Ela corre até a casinha com escorregador, depois do balanço, seu brinquedo preferido. Um bolinho de crianças se divide entre a escada e a prancha. Ela espera sua vez de subir e eu observo de longe, do banco, e não ao lado dela como antes. Ela já sabe subir, eu penso, já sabe. Não preciso ficar ali ao lado.
Lá de cima da casinha um menino de boné cospe nela. Ai, ela diz, isso é baba!, constata. Não pode babar!, avisa. O menino não obedece e cospe novamente. Ela não se abala, limpa a manga da blusa de lã e segue subindo. Ao passar por ele na casinha faz cara feia, mas não diz nada e se dirige para o escorregador. Senta faceira e escorrega sorridente, levantando os braços.
Observo com o coração na mão, mas me controlo. O pai não. Levanta e fica lá ao lado da casinha, não diz nada, mas sua presença anima outros pais que também ficam por ali. O menino de boné, intimidado pelos adultos em volta, para de cuspir.
...
Ela espera sua vez de subir as escadas. Sobe devagar, com cuidado, como eu ensinei. Lá de cima uma menina ruiva grita: Tú não pode subir! Desce! Ela grita de volta: Pode subir sim! É de todo mundo, tem que dividir! E segue subindo.
Não posso deixar de sorrir com orgulho.
Ela passa pela menina ruiva e sorri. Sem mágoas. A menina responde com uma cara feia, ela se dirige ao escorregador e senta. A menina grita com ela: anda logo! Ela olha para trás e não se intimida, escorrega quando se sente segura.
Lá embaixo espera a menina ruiva descer também. Sorri para ela e grita: vamos, vamos denovo! E sai correndo atrás da menina ruiva que nem um sorriso deu para ela. Deixa a menina subir na sua frente na escada. Lá de cima, a menina ruiva não grita mais que ela não pode subir.
Lá embaixo espera a menina ruiva descer também. Sorri para ela e grita: vamos, vamos denovo! E sai correndo atrás da menina ruiva que nem um sorriso deu para ela. Deixa a menina subir na sua frente na escada. Lá de cima, a menina ruiva não grita mais que ela não pode subir.
...
Sentamos com os baldes e pazinhas num pedaço de sol na areia da pracinha. Vejo um menino olhando. Incentivo para que ela convide o menino para brincar. Ela faz a dança da aproximação, depois de alguns minutos convida. O menino não responde. A mãe dele reclama, diz que ele é um bicho do mato.
Ela volta para onde estou sentada e brinca mais um pouco. O menino segue olhando. Deve ser a minha presença, penso. Digo a ela que leve as pazinhas para perto do amiguinho, para brincar com ele. Ela vai, animada. O menino olha, mas continua mudo e quieto. Ele não quer brincar, ela me diz.
Ela volta para onde estou sentada e brinca mais um pouco. O menino segue olhando. Deve ser a minha presença, penso. Digo a ela que leve as pazinhas para perto do amiguinho, para brincar com ele. Ela vai, animada. O menino olha, mas continua mudo e quieto. Ele não quer brincar, ela me diz.
Olho para o menino e lembro de mim. Eu também precisava de tempo para me habituar aos lugares, às pessoas. Mas os adultos tem pressa. Ele vai brincar quando se sentir à vontade, filha.
Alguns minutos depois eles estão correndo e pulando. Jogam bola. As pazinhas ficaram esquecidas no canto. Não era a brincadeira certa.
Alguns minutos depois eles estão correndo e pulando. Jogam bola. As pazinhas ficaram esquecidas no canto. Não era a brincadeira certa.