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Coelhinho da páscoa, que trazes prá mim?
- Cestinhas, palhinhas, chocolates sem fim!
Coelhinho da páscoa, que cor eles têm?
- Azul de menino, vermelho não tem!
- Rosa de menina e lilás também!
Passada a euforia da páscoa, onde as cestinhas ganhas foram guardadas debaixo dos bracinhos de maneira a garantir o direito de usufruir sem restrições o conteúdo das mesmas, eu e marido conseguimos contabilizar o tamanho do prejuízo chocolatístico do ano.
É muito chocolate! Eu, quando criança, nunca vi tanto chocolate junto! E meus filhos tem 3 e 1 ano. Eu enchi um saco plástico daqueles de 5 litros com ovinhos, ovões e bombons de chocolate que os dois ganharam. Enchi outro saco de 3 litros com balinhas mil, paçoquinhas, arrozinhos, mandolates e afins. Este último saco eu trouxe para o trabalho sem que a Ísis percebesse, porque entre os doces eu ainda prefiro que ela coma chocolate. Os ovinhos de chocolate serão liberados lentamente aos finais de semana e os ovões farão parte de receitas culinarísticas desta que vos escreve. Acho que tem chocolate para o ano todo...
Este ano pedimos um pouco de parcimônia para o coelhinho, mas ele é bonachão e não nos ouviu. Até para os adultos sobraram chocolates mil. Todos devidamente guardados e já separados para receitas do meu Larousse do Chocolate.
Não sei o que acontece hoje, mas é uma festança do chocolate. E dos preços abusivos em forma de ovos recheados com brinquedos. As crianças amam? Claro que sim! Mas a pulguinha do consumo desenfreado fica martelando na minha mente.
Eu tenho muito carinho pelas minhas páscoas infantis, mas eu não me lembro de um único ovo ganho. Eu gostava de ganhar os chocolates? Amava! Ainda mais que na minha infância chocolate era algo raro e a páscoa tinha essa função na vida da gente: dar aquele up chocolatístico. E mesmo assim não ganhávamos nem a metade do que meus filhos, eu e marido ganhamos na última páscoa.
Esse é um assunto que me intriga: quando eu era criança os doces e chocolates eram super restritos e todos os adultos eram unânimes em afirmar que doce demais fazia mal, estragava os dentes e ainda dava lombriga! Hoje sabemos de tudo isso e muito mais! Por que insistimos em encher as crianças de doces e chocolates?
Claro que o chocolate é o xodó da criançada (e de muito adulto também!). Marido lembra até hoje de uma páscoa em que ele economizara para comprar um sino de chocolate maciço, foi uma páscoa farta! E lembra de outra em que os vizinhos deram ovos para ele e os irmãos. Mas ao todo eles não ganharam mais que 2 ou 3 ovinhos 15 cada um. Foram duas páscoas assim. Memoráveis pelo chocolate!
Das páscoas eu me lembro das cestas que ganhava da minha madrinha, sempre tão lindas! E eu adorava os ovos (de verdade) que ela pintava e recheava com amendoim doce. Hoje os ovos pintados são de plástico e tem um cheiro futum pior que os de verdade, o que impede uma degustação mais apurada de seu conteúdo.
No mais as páscoas era legais pelo feriado e pelo encontro com os avós, tios e primos. As brincadeiras da infância, as conversas e desabafos da adolescência... Como era bom!
Este é o tipo de coisa de que a gente sempre se lembra e cada vez mais eu chego à conclusão de que o que fica como lembrança não são os ovos ganhos, seu conteúdo, seu sabor, ainda que uma ou outra páscoa tenha ficado guardada na memória por isso, mas as experiências e emoções vividas.
Quem sabe daqui uns anos meus filhos lembrarão das brincadeiras com os primos, dos almoços cheios de folias e confusões na casa dos avós? Torço por isso!
Então, Coelhinho, na próxima páscoa, não traga tantos doces e chocolates, mas permita que a gente sempre esteja junto dos que ama.
Coelhinho da páscoa, que trazes prá mim?
- Brincadeiras, risadas, confusões sem fim!
Coelhinho da páscoa e onde é que tem?
- Com os avós, os titios e o priminho também!
:)