Estou gostando muito dos textos que estou lendo esta semana. O que eu acho uma pena é que não possamos sentar num boteco animado, pedir umas biritas (quem bebe), uns sucos naturais (quem não bebe), umas guloseimas de boteco e colocar tudo no diálogo, sem os meandros e mal entendidos da palavra escrita. Porque ao vivo, se a pessoa não te entendeu, você tem a chance de explicar logo.
O problema de textos sobre maneiras de se cuidar dos filhos é que tendemos a polarizar tudo que está escrito e a ver quem escreve como um juiz de nossos próprios atos, ainda mais se o que a pessoa descreve como melhor, mais, não é bem o que fazemos em casa. Problema maior é se esse texto vem de outra mãe. Desastre na certa se temos uma culpinha ali, um assunto mal resolvido acolá.
Quando comecei a ler os blogs sobre maternidade eu era bem mãezinha, tadinha de mim! Na minha ingenuidade eu achava que tinha que ser cuidada na gravidez, que os outros decidissem por mim porque eu já estava ocupada demais em gerar o meu bebê. Eu entraria fácil fácil para o esquema cesárea agendada, leite artificial, chorar até dormir, colo não, embalo não (tá, esses eu ainda fiz um pouquinho), esquema militar de rotina para um bebê recém nascido (esse eu entrei de cabeça).
Daí eu comecei a ler sobre partos, não partos. Nossa! Que ridículo! As pessoas brigam por isso? Cada um na sua, vai. Amamentar, leite artificial? Nossa, nunca mamei e tô aqui, viva e saudável. Sobrevivi! :) E assim por diante.
Mas os textos borbulhavam em mim, linkavam, mostravam artigos, livros, depoimentos. E a informação abriu o véu sobre meus olhos. E um maravilhoso mundo novo, apesar de solitário, ao menos na vida real, se abriu para mim. E eu cresci, e mudei, e aprendi e tenho a chance de trabalhar culpas, sombras e aspectos da minha vida pessoal que teriam ficado largados enquanto eu sorriria para o mundo que me chamava de mãezinha!
E a filha nasceu, mamou, cresceu e vieram outros aspectos para se trabalhar. O cuidado, a alimentação, a atenção, o apego, a disciplina. Mas agora eu já estava sem o véu. E tudo ficou mais DIFÍCIL. E eu concluí no início da minha maternidade de dois que ser mãe é a coisa mais difícil da vida toda, de toda vida (já disse isso antes, eu sei)!
Não raras vezes eu quis bater a porta da responsabilidade às minhas costas e sair correndo, de preferência com marido, para uma praia deserta e que alguém, por favor, me desse aquela pílula que faz a gente esquecer tudo! Porque ir para uma praia deserta só com marido mas lembrando que os filhos ficaram em algum lugar, não é divertimento, né? Não nessa minha fase atual. Um dia será, mas não hoje.
Ter sob sua responsabilidade seres em formação é de uma carga tamanha que com certeza faz fraquejar qualquer um. Eu fraquejo todo dia! E é aí, nessa fraqueza, que mora o perigo, o perigo de delegar a outros uma responsabilidade que é minha (e do pai).
(Só a frase acima já me faz pensar muito e há pouco tempo ela vem ganhando variações. A responsabilidade da criação dos filhos é sim, em primeira instância, dos pais, mas também existe, ou deveria existir, uma responsabilidade que é da coletividade, tenha essa coletividade filhos ou não, queira-os essa coletividade, ou não. Mas isso fica para depois, outro momento, se um dia conseguir tempo para escrever.)
(Só a frase acima já me faz pensar muito e há pouco tempo ela vem ganhando variações. A responsabilidade da criação dos filhos é sim, em primeira instância, dos pais, mas também existe, ou deveria existir, uma responsabilidade que é da coletividade, tenha essa coletividade filhos ou não, queira-os essa coletividade, ou não. Mas isso fica para depois, outro momento, se um dia conseguir tempo para escrever.)
Obviamente não estou falando que não podemos aliviar a carga com a ajuda de outras pessoas, mas não podemos nos iludir: a responsabilidade de toda e qualquer coisa que aconteça com seu filho, é sua, é da mãe E do pai dos bacuri. Ainda mais se o resultado esperado não for satisfatório. Todos perguntarão: e onde estava a mãe desse menino/menina? Quase ninguém pergunta pelo pai, avó, tio, pediatra, professora, aiai.
Então, arregacemos as mangas, respiremos fundo e sigamos juntas, ainda que por caminhos diferentes!