus peitos ficassem sempre muito cheios, "empedrassem". O resultado> dor. Eu não cuidava muito da ingestão de líquidos e vivia muito estressada, o que dificultava o volume e o fluxo do leite durante à noite, gerando muito choro e estresse desnecessários.Tudo errado!

Depois, quando retornei ao trabalho, não quis ordenhar meu leite porque não havia me adaptado à bomba manual e achei que não aguentaria mais essa pressão: ordenhar, colocar em potinhos, congelar, levar para a escolinha! Eu estava muito cansada física e emocionalmente naquela época, sem ninguém com quem pudesse dividir meus pensamentos, não porque me faltassem amigos, mas porque ninguém conseguiria entender como eu me sentia. Até mesmo eu não entendia às vezes! Optei por dar leite de vaca enlatado nos horários em que a Ísis estivesse na escola e o peito quando ela estivesse comigo.

Sei que tem crianças que ficam muito bem neste esquema e que não desmamam, mas não foi o nosso caso. Dois meses depois ela começou a recusar o peito até que por fim eu desisti de insistir.

Muitos meses e leituras depois, grávida pela segunda vez, eu sabia que não queria repetir o mesmo com o Pedro. Quero amamentá-lo até os dois anos ou mais.

Desde o início fiz diferente:

- Mais experiente, acertei a pega do Pedro desde as primeiras mamadas;
- Menos pudica e fresca, menos preocupada com os outros e mais preocupada comigo e com o que seria melhor para mim e meu filho, fiquei com os peitos descobertos (andava sem roupas e sutiã na parte de cima em casa) por quase um mês depois que ele nasceu. Após cada mamada colocava meu próprio leite sobre os bicos para manter a hidratação. Também usei azeite de oliva e óleo de soja. O resultado foi que não tive fissuras. Obviamente tive sensibilidade e dor nos primeiros dias devido ao peito não estar acostumado com tamanha sucção!
- Fiz (e faço) livre demanda desde o início, então não tive peitos cheios e empedrados e quanto mais o Pedro mamava, mais leite eu produzia. Isso somado aos dois copos de água ingeridos após cada mamada (dica da Carol) garantiram (e garantem) um bom volume e fluxo de leite durante todo o dia e à noite.  O resultado se vê nas bochechas do Pedro e na balança do pediatra.

Em setembro retorno ao trabalho e desta vez ordenharei meu leite para ele tomar quando estiver fora. Li algumas coisas sobre isso, principalmente no blog da Carol, e pretendo fazer igual.

Amamentar realmente não é fácil não, e, como tudo na vida, se não estivermos certas de que queremos mesmo isso, sucumbimos nas primeiras dificuldades, que não são poucas! Fora toda a dificudade física da coisa toda, ainda existem as emocionais, que, felizmente, estão mais bem resolvidas nesta segunda vez!

Amamentar a Ísis me dava prazer, mas também me deixava exausta! Ninguém poderia alimentá-la no meu lugar! Eu não podia me afastar dela nos primeiros meses, e sair e dar de mamar em público era algo (e ainda é) difícil para mim.

Amamentar em público nessa segunda vez também não é fácil para mim: sacar os peitos assim, em público, não é uma manobra das mais fáceis. Dificulta muito que aqui seja frio demais e que não existam roupas apropriadas para isso. Então, os peitos ficam à mostra mesmo, não tem jeito, e eu fico com um pouco de vergonha, não tem jeito; mas encaro numa boa se precisar, porque entre minha vergonha e a fome do meu filho, ganha a segunda!

Da primeira vez, quando voltei ao trabalho, sabia que poderia ordenhar e deixar meu leite para ser aquecido na escola. Mas eu não quis, não achei necessário passar todo esse trabalho e me rendi às latas de leite. Eu me arrependi alguns meses mais tarde quando a Ísis começou seu quadro alérgico e as crises respiratórias vieram com tudo. O leite de vaca que ela tomava não ajudava em nada! Mas se fosse o meu, poderia ao menos não agravar o quadro dela!

Naquela época eu não estava certa de que queria amamentar por mais tempo. Eu gostava de amamentar um bebê! Como seria se ela não desmamasse e eu tivesse uma criança mamando em mim? Ou pior: se eu resolvesse desmamá-la antes dela querer seria ainda mais estressante para o meu emocional! Eu ainda não havia ligado o meu botão de F*d@-S#! Enfim, por medo de não aguentar, de não ser capaz e por falta de convicção de que gostaria de amamentar prolongadamente eu desisti antes de tentar.

Amamentação é sempre um assunto delicado: muitas querem, mas poucas conseguem. As campanhas não ajudam muito, e não há bancos de leite suficientes e gente especializada para ajudar quando você precisa. Nossas mães e avós já perderam o dom da amamentação há muito tempo e pouca coisa podem fazer por nós. Mas eu não tenho dúvidas de que as principais responsáveis somos nós mesmas.

Aqui em SVP conheci uma mulher (a minha depiladora) que me surpreende cada vez que nos encontramos. Ela sabe. Ela simplesmente sabe. Em nossa última conversa sobre amamentação ela mais uma vez me surpreendeu.

Eu gostaria de ser assim: simplesmente saber. Mas sou humilde o bastante para reconhecer que eu preciso que as pessoas desenhem para mim quando o assunto é maternidade. E eu preciso viver na pele, sabe? E também sou turrona o bastante para ir até o fim quando decido que determinado caminho é o melhor. Não importa o que dizem os outros, não importa o quão difícil seja, não importa o quanto eu fraqueje no meio da estrada!

Amamamentação prolongada, aí vamos nós!

...

Dicas:
- Usar azeite de oliva e óleo de soja é ótimo e muito mais barato que aquelas pomadas importadas para os seios! E você não precisa remover a cada mamada do bebê!
- Molhe os bicos constantemente com o seu leite e não cubra os seios nas primeiras semanas após o nascimento, sempre que possível. Se precisar cobri-los, use aquelas conchas de amamentação de silicone com um algodão umedecido em chá de camomila gelado (ou água mesmo). Alivia o desconforto.
- Evite aqueles absorventes para seios o quanto possível.
- Faça uso da livre demanda!
- Aguente firme os primeiros dias de sensibilidade e dor. Vai passar...

11 comentários:

  1. Oiiiii! Fazia tempo que queria comentar, mas minha internet tá tããão ruim que quando coloco pra publicar o comentário ele simplesmente, não manda e acabo perdendo tudo!!!
    Eu tb odiei e amei amamentar, tudo ao mesmo tempo! No segundo a gente concerta os erros que cometamos com o primeiro!:) Lindo o pedro! Parabéns pela Ísis, pelos 3 anos! Linda, linda! Como sempre! E parabéns pra vc, eplos dois filhotes! Bjos gisele

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  2. Nine, ai, que fotos lindas!!!

    Vamos indo em frente, redescobrindo a roda e que somos humanas, mulheres e mães que podem tudo, mesmo que a sociedade nos faça temer, desaprender, vamos em frente, mostrando que sim, temos muito peito para encarar.
    Parabéns!

    Beijos!

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  3. Nine, eu com três foi um aprendizado e tanto, como amadureci nesse longo caminho! E é tão bom quando a gente se dá conta de que pode ser melhor, mais tranquilo e mais adaptável.

    bjos querida e siga em frente na amamentação, vai dar tudo certo!

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  4. Eu também sofri muito no começo da amamentação da Gabi, tive fissuras gigantes e muito sangramento. A minha sorte é que o hospital em que ganhei a Gabi tem banco de leite, então quando ela tinha uns cinco dias e eu chorava de tanta dor enquanto amamentava, fui lá e elas me deram todas essas dicas. Olha, foi a salvação, consegui amamentar até os nove meses, quando ela, mesmo sem tomar outro leite, por que eu ordenhava(não tenho saudade disso, hahaha) simplesmente não quis mais mamar. Na época eu não pensei em tentar mais um pouco, ofereci umas duas vezes e só, mas hoje vejo que se eu tivesse insistido ela teria mamado mais... Enfim, deixamos para o próximo!
    O pedro é um lindo, muito leite pra ele!

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  5. que linda história você está escrevendo, Nine. te acompanho faz tanto tempo e pude ver esse desabrochar lindo como mãe. parabéns querida. tenho um orgulho bobo, coisa de amiga.
    e olha, acompanho muito de perto a história da Carol e sei o quanto ela é valente. não é fácil mesmo, mas vale a pena, vale muito a pena.
    grande beijo e muito, muito leite.

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  6. Nine,

    a gente vai vivendo e aprendendo. Bom é quando a gente consegue reparar os erros quando tem uma segunda chance.

    O início da amamentação do primeiro filho foi muito complicado. Muita dor, fissuras, peito empedrado, insegurança. Graças a Deus eu tive muito apoio da família (minha mãe ajudou a implantar o banco de leite na minha cidade) e consegui continuar. E eu amei muito amamentar!

    Infelizmente ele desmamou por volta dos 8 meses, naquela fase em que muitas crianças passam de rejeitar o peito. O problema foi que eu não insisti e ele desmamou. Aqui foi falta de informação mesmo. Se eu soubesse que era uma coisa comum nessa idade, certeza de que teria insistido.

    Quando meu segundo filho nasceu eu já estava preparada pro que podia acontecer. O começo foi bem diferente, ele sempre teve uma pega bacana, então não machucou. Sempre muito gostoso.

    Mas aí vem a vida com todas as suas cores e, no meio daquela mesma fase dos 8 meses, eu tava passando por problemas pessoais muito difíceis. Ele rejeitou e eu não insisti. Mas aí já não era falta de informação, eu é que não podia seguir em frente naquele momento. Fico triste pelo desmame precoce (acho precoce aos 8 meses!), mas ao mesmo tempo não sinto culpa, já que aconteceu o que era possível naquele momento.

    beijocas pra vocês e fico feliz vendo que você está reescrevendo sua história mais uma vez.

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  7. que maravilha de post, fico mto feliz de ter ajudado em alguma coisa!

    rumo à amamentaçao prolongada, tb tô nesse barco!

    semana que vem vou postar meu relato de amamentaçao tb, vou fazer um ano de peitos em atividade, olha que emossaum!

    beijo em vcs e vida longa ao mamá!

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  8. Que delícia!!!
    E taí uma das minhas maiores expectativas para o meu segundinho (quando ele vier). Amamentar muito, muito e muito, e não cair nas mesmas armadilhas que eu cai com a Lara.

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  9. Oi, Gisele! Seja bem vinda e obrigada! Tb sofro com internet por aqui, hehehe. Beijos!

    Dani, obrigada! Vamos em frente reescrever nossa maternidade, né? Beijos!

    Obrigada, Ivana!

    Obrigada, Amanda! Os bancos de leite são ótimos! Pena não estarem em mais cidades! Beijos!

    Obrigada, Pat, pelas palavra carinhosas! Beijos!

    Anna, Thereza, nada como um filho após o outro pra a gente ir se perfeiçoando, hehehe Beijos!

    Carol, minha ídola da amamentação! Vou aguardar seu relato, tá? Beijos!

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  10. Nine quanto tempo! Saudades! Tirei um tempinho pra ler seus post que estava atrasada!
    Posso fazer uma confissão que meio que descobri agora?!
    Na gravidez achei que me preparei pra amamentação, achei que queria e conseguiria, mas o Eduardo nasceu e tudo era tão difícil, dolorido, tentei "aprender" amamentar na maternidade mas apesar das dicas nunca soube sobre livre demanda... Quando meu leite desceu doeu tanto, que inconscientemente desejei que aquilo acabasse. Sim o leite, e quando MÉDICOS!!! Me instruíram que pela cardiopatia ele não pegaria o peito e que era pra fazer logo uma mamadeira me senti aliviada... Ui acho que nunca pensei isso "em voz alta"...
    Pra amamentar precisa de peito! Parabéns!
    Beijos

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  11. Oi filha, tirei um tempo hoje para ler o Blog. Observando as fotos da Isis e do Pedro mamando notei que nas duas fotos eu estou no fundo.
    É bom saber que estás tendo agora a paciência que não tive, nos meus 20 anos, quando você deixava o leite escorrer pela boca e eu chorava de desespero porque não pegavas o peito, e consequentemente, choravas de fome.E a solução veio da sua vó paterna que encheu uma mamadeira de leite e você dormiu quase que um dia inteiro.Para mim, estava alí a solução!!!! Beijos filhota e te cuida.

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