O melhor da viagem

As férias acabaram e estamos de volta aos Pampas Gaúchos, a esse pedacinho de sul que aprendemos a chamar de lar. Bom viajar e conhecer novos lugares, formas diferentes de viver e conviver, mas muito bom também reconhecer aquele pedaço de lugar que é seu, que tem seu jeito, seu cheiro, suas coisas, seus momentos de todo dia.

Nestas férias ficamos uma semana em Porto de Galinhas e adoramos. A praia é perfeita para famílias com crianças, pois as pessoas são super hospitaleiras e simpáticas com os pequenos, a praia é calma, com água morna e azul turquesa e tem um centrinho super bem equipado com lojinhas, tapiocarias, barraquinhas, restaurantes e...as galinhas, claro! As galinhas gangola (galinhas da angola em isês) fizeram sucesso. Ficamos na Pousada Aldeia dos Ventos que está super recomendada para famílias: todos muito atenciosos, com serviço de restaurante para aqueles dias sem muita disposição para sair e jantar ou almoçar, com uma área para as crianças brincarem (ajudou muito nos dias de chuva), uma piscina deliciosa e galinhas gangola, que não podem faltar!

Mas de tudo o que vivemos e vimos o que mais ficou marcado na minha memória não foram as belezas das piscinas naturais, nem a aventura no passeio de bugue, nem o aroma e o paladar das castanhas de caju caramelizadas com gergelim, ou da tapioca de carne seca depois da praia. O que fica sempre são aqueles pequenos momentos corriqueiros, repetidos, normais mesmo, sem nada de especiais...

- Acordar juntinho tudo mundo zunto papai e mamãe e isis todos os dias e ouvir um bom dia arreganhado e logo em seguida: piscina?

- Dormir todas as noites juntinhas, ouvindo um bá nôte, vamu tudo mundo naná, receber um cafuné, uma apertadinha nas minhas bochechas seguida de um mamãe godinha, mimosa.

- Escutar você conversar com as galinhas gangola, ouvir você dizer pisinatulais, tapioca, suco de cazá (cajá), fazer castelos na areia bem gandes.

- Tomar banho junto e te ouvir falando que a mamãe tem um cabelinho cumpido, cumpido, enquanto você levanta o meu cabelo e faz um nó daqueles neles.

- Ouvir você gritar a mamãe caiu a piscina sempre que eu pulava (eu pulo desengonçadamente, pois tenho um medo danado de tentar entrar no melhor estilo "ponta" e acabar dando uma barrigada vergonhosa!).

- Ouvir você falar gugulhar (mergulhar), a minha mais nova palavra preferida, ou dizer que está vuando a piscina, quando queria dizer que estava nadando na piscina, ou que tínhamos que cucular (procurar) alguma coisa...

- Nunca pensei que fosse morrer de orgulho ao ouvir um verbo sendo conjugado erroneamente:  a mamãe fazeu me fez dar beijos e mais beijos em sua bochecha!

- Ver a sua faceirice quando encontrava outras crianças na praça ou na praia, a sua simpatia com todos, distribuindo sorrisos e beijinhos por onde passava.

- Ouvir você dizer que a antena de TV/Celular/Rádio próxima da pousada palece o bogô (parece um bongô), ouvir seu bá nôte para as galinhas, para a lua, para a piscina sempre seguido de um até amanhã.

- Ouvir você agradecendo quando recebia alguma coisa de um estranho (bigada) me fez acreditar ainda mais que as crianças aprendem o que ouvem e vêem, com exemplos e não com blá, blá, blá.

- Ouvir você falar pixina no lugar de piscina depois de ouvir as crianças portuguesas falarem.

E eu sempre saio de uma viagem pensando que não importa a idade, elas sempre trazem muita alegria e aprendizado e fazem com que as crianças desenvolvam habilidades que no dia a dia não podem ser exploradas.

Em uma semana foram tantas novas situações, convívios, palavras, paladares! E um tempinho só nosso, sem muitas regras, sem muito horário, sem pressa!